Madonna
Por Fabricio Duque
Direto do Festival de Cannes 2015

“Madonna”, de Shin Su-won (de “Pluto”), exibido na competição da mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes 2015, corrobora a estrutura realista e violenta do novo cinema asiático da Coreia do Sul. Logo no início, uma mulher morta é enquadrada próxima a um rio. Em outra cena, um trabalho em uma área vip de um hospital para ricos. E então, o tema é apresentado: “poderosos dominando os mais fracos”. Uma luta de classes que inclui a mulher como um objeto sexual – tendo que satisfazer aos que possuem dinheiro. Há algo de “Preciosa”, filme indicado ao Oscar, um sentimentalismo óbvio hiper-dimensionado pela música, pelos diálogos, pelo dedo do enfermo mexendo e ou pelo olhar do “poderoso” à enfermeira quando faz sexo com outra. Há também uma paciente grávida, um perfume Channel de presente e a frase “Eu acredito nos seus olhos”. O roteiro praticamente busca o cliché como direcionamento assumido. Aos poucos, descobre-se a vida desta paciente. A crueldade natural, o cigano no braço, a “rainha do boquete”, as alucinações, as punições quando era pequena, a mãe pobre, o bullying na escola. Entendemos o porque de seu nome e das pequenas vinganças fisiológicas. A vida “mostra” o lado sádico e a transforma em meretriz, mesmo sendo uma “gorda-feia fora dos padrões”. Há violência, defesa, traição, vingança, estupro, libertação, culpa e liberdade. Trocando em miúdos, “super leve”. Sarcasmos à parte, mesmo com toda carga dramática da história, o “choque” objetivado soa na verdade uma gratuidade visual cinematográfica. Não que “Madonna” seja um filme ruim, não é isso, o que incomoda é exacerbar o já “over” apresentado.
Realizada inicialmente em 21/05/2015 e complementada em 24/09/2015.
2 Nota do Crítico 5 1

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