Mostra LC Barreto de Curtas 2024

Crítica: Deixa Ela Entrar

Ficha Técnica

Diretor: Tomas Alfredson
Elenco: Kåre Hedebrant, Lina Leandersson, Per Ragnar, Henrik Dahl, Karin Bergquist, Peter Carlberg, Ika Nord.
Produção: Carl Molinder, John Nordling
Roteiro: John Ajvide Lindqvist
Fotografia: Hoyte Van Hoytema
Distribuidora: Filmes da Mostra
País: Suécia
Ano: 2008


A Naturalidade do Universo Vampiresco

Por Fabricio Duque


A Suécia é um excelente cenário para se fazer um filme sobre vampiros. Há a neve que ajuda a ambientar, com sua fotografia de cor fria e seca, e criar um meio frio e introspectivo. O diretor da vez realizou o seu com uma produção barata e inteligente. O universo vampiresco não é apresentado de forma convencional, porque não é um filme sobre isso, e sim com personagens que o complementam.

A narrativa espera, com uma estranheza que faz lembrar Ingmar Bergman, descreve de dentro para fora, e aborda a vida de um lugarejo e a forma existencial de uma vampira de doze anos, mostrando a sua solidão e a imoralidade da sobrevivência. O silêncio e o tempo são apresentados internamente, aprofundando os sentimentos dos personagens.

A história é ambientada no subúrbio de Estocolmo, em 1982. Oskar (Kåre Hedebrant), um frágil garoto de 12 anos sempre atormentado pelos colegas de escola, sonha com vingança. Ele apaixona-se por Eli (Lina Leandersson), garota bonita e peculiar que, aparentemente, é uma vampira, já que não suporta o sol ou a comida. Eli dá a Oskar força para lutar, mas o menino é colocado frente a um impasse quando percebe que ela precisa beber o sangue de outros para sobreviver: até onde pode o amor perdoar?

Abstraindo alguns elementos exagerados como os ataques que explicam o que um ser das trevas pode fazer, necessário neste tipo de gênero, o longa é interessante e extremamente bem feito. Não há julgamento do próprio roteiro, apenas dos que o permeiam. Dessa forma humaniza a figura fantasiosa, transformando-a em real e paupável. Não é um filme de terror e não causa medo, nem tensão. Por isso é ótimo. A apelação e a manipulação pretensiosa não existem.

A câmera ora distante para ocultar o que precisava ser visto, ora perto para ratificar o que se está vendo é mágica, percebendo uma mistura de Stanley Kubrick com Gus van Sant. É bonito de se assistir. Até uma cena cotidiana de escovação bucal é lírica, cética e natural ao mesmo tempo. Extrai o próprio ser humano quando a vampira diz “Eu mato porque preciso, você para se vingar”. A trama não peca pelo excesso, muito pelo contrário, mas é genial em sua inocência poética e cruel, sem o saber do certo e ou do errado. Vale muito a pena ser visto. Recomendo.


O Diretor

Tomas Alfredson (nascido Hans Christian Tomas Alfredson em 1 de Abril de 1965) é um diretor de cinema sueco, conhecido internacionalmente por dirigir um filme romântico de vampiro ‘Let the Right One In’. Alfredson recebeu o prêmio Guldbagge de Melhor Direção por duas vezes, em 2005 por ‘Quatro tons de marrom’, e em 2009 para ‘Let the Right One In’.

Filmografia

1995 – Bert: The Last Virgin
2003 – Kontorstid
2004 – Four Shades of Brown

4 Nota do Crítico 5 1

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