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Estranho Passageiro – Sputnik

O espaço e seus clichês

Por Vitor Velloso

Estranho Passageiro – Sputnik

O esquema “Alien”, “Life” e todos os extraterrestres que atazanam a vida dos que decidem se meter no espaço, retorna em “Estranho Passageiro – Sputnik” de Egor Abramenko que transa em diferentes reverências no cinema industrial.

O longa se utiliza dos clichês e arquétipos pré-concebidos para estruturar uma consciência do horror e da ficção científica a partir de uma trama terrestre, com salpicadas de pano de fundo político e umas tentativas desesperadas no campo expositivo, que une a fotografia vermelha e fortes contrastes, com uma trilha sonora previsível.

Vertiginosamente os problemas de “Estranho Passageiro – Sputnik” (2020) consistem nos grandes vácuos narrativos presentes na obra, que a tornam tediosa e desinteressante à medida que a projeção ganha rodagem. O barato é tão previsível que o espectador consegue perceber possíveis jump scares, a fotografia que será utilizada na cena seguinte, os cortes e movimentos de câmera, que até podem ajudar a articular sua narrativa, mas acabam servindo como muleta para uma construção que se vê respaldada pela indústria norte-americana.

Sem grandes firulas formais, os passos são marcados a partir do favorecimento de uma suposta “atmosfera” de suspense, que norteia a obra para um sufocamento de expectativas e inércias. Contudo, os esforços estão sempre se aliando com as piores forças reacionárias em uma pressuposto político contrarrevolucionário, uma decadência moral que atinge todos os nichos industriais que decidem assumir críticas diretas ao que compreendem por slogan. Vejam o caso de Ozil…

Os protótipos de “Alien” seguem sofrendo com a falta de consciência em concatenar suas ideias às construções através da linguagem, tendo a montagem como a gênese rítmica desse processo. O barato aqui é tão arrastado que o mais assíduo fã do gênero pode vir a dialogar com alguns descansos na vista, pois “Estranho Passageiro – Sputnik” não apenas desconhece um caminho que gere curiosidade com sua narrativa, como é incapaz de transformar um saco de clichês em um fuzuê de sangue, morte e criaturas nojentas. O que ao menos poderia agradar o público mais fã desse balaio todo.

E se em algum momento desperta o interesse pela verve da ficção científica, erra a mão nas investidas formulescas na construção e desvirtua seus esforços em mais lentidão desnecessária. Essa é a grande tônica do filme, um gasto de tempo excessivo em cenas que não alavancam a narrativa e comprometem o todo em favor de um protótipo de “filme B” que sonha alcançar os grandes orçamentos. É uma espécie de “filme-trampolim” para mostrar que o cineasta é capaz de realizar algo comercial com pouco recurso. Porém, as fragilidades vêm a tona e as necessidades de uma narrativa que se compreende em arquétipos, passam a bambear diante de ambições que esbarram em conjunturas independentes de ações da produção.

Cinematografia que se resume ao blasé da indústria, sempre se esforçando para ser o “bem-feito”. Montagem que horizontaliza sua trama para assimilar uma espécie de cadência do processo. Interpretações ditadas pela necessidade do lucro e exposição da situação. E roteiro de muitas aspirações e inspirações, com ofuscamento das próprias referências. Leva “Estranho Passageiro – Sputnik” ao limbo das produções que serão esquecidas ao longo do ano.

O cinema comercial russo segue polarizando os investimentos em campos distintos de atuação, sempre com o intuito de aproximação da engrenagem da indústria cultural norte-americana, vivendo às sombras dos louros que um dia puderam exibir e ruminando uma nostalgia política que culmina na representação barata de um mundo que fez simbiose ideológica e econômica. Resultado da equação sempre será um conservadorismo velado, em frentes morais importadas.

Com isso, o Brasil é o monumento da distribuição atravessada, dos projetos que culminaram no fracasso tacanho dos protótipos industriais e se torna um grande representante do descarte comercial. O mês de Janeiro, conhecido por suas deficiências qualitativas, não se deixa abalar e segue fazendo jus ao apelido.

“Estranho Passageiro – Sputnik” não é um desastre completo por compreender que o caminho que deseja seguir, está longe da criação, mas é uma fragilidade retumbante para um esforço que se soma ao longo dos anos e segue pouco frutífero. O solo mais fértil das cifras nacionais e internacionais segue sendo a réplica do modelo de negócio e produção.

2 Nota do Crítico 5 1

Conteúdo Adicional

Pix Vertentes do Cinema

  • Comecei a ler a crítica, interessado em ver o filme. Mas é um texto prolixo, rebuscado e acima de tudo chato. Não consegui terminar de ler.
    Na próxima, escreva de forma concisa e objetiva!

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