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Hotel Transilvânia: Transformonstrão

A recaída final

Por Vitor Velloso

Amazon Prime Video

Hotel Transilvânia: Transformonstrão

Com o lançamento do mais novo filme da franquia, os fãs poderão confirmar que ao passar dos anos a série de longas tornou-se cada vez mais programática e menos interessante. “Hotel Transilvânia: Transformonstrão”, de Derek Drymon e Jennifer Kluska, é uma obra que trabalha com as mesmas temáticas dos demais, tanto na percepção da importância familiar, como com uma certa diversidade necessária na relação entre monstros e humanos.

Aqui, o elemento da troca, exposto na sinopse, onde parte dos monstros tornam-se humanos e Johnny se vê enrascado com a necessidade de tornar-se humano novamente antes que seja tarde demais, é o que sustenta uma narrativa que não consegue se encontrar fora dos clichês. Se por um lado é interessante a maneira como existe um afunilamento na representação dos personagens, por outro, essa caracterização é feita com uma série de preconceitos agressivos com a América Latina. A localização marcada no mapa de Van Helsing claramente indica o centro-oeste brasileiro, mas no universo de “Hotel Transilvânia: Transformonstrão” a região fala espanhol, possui uma densa floresta que esconde os animais mais exóticos do planeta. Esse retrato acaba incomodando ao longo da projeção, especialmente para um público que já está saturado de representações deste nível.

Ainda assim, os poucos momentos em que o filme consegue funcionar para além da surpresa inicial envolvendo essas trocas, dependem diretamente de uma dinâmica entre os protagonistas, que fica em um ciclo de questões repetitivas, tratando de suas diferenças, de seus amores e da aventura que estão vivendo. Essa fórmula rapidamente se desgasta e torna toda a construção dramática em algo excessivamente previsível até mesmo nos diálogos, que passam a seguir uma cartilha de como apresentar os conflitos com os mesmos recursos clichês de toda a franquia e outros longas de animação. Assim, conforme a projeção avança, a sensação é de um filme que se repete exaustivamente, até mesmo nas investidas humorísticas. Não por acaso, quando chegamos à reta final todo o arco dos personagens já se esgotou e apenas o entretenimento visual, uma certa sedução imagética, consegue surtir efeito diante de um arrastado desenvolvimento.

Se por um lado a construção dessa aventura é frágil na caracterização dos personagens e problemática na representação da América Latina, “Hotel Transilvânia: Transformonstrão” é capaz de utilizar de forma instigante sua animação, provocando uma série de sequências visualmente divertidas, especialmente na última cena de aventura. Porém, a caricatura da própria franquia, referenciando aos outros filmes, acaba se tornando um desgaste da própria imagem, que vai perdendo sentido em tentativas de modificar as réplicas através do recurso narrativo que inicia a aventura. Mas o recurso rapidamente se esvai e demonstra a limitação da franquia em encontrar um novo ar para a nova produção. O sentimento é cada vez mais notório com o passar dos anos, o primeiro conquistou através do carisma, o segundo perdeu força mas mantinha algum brilho, o terceiro procurou introduzir novos elementos que retirassem alguns estigmas dos personagens e o quarto apelou para um humor que só funciona na surpresa inicial.

O possível fim da série, que aproxima do desfecho de “Como Treinar seu Dragão” e a semelhança da queda de algo que foi capaz de conquistar o público mas perdeu o brilho na própria fórmula. Mas se “Hotel Transilvânia: Transformonstrão” pode ter perdido com a saída de Adam Sandler na voz do Conde Drácula, esse não foi o fator decisivo para que existisse um fracasso aqui. A mudança na direção e a saturação das ideias, culminou em um resultado bastante decepcionante diante de algumas boas ideias que foram introduzidas no roteiro. Novamente, essa modificação na ideia por trás dos personagens, já presente no título, é um pontapé inicial que ganha vida na divertida ação do universo, porém não encontra um tom sólido para sustentar quase uma hora e meia de produção. Talvez um especial para o streaming fosse um formato mais desejável.

2 Nota do Crítico 5 1

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