Curta Paranagua 2024

Crítica: Colossal

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Nostalgia até a página dois

Por Marcus Teixeira


Para aqueles que nasceram na década de oitenta e noventa, como eu, assistir “Colossal” tem um sabor de nostalgia. Nessas duas décadas, acompanhamos a importação de vários seriados japoneses, destinados ao público infanto-juvenil. Seriados como Jaspion, Jiraya, Changeman, entre outros encantavam aos adultos e crianças.

As histórias eram as mesmas: Pessoas “normais”, como eu e você, que recebiam a missão de salvar o mundo. Para isso combatiam monstros, que devastavam toda a cidade e sempre ganhavam. Isso sempre depois de levar alguns sopapos (socos, chutes… vulgo porrada).

Os efeitos especiais eram surpreendentes, mas se comparados a hoje amadores. Havia fumaça, fogo, terremoto, carros destruídos, pessoas correndo em pânico, gritos e prédios inteiros destruídos. Mas nos episódios seguintes lá estavam os mesmos prédios já erguidos e sendo destruídos mais uma vez.

Esse modelo de animação, não ficou restrito só ao Japão, os americanos logo trataram de criar seus heróis, ainda na década de noventa, vimos surgir o primeiro time de “Power Rangers”. E mais uma vez nos deparávamos com pessoas “normais”, como eu, você, que passavam a lutar contra monstros e pessoas, obviamente, más.

A indústria cinematográfica de olho nesse filão, da luta do bem contra o mal, passou a investir cada vez mais em filmes com essa premissa. Vimos sucessos como Homem Aranha, Quarteto Fantástico, Os Vingadores, X-men, e o mais recente Power Rangers, entre vários outros filmes de heróis que já foram produzidos ou que ainda serão.

Todo esse blábláblá é para falar de “Colossal”, que resumidamente fala de Glória (Anne Hathaway), que após se entregar ao alcoolismo e perder o namorado, decide voltar para o único lugar que lhe resta, sua antiga cidade, onde passou a sua infância. De volta, ela logo encontra, um amigo da época de escola, Oscar (Jason Sudeikis), que continuou morando na cidade e ali construiu uma vida estável.

A volta de Gloria para o interior, coincide com a aparição de um monstro Colossal (segundo o dicionário: grande como um colosso; gigantesco, descomunal, vastíssimo), em Seul. Um monstro que deixa um lastro de destruição pelo caminho, sempre aparecendo no mesmo lugar. Ao se atentar que o monstro repete os movimentos dela, Glória, pede ajuda a Oscar para resolver esse “pequeno” problema, além de perceber que precisa tratar do vício em álcool.

Os efeitos dos monstros mais parecem saídos de uma animação japonesa da década passada. Não que isso seja um problema, afinal essa é a proposta do diretor Nacho Vigalondo, que gosta do estilo de filmes com efeitos práticos da “velha escola” com um baixo orçamento, homenagear esse estilo de filme.

Anne Hathaway, no papel de Glória, acostumada com filmes, para a família, como “O diário de uma princesa” e “Diabo veste Prada”, parece estar em casa, mostrando estar bem à vontade em cena. Glória, não é caricata nem dramática. Ela parece em vários momentos aquela amiga, “super de boaça”, passando por um inferno astral, a interpretação de Anne soa natural. Jason Sudeikis também defende Oscar com vigor. Sua interpretação nos faz perceber as nuances da construção do personagem. Sem deixar de perceber as transformações que o personagem passa ao longo das quase duas horas de filme. O elenco de apoio é tão de apoio que ninguém rouba a cena. “Colossal” é mesmo destes dois grandes atores.

O filme de Nacho Vigalondo, não nos traz nenhuma outra emoção além da nostalgia. O enredo como um todo não se sustenta, é fraco. Passando a ideia havia uma certa pressa em terminar o filme. A explicação do surgimento do monstro é rasa e pouco convincente. Ainda que seja uma obra, com um certo cunho de ficção científica, a elucidação do mistério ficou devendo, principalmente, aos homenageados japoneses, que sempre explicavam os superpoderes ou os acontecimentos, com um pedaço de algum meteoro, uma explosão cósmica e por aí vai.

Em quase duas horas de filme vemos dois grandes atores em cena. O jogo entre eles é interessante, instigante, nos faz torcer para que Gloria perceba o possível amor de Oscar e que sejam felizes. Outro ponto para a direção de Nacho que constrói e desconstrói essa pseudo torcida, sem que de fatos percebamos o que está de fato acontecendo.

O bom de “Colossal” é a real nostalgia que dá em assistir ao filme, desde a primeira cena até o embate final (SIM! TEMOS UM EMBATE FINAL), ainda que fraco, comparado aos padrões atuais. Sem dúvida, um filme regular com uma história fraca para dois grandes atores, que se entregaram e souberam preencher as lacunas deixadas pelo enredo nostálgico e pela má condução do enredo. A ideia do diretor era ser saudosista homenageando o primórdio da cultura japonesa e isso ele foi, ponto.

3 Nota do Crítico 5 1

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