Conheça os Vencedores do É Tudo Verdade 2022
“Quando Falta o Ar” e “O Filme da Sacada” levam os principais prêmios do festival
Por Ciro Araujo (baseado no release)
O principal festival ligado à produção de documentários da América Latina, o É Tudo Verdade, anunciou na noite do domingo, 10 de abril, os vencedores de sua 27ª edição. Os ganhadores das categorias de Melhor Longa-metragem Brasileiro e Internacional e Melhor Curta-metragem Brasileiro e Internacional possuirão novas exibições através da plataforma oficial É Tudo Verdade Play, entre os dias 11 e 12 de abril. A entrega dos troféus e certificados para os premiados brasileiros ocorreu no Espaço Itaú Augusta em cerimônia seguida da projeção do documentário “O Território”, do diretor Alex Pritz.
Por reconhecimento da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA. as produções vencedoras nas competições brasileira e internacional se qualificam automaticamente para inscrição direta visando a disputa dos Oscars para melhor documentário de longa-metragem e de documentário de curta-metragem.
Na categoria nacional de longa-metragens, venceu “Quando Falta o Ar”, de Anna Petta e Helena Petta. O filme tem ao centro a pandemia, destacando o trabalho de enfrentamento de médicas, enfermeiras, agentes de saúde, trazendo uma face da luta coletiva contra a Covid-19. O júri do É Tudo Verdade explica a decisão:
“É mais do que uma radiografia contundente e corajosa da pandemia da Covid-19 no Brasil. As diretoras conseguem ampliar o entendimento da tragédia humanitária em várias perspectivas: desde os agentes comunitários que trabalham na prevenção até as Unidades de Tratamento Intensivo dos Hospitais, passando pelos corpos ensacados e enterrados em quantidades assustadoras. Tudo feito com um olhar extremamente cuidadoso de quem sabe construir e captar cenas que valorizam os sentimentos humanos dos indivíduos retratados. Além de sua impecável qualidade cinematográfica, “Quando Falta O Ar” captura a temperatura dos acontecimentos, o heroísmo e a exaustão dos profissionais de saúde a frente da pandemia, a luta pela vida dos pacientes, o alívio intenso dos que não se contaminaram, o medo presente no ar, a tristeza dos que perderam pessoas queridas. É um registro precioso de uma memória coletiva ainda recente e, um registro inestimável da importância do Sistema Único de Saúde, o SUS”.
O filme “Sinfonia de Um Homem Comum” recebeu menção honrosa. O longa de José Joffily foi escolhido, de acordo com o júri, por “possuir uma montagem envolvente e procurar mostrar a história de um brasileiro que luta contra os imensos interesses norte-americanos por trás da Guerra do Golfo e na síria, sendo hábil ao equilibrar a índole inabalável e talento artístico do diplomata José Bustani para contar sua história de um jeito original e eficiente”.
O vencedor da competição internacional de longas e médias-metragens é “O Filme da Sacada” (Polônia), de Pawel Lozinski. No documentário, o diretor entrevista, da sacada do seu apartamento, em Varsóvia, pessoas que passam ali em frente. A partir desse dispositivo, traz histórias singulares e tratam dos modos como lidamos com a vida na condição de indivíduos. “Ultravioleta e as Gangues das Cuspidoras de Sangue”, filme francês de Robin Huzinger, ficou com a menção honrosa.
“Levando em conta o mosaico de retratos profundos de personagens retirados do anonimato urbano por um dispositivo insólito e simples que realiza um surpreendente mergulho em suas personalidades, medos e desejos. Além do lirismo das personagens, a originalidade do dispositivo narrativo une a simplicidade da ideia genial com a postura de escuta paciente e sensível do realizador polonês.”, afirma a comissão, que escolheu o filme de Pawel por unanimidade.
Já para a categoria de curtas, para a seleção nacional o escolhido foi o filme “Cantos de um Livro Sagrado”, de Cesar Gananian e Cassiana der Haroutiounian, com a explicação dada de que a obra possui uma abordagem original, ampliando a compreensão da Revolução de Veludo que ocorreu na Armênia através de escolhas narrativas sofisticadas, elegantes e muito eficientes.
Ainda nos brasileiros, “Cadê Heleny?” recebeu a menção honrosa do júri. “O filme usa a técnica de stop motion a partir de bonecos e bordados, realizados com primor por um coletivo de dezenas de pessoas, para recontar a história da prisão, tortura e desaparecimento de Heleny Guariba, militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), durante a ditadura militar brasileira. Mais do que isso, ao adotar a técnica das ‘arpilleras’ para compor personagens e cenários, Esther Vital faz uma costura com as trágicas ditaduras da América do Sul. Traz uma abordagem histórica surpreendente ao tratar de um tema bastante “duro” através de uma linguagem entendida como ‘eve’, sem no entanto perder sua força de expressão e emoção. Um tema que, por mais que muitas vezes retratado nos últimos anos, adquire pertinência aumentada por mostrar a crueldade de uma ditadura celebrada pelo governo desumano que hoje está no poder.”
Também há um ressalto do júri no É Tudo Verdade de 2022 por uma “amplitude da temática negra refletida pelos olhares de autores negros. Os filmes “Alágbedé”, de Safira Moreira, e “Solmatalua”, de Rodrigo Ribeiro-Andrade, trazem novos ares para o pensamento cinematográfico brasileiro.”
“Como Se Mede Um Ano?”, de Jay Rosenblatt (Estados Unidos) foi escolhido pelo júri como melhor curta da competição, que abrange o internacional. A justificativa da comissão foi dada pela originalidade da ideia, a produção de 17 anos, controle para que a estética não fosse afetada durante esses anos e o conteúdo humano expresso através do crescimento e transformação da filha do cineasta, que é personagem único durante o filme. “Em apenas 29 minutos, o bebê se torna uma mulher, crescendo e mudando diante de nossos olhos”.
O júri também outorgou uma menção especial para o curta “Ali E Sua Ovelha Milagrosa” (Iraque/Reino Unido), com direção de Maythem Ridha, pela sobriedade, sensibilidade e economia dos recursos vitais e narrativos utilizados para contar a história de um menino de nove anos que se vê obrigado a sacrificar Kirmeta, sua ovelha favorita.
Na cerimônia também foram anunciados os seguintes prêmios paralelos: Prêmio Aquisição Canal Brasil de Incentivo ao Curta-Metragem, para o filme brasileiro: “Cadê Heleny?”; Prêmio Mistika, no valor de R$ 8.000,00 em serviços de pós-produção digital, anunciado junto ao prêmio oficial de melhor curta-metragem brasileiro: “Cantos de um Livro Sagrado”, Prêmio EDT (Associação de Profissionais de Edição Audiovisual), para a melhor montagem de um curta e um longa-metragem, concedidos, respectivamente, “Solmatalua”, e “Sinfonia de um Homem Comum”.
REPRISE DOS VENCEDORES DO É TUDO VERDADE
Na plataforma É Tudo Verdade Play
Longas:
11/04: 21h – “O Filme da Sacada”
12/04: 21h – “Quando Falta O Ar”
Curtas:
11/04, a partir das 12h, até 13/04, 23h59 (respeitando o limite de visionamentos): “Cantos de Um Livro Sagrado” e “Como Se Mede Um Ano”.