A Empregada

Ficha Técnica

Direção: Im Sang-Soo
Roteiro: Im Sang-soo
Elenco: Jeon Do-youn, Lee Jung-jae, Youn Yuh-jung, Seo Woo, Ahn Seo-hyun
Fotografia: Lee Hyung-deok
Montagem: Lee Eun-soo
Música: Kim Hong-jip
País: Coréia do Sul
Ano: 2010
Duração: 106 minutos

A opinião

O cinema coreano mostra competência a cada trabalho. Há o equilíbrio entre a parte técnica, o roteiro e a conservação da narrativa. Busca-se o realismo interno do personagem, criando a sinestesia ao espectador. “A empregada” segue o ritmo natural, sendo ágil sem correr. Não se ultrapassa o limite do aprofundamento necessária, da raiva guardada, da espera vingativa, da artimanha manipuladora. A quebra não acontece, mantém-se constante, mesmo com elementos diretos, como a cena de sexo “pornô poética”. Os planos longos e travellings (cameras andando para cima e ou para os lados) são recorrentes, mas também não ultrapassam a zona cinematográfica limítrofe. Há o contraste da metáfora. A elegância da ópera de Maria Callas “La mamma morta”, as sessões de Beethoven no piano, a leitura de “Segundo sexo”, de Simone de Beauvoir, as banheiras em cima de pedras (bases estruturais), a perfeita combinação do prato dos alimentos, a prepotência social, o dinheiro como mote para a felicidade, tudo isso mascara o que o ser humano é. Esconde-se a sordidez que deseja ser pura. Porém quando a simplicidade e a dita pureza real é concreta, na figura de uma nova empregada, o desejo do patrão pulula nele mesmo, e por causa de seu dinheiro, acha que pode comprar até isso. “Ele te chama de patroa?”, pergunta-se. A governanta quer ser a figura principal da casa, e vê na nova funcionária uma ameaça. É uma família rica coreana vivendo a estética de uma sociedade hipócrita. A frieza deles é compreensível e aceitável.

A sutileza está nos detalhes. A transformação da expressão facial é fantástica. O contraste está quando a música clássica vem de uma mídia digital em uma caixa de som moderna. Há a releitura da figura da traição e do posicionamento da classe social. O ser humano, quando se encontra acuado, luta com todas as armas possíveis, incluindo as assassinas. A mensagem que fica é mesmo com todo dinheiro, o individuo sempre será ele mesmo. “O dinheiro é conveniente para eles e não faz mal algum a nós”, diz-se. Repare a cena que a governanta está no meio de duas cadeiras, inferindo a um pendulo. “Essa casa é assustadora”, diz-se. O final surta utilizando a epifania surreal do exagero e termina a conclusão de todo o filme no enquadramento transversal do olhar da menina, que servirá de elemento de salvação e redenção para esta família. Fantástico.

A Sinopse

Lee Eun-yi é recrutada por Byung-sik, governanta de uma milionária mansão burguesa, para trabalhar como babá e empregada. No moderno e luxuoso ambiente, moram o executivo Hoon, sua esposa Hae-ra, que está grávida, e sua filha pequena. Eun-yi é recebida respeitosamente, mas quando Hoon instaura um forte jogo de sedução e a transforma em sua amante, os humores da casa se alteram. Pouco depois, Hae-ra descobre que Eun-yi está grávida e inicia junto com sua mãe uma conspiração para eliminar a ameaça. Refilmagem da obra homônima de Kim Ki-young, de 1960. Festival de Cannes 2010.

O Diretor

Nasceu em 1962, em Seul. Estudou Sociologia antes de ingressar na Academia Coreana de Cinema em 1989. Dirigiu seu primeiro longa em 1998, Girls’ Night Out. Em 2003 concorreu ao Leão de Ouro em Veneza com Uma Mulher Coreana, exibido no Festival do Rio. Ganhou o prêmio Lino Brocka do Festival Cinemanila por A Última Transa do Presidente (2005), selecionado para a Quinzena dos Realizadores e também exibido no Festival do Rio.

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