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Love, Dad

Ausências e imaginações

Por Vitor Velloso

Durante o Festival de Locarno 2021

Love, Dad

“Love, Dad” de Diana Cam Van Nguyen possui uma série de ideias promissoras que fisgam o espectador rapidamente nos primeiros minutos. A estrutura de colagens e stop-motions consegue hipnotizar os movimentos iniciais para gerar um dinamismo nessa memória que vai se materializando diante do espectador, sem um freio sentimental que faça o ritmo ser interrompido constantemente. O trunfo da linguagem é contar com as representações a partir das ausências, demonstrando na prática o que é a saudade e como esse sentimento vai tomando conta de tudo ciclicamente.

Porém, da mesma forma que isso gera uma engrenagem interessante, desconstrói a própria ideia dos espaços ali trabalhados. Em determinado momento ela diz que esse traço cultural “ela não aceita”, mas as paisagens políticas (com o perdão da digressão conceitual) estão em constante suspensão, sem uma identificação imediata. Está certo que o centro dessa estrutura são as pessoas e a obra funciona em torno dessa presença, contudo, quando amplia rapidamente o espectro para lembrar de uma mudança nessa relação, decide excluir os espaços, colocando-se, inclusive, no centro da objetiva em completa neutralidade.

Essas escolhas acabam comprometendo a construção de uma empatia mais sólida, apostando demais na ligação subjetiva que a narrativa pode conseguir com alguém. “Love, Dad” é um exemplo-síntese de curtas que rodam o globo por uma idealização internacionalizante. Algumas tomadas até conseguem o efeito esperado, de um sentimento labiríntico de vazio, um exemplo disso é a cena na cozinha, que em movimentos circulares e poucos cortes consegue um efeito pragmático no recorte de um período, mas parece sempre estar construindo um apêndice de efeito para a catarse final, onde um rompimento é necessário. Os deslocamentos das memórias para uma imaginação que tente cumprir esse vazio é particularmente sincera. Mas nesse jogo de expectativas e relações as coisas acabam ficando um pouco enfadonhas. De toda forma, é um curta-metragem que propõe uma honestidade diante do público, abrindo algumas feridas e tentando fechá-las da maneira que é possível.

3 Nota do Crítico 5 1

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