Curta Paranagua 2024

Carta Vertentes do Cinema: Uma década de Cinefilia
Arte da foto: Gleisson Dias da Rosebud Club

Uma Década de Cinefilia: Written e Directed by

Por Vertentes do Cinema

Prezados Vertenteiros e Prezadas Vertenteiras,

Dez anos. O Vertentes do Cinema completa hoje, dia 17 de setembro, às 14:45 (horário de nossa primeira postagem – relembre aqui e nossa primeira crítica aqui), uma década de amor à sétima arte. Desde sua fundação, o site representa um exercício à cinefilia. Incondicional sim, mas avesso a questionamentos, nunca. Nossa filosofia sempre se condensou em compartilhar subjetividades e ideias sobre, por e para o cinema, que é retro-alimentada por nossa essência mais primitiva, pessoa e passional. Nós observamos os filmes como um espelho ficcional e ilusório de nosso mundo existencial. De nossa sociedade. De nosso meio. Não podemos fugir de onde estamos. Não. Mas conseguimos transpor barreiras pelo o que assistimos.

O Vertentes do Cinema mudou muito ao longo dos anos. Inevitável e necessário. Acontecimentos ao redor remodelam percepções e novas ações. Ampliamos resenhas, expandimos a cobertura de festivais, recrutamos novas vozes, tudo pelo prazer absoluto de nossos olhos, como já dizia François Truffaut. Nós abraçamos Domingos de Oliveira, Woody Allen, Lars von Trier,   Diaz, Ariano Suassuna, Charles Bukowski, José Saramago, Serguei Eisenstein, Buster Keaton, Naomi Kawase, Adriana Falcão, Clarice Lispector, Fernanda Montenegro, Karim Aïnouz, Gregório Duvivier, entre tantas infinitas referências (listar todas pode levar outros dez anos!).

Nosso site de todo dia e todo lugar já percorreu boa parte do universo cinematográfico. Nós, que nascemos no Festival do Rio 2009, já viajamos ao Festival de Cannes, Festival de Berlim, Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Festival de Toronto, Festival de Brasília, Mostra Tiradentes, Festival Ouro Preto, Mostra CineBH, Festival Cine Ceará e inúmeras mostras e eventos.

Até agora, o Vertentes do Cinema soma mais de três mil e seiscentas postagens, entre entrevistas, artigos, em sua maioria críticas; mais de duzentos e cinquenta vídeos; sessenta e cinco edições de podcasts e muito paixão envolvida. É uma constante e diária jornada de conhecimento. Aprendemos a viver melhor, porque o ato de pensar e escrever é o melhor remédio para se sentir vivo.

Só que durante esse tempo, outra inevitabilidade é despertada: a padronização comercial que limita um novo pensar e estimula o texto comum. A paixão e as ideias ficam técnicas demais. O discurso, robótico. Para fugir disso, o Vertentes do Cinema constantemente se questiona e busca reavivar a essência de nossa infância para reiterar nossa paixão. E assim, a filosofia do pós-Vertentes, daqui para frente, é manter acesa a CINEFILIA em seu nível máximo, gerando conteúdo inédito sobre esse amor pulsante e organizando a Mostra Truffaut em 35mm. Quer mais nostalgia que assistir películas clássicas na Cinemateca do MAM RJ? É um resgate do passado. Uma viagem ao tempo de nós mesmos. Como um Dogma 2019 Vertentes (referência ao movimento Dogma 95, de Lars von Trier e Thomas Vinterberg).

Sim. As palavras de ordem do site são RESGATAR o porquê dessa nosso obsessão pelo cinema e SIMPLIFICAR para focar muito mais no conteúdo que em sua forma em si. Deixá-lo mais rápido e funcional. Cada Vertenteiro escreveu sobre seu filme preferido, colocou uma foto de criança, justificou a trilha sonora da vida. Tudo para fazer com o que o espectador-leitor daqui possa participar de nossa veia passional e entender esse novo embarque ao mundo da fantasia (que nos tira de nós mesmos e nos aproxima de quem realmente somos, ao mesmo tempo conjugado).

Nossos autores possuem características bem dominantes e particulares. Chris Raphael, a cronista poeta; Fabricio Duque, analisa mais pelo estágio psicológico; Jorge Cruz, o mais espirituoso; Michel Araújo, o mais acadêmico; Pedro Guedes, o mais fofo; e Vitor Velloso, o hater mais “amado” do Brasil (que usa misancene exatamente igual como Glauber Rocha falava – sim, muito pretensioso – mas relevamos por respeitar o texto e nunca censurar seu articulista).

Chris Raphael, nossa representante feminina, escreve, com vernáculo perfeccionista, sobre curtas-metragens e o seu favorito é “Ilha das Flores”, 1989 (leia nossa crítica aqui), de Jorge Furtado. Sua técnica conjuga o coloquial e a projeção da poesia.

Uma “Ariano Suassuna com José Saramago”. E a trilha sonora de sua vida é a do filme “Blade Runner – O Caçador de Androides” (1982), de Ridley Scott, por Vangelis, porque esta é a primeira que vem a sua cabeça quando pensa em cinema. Ouça aqui!

 

 

Fabricio Duque sofreu na pele o pedido de melhor obra. Escolher o filme da vida é tarefa quase impossível. Sim, são tantos e tão importantes. Cada um a sua época e humor. Antes de definir pensou no que sentiu quando assistiu. “Acossado”, de Jean-Luc Godard sempre foi o primeirão. “Plata Quemada”, o filme mais revisitado.

Mas o martelo foi batido com “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, 1968 (leia nossa crítica aqui) de Stanley Kubrick. E a trilha sonora não poderia ser mais icônica, arrepiante e que acompanha o filme da vida. Os acordes catárticos de Richard Strauss em “Also sprach Zarathustra”, Op 30. Ouça aqui!

 

Vitor Velloso não conseguiu surpreender! Fã incondicional do diretor Glauber Rocha, uma “câmera a mão e uma ideia na cabeça”, ou o contrário, escolheu “A Idade da Terra”, 1980 (leia nossa crítica aqui), como seu melhor filme da vida.

E a trilha sonora? “A noite do espantalho” de Sérgio Ricardo, uma potência musical que reflete parte do espírito regionalista da cultura brasileira. Ouça aqui!

 

 

Michel Araujo, nosso autor mais acadêmico, com ares altivos típicos de um inglês, só parece ser assim quando não adentramos seu casulo. Lá dentro é um cara tímido e engraçadíssimo. Tanto que sua foto criança acontece durante a magia de uma árvore de Natal.

Seu filme da vida é “São Bernardo”, 1972 (leia nossa crítica aqui), de Leon Hirszman. E sua trilha sonora (sim, digamos pretensiosa!): “Stalker” (1979), de Andrei Tarkovsky. Composição de Edward Artemiev. Ouça aqui

 

“A partir de “Stalker”, Tarkovsky buscava se afastar de trilha sonora como encaminhamento emocional, e deixar o desenho de som e sons ambientes para enriquecimento poético da imagem. Composta por Edward Artemiev, a trilha de “Stalker” é o produto de uma longa busca por um motivo que provocasse um transe espaço-temporal, e conjugasse as culturas ocidental e oriental, mantendo a noção de ausência de diálogo entre ambos os mundos. O resultado foi a mistura de sintetizadores, cítar e flauta, com tom oriental misturado com efeitos eletrônicos”, justifica.

Pedro Guedes chegou quietinho, perguntando tudo sobre tudo. Um curioso nato. É o mais fofo dos vertenteiros. Mas seu filme favorito revela que nunca foge de uma briga, “O Lutador”, 2008 (leia nossa crítica aqui), de Darren Aronofsky.

Sua trilha sonora também traduz sua personalidade de almejar superpoderes para salvar o mundo: “Superman – O Filme” (1978), de Richard Donner, clássico das músicas de Cinema por John Williams. Ouça aqui!

 

Jorge Cruz é o mais espirituoso. Já chegou chegando com seu ímpeto perspicaz e incansável com suas ideias e suas produções textuais. Seu filme da vida revela um pouco da insatisfação de se viver no mundo junto a iguais, o aventureiro e existencialista “Na Natureza Selvagem”, 2007 (leia nossa crítica aqui), de Sean Penn. Sua trilha sonora, “Hair”, de Milos Forman, que busca a liberdade do ser acima de todas as coisas, tempos e reações. Ouça aqui!

“A trilha sonora que levo comigo é a de Hair, versão do musical da Broadway dirigido por Milos Forman em 1979. Uma experiência incrível ter visto o filme um pouco despretensiosamente quando era adolescente e poder conhecer mais a contracultura e os ideias hippies a partir de uma manifestação cultural, bem diferente da frieza de um livro de História. Exagero reputar a Hair minha paixão pelo cinema e até mesmo pelos musicais. Mas foi a partir de obras como essa que compreendi o quanto a arte pode aliar diversão, educação e conscientização. Só que nada disso faria sentido se as músicas até hoje não voltassem à minha cabeça…”, justifica.

Ao longo das semanas que virão, muitos ajustes da biblioteca de conteúdo do site serão ajustados, muitos especiais serão postados e muitas projetos divulgados. Fique ligado! E muito muito obrigado a cada um que acreditou no Vertentes do Cinema, mantendo acesa a chama da cinefilia e fazendo com que nosso site resistisse a cada tsunami!

Atenciosamente,

Vertentes do Cinema em 17 de setembro de 2019, às 14:45

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