Reprise Mostra Campos do Jordao

Enquanto Somos Jovens

Instantes saudosistas e a atualidade pragmática

Por Fabricio Duque

Festival de Toronto 2014

Enquanto Somos Jovens

“Enquanto Somos Jovens” é o novo filme do queridinho diretor americano Noah Baumbach, que se utiliza da nostalgia de memória afetiva ao confrontar passado e presente, criando paralelos por objetos característicos de uma época e deslocados a outra. Com seu “jeito” independente, ele já realizou “Frances Ha”, “O Solteirão”, “A Lula e a Baleia”, “Margot e o Casamento” e foi roteirista de “A Vida Marinha com Steve Zissou”, de Wes Anderson, este indicativo de mais uma de suas características: a estranheza personificada em credibilidade cotidiana. Ao trazer o estilo cultural “desatualizado” à contemporaneidade, o roteiro “brinca” com tendências, hábitos e modas que foram se adequando ao passar do tempo, como por exemplo, “a vida antes das redes sociais”, os discos em vinil, não “procurar” no Google “algo” que não é lembrado.

É inquestionável que a premissa é interessante, mas recai no clichê do próprio clichê, quando se utiliza do “oportunismo” narrativo a fim de “mascarar” a intenção de tentar não “indicar” o óbvio. Só que o resultado se apresenta invertido, soando hipocritamente manipulador de uma preguiça ingênua. Trocando em miúdos, “Enquanto Somos Jovens” usa a caricatura do espaço comportamental em que vivemos, apropriando-se como autoral e único de um saudosismo incompatível, principalmente por “querer” (mais uma pretensão “almejada”) a representação estrutural cinematográfica de Woody Allen (pelos diálogos sem trilha sonora e edição por detalhes das ações sistemáticas, cotidianas e banais do ser humano). Talvez, a máxima autoajuda de que “devemos deixar o passado no próprio passado” seja a alternativa mais viável e mais corajosa. Retratá-lo sim, porém sem o objetivo de “gastá-lo” com paralelismos e com “motivos invocados como subterfúgios”.

Concluindo, “Enquanto Somos Jovens” é um filme de momentos, de instantes saudosistas versus atualidade pragmática (e de sensibilidade conflituosa – visto que a tão sonhada liberdade “guerreada” “voltou à caverna”), estimulando a memória palatável e “histórica” de cada um que viveu o passado não muito distante e que agora “sobrevive” nos intermináveis “upgrades” da vida moderna e com suas recorrentes metalinguagem.

3 Nota do Crítico 5 1

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