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Crítica: Uma Família de Dois

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Amanhã, caso chova eu assisto!

Por Marcus Teixeira


ZzzzzZZZZZzzzzz Calma! Não foi nenhum erro de digitação. Esta é apenas uma maneira deste crítico, iniciante (importante dizer), falar sobre o filme: Uma família de Dois. Mas espere, isso também não quer dizer que o filme é ruim! Apenas quis fazer uma crítica ao enredo.

Filmes que retratam a história de solteirões, convictos, que transformam suas vidas com a paternidade, nem sempre desejada, não é nenhuma novidade. Em 1984, “A filha dos trapalhões” já abordava a questão de homens solteiros criando uma criança abandonada.

Lançado em dezembro de 2016, na França, com o título original “Demain tout commence” (Amanhã tudo começa), o longa foi um grande sucesso de bilheteria no país. Com mais de três milhões de espectadores, tornou-se a segundo maior sucesso francês do ano. Esta comédia francesa, dirigida por Hugo Gelín, dosa riso e drama, vivido pelos personagens, de maneira sensível e por vezes clichê.

Em “Uma família de Dois” a história se repete. O solteiro da vé é defendido pelo ator Omar Sy, Samuel. Acostumado com uma vida sem grandes responsabilidades, tem a sua vida transformada com a retorno de Kristin (Clemence Poesy) uma ex namorada, de quem ele sequer lembrava, que após um ano, retorna ao Sul da França, com a filha Glória, de três meses.

Rejeitando a maternidade, Kristin, abandona o bebê com Samuel e foge para viver uma vida longe da responsabilidade materna. Julgando-se incapaz de criar a filha, Samuel, parte para Londres e tenta de todas as maneiras localizar a mãe da criança. Porém, sem sucesso, tem de encarar um novo desafio: Criar sua filha.

Ao conhecer Gloria, Sam, a princípio rejeita a ideia da paternidade, abrir mão de sua liberdade não parece ser algo atraente para o, carismático, personagem. Mas a falta de opção, e a empatia com a menina, acabam transformando o personagem em um grande pai. Capaz das maiores invencionices para fazer a filha feliz.
Passados oito anos, já familiarizados com uma rotina de faltas na escola, idas ao trabalho do pai e “subornos” a diretora da escola da filha, Samuel e Gloria se deparam com uma nova realidade, a volta de Kristin, agora disposta a recuperar o tempo perdido ao lado da filha.

As atuações do filme são convincentes. Antonie Bertrand (Bernie), Gloria Calston, Omar Sy e Clemence Poesy, fazem saltar aos olhos suas frases, olhares, risos e expressões. O ponto fora da curva, fica por conta de Ashley Waters no papel de Lowell, não por ter feito um trabalho ruim, mas por defender um personagem que pouco, ou nada, agrega a história.

A direção de fotografia de Nicolas Massart, é outro destaque positivo, o diretor consegue nos transportar para dentro de Londres, trazendo ângulos novos, para um cenário já tão visto. Os grafites, as luzes e as construções góticas, estão lá representando a capital da Inglaterra e dando um brilho a mais ao filme.
Em tempos que questões como empoderamento da mulher, ganham notoriedade no cinema, na mídia e na sociedade, que reverbera frases como “Meu corpo, minhas regras”, a decisão de não criar uma filha ainda deveria nos chocar? O fato de uma mulher não se sentir preparada para assumir o papel maternal, de educadora, ainda deveria nos causar estranhamento?

A chegada de Kristin, não a faz vilã, ou uma antagonista. Ao contrário, sua chegada, propõe discutir os valores que títulos como “pai” e “mãe” significam para a sociedade. Quais são os direitos paternais? Ou melhor, de quem são os direitos paternais? Daqueles que geram ou os daqueles que criam? Contudo, esta questão não é aprofundada no filme. Isso causa uma ideia de que, este tema é abordado, apenas para compor o enredo.

Essas perguntas não serão respondidas no filme, infelizmente. Apenas as levantei por acreditar que, mesmo vivendo em um século, onde mulheres “podem fazer o que desejam”, rejeitar a maternidade ainda nos causa tamanha rejeição. O pai, este pode não estar preparado, mas a mãe? Esta pode não estar?

O filme poderia se aprofundar em diversas questões, mas preferiu abordar de forma superficial, questões mais densas, que poderiam render mais que cenas de danças ou alguns diálogos mais rasos, sem profundidade ou graça, como o gênero da comédia propõe. Contudo é importante destacar que o filme cumpre bem o papel o do entretenimento. Faz rir, emociona, um pouco clichê, mas sem dúvida, um bom filme para assistir em um dia chuvoso e só.

2 Nota do Crítico 5 1

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