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Crítica: Elefante Branco (Elefante Blanco)

A Utilidade Pública de Trapero, Que Transforma Realidade em Arte

Por Fabricio Duque

“Elefante Branco”. O diretor argentino Pablo Trapero (de “Leonora”, “Abutres”, Nascido e Criado”, “Família Rodante”, “Do outro lado da lei”) está de volta. Mais afiado do que nunca, conservando as características de seu cinema extremamente realista. A câmera participa da ação apresentada, quase documental, tornando-se um importante coadjuvante. Sem ela não há história. É inegável não se afetar com o tema abordado. O espectador sente desconforto, não por causa de um filme ruim, mas sim pela sua excelência de transpassar à tela todo calvário de um padre que deseja ajudar, com as próprias mãos, uma comunidade localizada numa favela. Será este o papel da igreja? Ser mais que sacerdócio? As respostas são inseridas procurando a opinião de quem assiste. O cineasta Walter Salles (de “Na Estrada”) resume de forma incisiva o estilo cinematográfico de Trapero, dizendo “Trapero desenvolveu uma escrita única e pessoal. Seu olhar não julga. Mostra e revela”. É exatamente isso, que ele faz narrativa de construção com elipses, silêncios, metáforas (como o nome do filme, por exemplo), chuvas temporais e um exacerbado toque visceral (tiros, confrontos, feridas). Há humanização e quebra de paradigmas. Padres que fumam, bebem e falam palavrões (assim ficam mais próximo dos próprios habitantes) demonstram que não se deve evangelizar o que se tem, mas sim fornecer ajuda e respeito. A trajetória não é fácil. Problemas com tráfico, drogas, polícia, políticos e com a própria igreja. E convoca um excelente time de atores protagonistas, Ricardo Darin (de “O Segredo dos Olhos”, “Filho da Noiva”), Jérémie Renier (“My Way, O mito Além da Música”, “O Garoto de Bicicleta”) e Martina Gusman (esposa do diretor e atriz de quase todos os filmes realizados por ele), sem se permitir esquecer dos outros do elenco de apoio, que vivenciam intensamente o papel, entregando-se sem ressalvas e limites. Os protagonistas tentam de todas as formas, procurando nos próprios sentidos e propósitos a resolução dos percalços do caminho.. O longa-metragem é muito bom, pois “obriga” (no melhor sentido) a imersão do espectador, quase o aprisionando, sem a opção de “pedir para sair”. Imperdível.

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