Curta Paranagua 2024

O Banqueiro

No fim, a cor verde é a que importa!

Por Fabricio Duque

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O Banqueiro

O novo filme de produção original da Apple TV, “O Banqueiro” (2020), tematiza a histórica questão racial, pautando-se na superação existencial e profissional dos negros em meio a um sistema de brancos, que os impedem de acesso ao sonho americano. Dirigido por George Nolfi (de “Os Agentes do Destino”, “A Origem do Dragão”), o longa-metragem busca assemelhar sua narrativa a obras do gênero, como por exemplo, “Estrelas Além do Tempo”, “À Procura da Felicidade”, “Green Book – O Guia”, “Selma – Uma Luta Pela Igualdade” e “Loving“. Em especial, “O Sol Tornará a Brilhar”, de Daniel Petrie, com Sidney Poitier.  E com um que de “Infiltrado na Klan”, de Spike Lee. Todos constroem uma caminho de provas e expiações para confrontar as personagens de que a passagem não é impossível. Só basta perspicácia, inteligência, bom humor e humildade para completar o “jogo” do sucesso.   

“O Banqueiro” nos mostra que um roteiro afiado e espirituoso pode obter um resultado mais convincente que apenas pela histeria de um discurso de efeito. E sempre com “confiança impressionante”. A edição equilibra emoção naturalista e ação-planejamento, à moda de “Onze Homens e um Segredo”. Aqui, humaniza-se o próprio querer, que quanto mais difícil, logicamente, mais trabalho é requerido. O filme é também uma viagem temporal a uma época inimiga. “Você nasceu com a cor errada”, diz um pai a seu filho negro, corroborando a força realista-sentimental dos diálogos, após saber que a criança, um “gênio”, “espionava anotando” ideias financeiras de adultos brancos. Mas que aceita a mudança é necessária e urgente. Em 1939 no Texas.

E/ou quando ouve o cuidado de não “fazer de exemplo”. Em 1965 em Washington. E/ou quando a esposa acredita que o marido possa vencer. No meio termo em 1954, em Los Angeles. Três tempos distantes, mas não tanto progressistas. Sim, uma ferida que nunca se cicatrizará e sonhos que na maioria das vezes ficarão na seara do sonhar. É inevitável não recorremos a pergunta questionadora: Por que? O que faz uma cor ser poderosa ou submissa? O que assistimos é um homem que não grita, mas também não abaixa a cabeça. E se precisar ser “vigarista” para que alguns portas seja abertas… Os fins sempre justificam os meios, não é?

Qual o problema de ser um agente imobiliário negro vendendo áreas delimitadas brancas a famílias negras? É uma história real, de pessoas que fizeram a diferença e “bagunçaram” com êxito a ordem social. “O Banqueiro”, ainda que mais revolucionário, mantém a padronização de ser um filme família de negros para negros, discursando com orgulho sobre Abraham Lincoln que nasceu em uma cabana e foi presidente dos Estados Unidos. Mas se auto-desconstrói com o jazz orgânico e vivo de um clube Plantation.

Sim, nós somos imersos em uma experiência costura de absoluto controle entre maestrias e gatilhos comuns, como tentar espontaneidade com cômicos alívios constrangedores, advindos de um Samuel L. Jackson sendo Samuel L. Jackson, o empresário afro-americano Joe Morris, que se une a Bernard Garrett (o ator Anthony Mackie), mas que para fugir do racismo explícito e da intimidação agressiva dos policiais, “contratam” o jovem Matt (Nicholas Hoult), meio “burrinho”, como chefe “laranja”, que só se importa com a “cor verde” do dólar.

Assim, os dois “sócios” trocam vivências, transformações e “diferentes tipos de conselhos”. Orgulhos “engolidos” em prol da missão. Primeiro o “apagamento”, depois o brilho do respeito. E não só agir por “raiva”, mas com esperteza. A solução é aplicar a inteligência e toda sagacidade da sobrevivência. O plano: “misturar” negros e brancos.  E ganhar territórios pelo poder da persuasão. Entre conflitos, quedas, “brancos congelados” e manter a “cabeça sempre abaixada” para subir.

Tudo para conseguir a merecida “fatia de mercado” da vida, ao som da música “Childwood”, de Ray Charles, e pedir desculpas ao filho por mostrá-lo bebedores separados por cores e/ou o engraxate negro que só “atende brancos”. Então novas decisões são tomadas, baseadas em orgulho e raiva. Novas reviravoltas, complicações, espaços políticos, fraudes, práticas inseguras, quedas e a música “Place in the Sun”, de Steve Wonder, acontecem no mar de “peixes brabos”. “O Banqueiro” é sobre a obrigação de se reerguer e se superar a cada dia. Pelo estudo, planejamento, perspicácia, serenidade e foco, não há como não se chegar ao sol. Uma auto-ajuda que com tempero certo e tempo dá um saboroso e sustentável caldo. Não pague ao homem. Seja o homem!

3 Nota do Crítico 5 1

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