
Balanço Geral da 24ª edição do Curta-Se – Festival Iberoamericano de Cinema de Sergipe
“Morte e Vida Madalena”, de Guto Parente, é consagrado com o Troféu Ver ou Não Ver de melhor filme tanto pelo Júri oficial quanto pelo Júri popular nesta edição histórica do festival
Por Clarissa Kuschnir
Antes de começar a fazer uma balanço geral do que aconteceu na 24ª edição Curta-Se, eu abro aqui um parênteses para dizer que este é um festival que tem um lugar cativo na minha carreira como jornalista. Foi lá em 2010, quando o Curta-se estava completando 10 anos, que eu tive a oportunidade de conhecer o festival e a capital sergipana, que é tão acolhedora. Na época, a Revista Preview estava em seu segundo ano e fui cobrir pela primeira vez, um festival de cinema fora de São Paulo. Depois da 10ª, veio a 11ª. 12ª. 13ª e 14ª edições. Aí tive um intervalo, mas sempre acompanhado pelas redes sociais, o formato menor do festival. No final do ano passado, participei como uma das curadoras dos curtas sergipanos, em uma edição que aconteceu no começo do ano e agora este ano voltei à cidade presencialmente, para cobrir como jornalista e para fazer parte do júri de trailers, videoclipes e webséries. Ou seja, é um evento que fez parte desta minha trajetória e que me fez me aproximar muito dos curtas-metragens. O festival não é só de curtas ele é de longas, porém tive a oportunidade de ser júri de curtas de algumas edições e isso me fez me aproximar do formato e de ter contanto com os realizadores (muitos hoje já com seus longas). E sempre fui muito bem recebida por toda a equipe e a cada ano, esperava para retornar ao evento. Depois de 11 anos eu voltei e pude acompanhar durante uma semana (03 a 09 de novembro) uma programação intensa, porém em novos espaços como no Memorial de Sergipe (que abriga um museu interessante), onde ocorreram as exibições das Mostras Competitivas, com exceção de “O Agente Secreto” que abriu o festival sendo exibido no Teatro Tobias Barreto (onde também ocorreu o pocket show de Alice Caymmi) e os debates e encerramento, no aconchegante Cine Walmir Almeida (conhecido também como o Cinema do Centro), cinema de rua que fica dentro do Centro Cultural de Aracaju.
Durante a semana do festival eu fiz uma matéria falando um pouco sobre as mostras (leia aqui) tanto de longas quanto curtas e da homenagem a Matheus Nachtergaele. E foi bom ver o quanto o festival trouxe uma diversidade de filmes em sua programação como “Um Minuto é uma Eternidade para quem está Sofrendo” dos cineastas sergipanos Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro. Inclusive para a surpresa da dupla, receberam o prêmio de melhor direção na Mostra Iberoamericana de longas. E foi merecido, pois o filme que foi feito todo pelo celular durante a pandemia teve uma sessão lotada com uma ótima receptividade dos espectadores, pelo tema e a ousadia que o filme traz para as telas.
“É surpreendente isso. Quero falar que tenhamos cada vez mais longas sergipanos na mostra de longa, a ponto que tenhamos uma mostra só de longas sergipanos”, disse Fábio Rogério ao receber o troféu Ver Ou Não Ver.
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Já havia falado aqui de “Morte e Vida Madalena”, de Guto Parente, que foi o meu favorito (em breve sai minha crítica). O filme também foi o escolhido pela júri da crítica e pelo júri popular, como a melhor obra do festival. E como não amar a personagem Madalena, protagonizada com maestria por Noá Bonoba, que levou merecidamente o troféu Ver Ou Não Ver, de melhor atriz. No longa Noá interpreta o papel de uma produtora no final da gravidez, que se vê obrigada a assumir a direção do filme de um roteiro de seu recém falecido pai, depois que o diretor principal desaparece. Morte e Vida Madalena ainda levou os prêmios de melhor trilha sonora e som.
“Queria primeiramente agradecer ao Curta-se, a toda a equipe e ao júri obviamente, a e todo mundo que fez este festival acontecer. É a primeira vez que estou aqui em Sergipe e estou muito feliz de estar aqui. Eu acho que estar no Nordeste e receber este prêmio aqui, tem outro sabor. A gente está vivendo um momento muito difícil e ao mesmo tempo muito maravilhoso do cinema brasileiro. Um momento de muita celebração e um momento que estão tentando acabar com o cinema independente. Com a chegada dos streamings e toda essa discussão, que eu acho importante que todo mundo se atualize. O nosso cinema pode sofrer. Então é muito bom fazer esse filme que fala de cinema independente, que fala sobre os nossos modos de fazer que resistem a esse sistema de captura colonial do nosso cinema. Então é importante que a gente resista. Madalena é um grande presente, que é essa produtora executiva, essa profissão que é tão importante para que a chama do cinema continua acesa. Esse filme me deu a oportunidade se ser atriz. De interpretar uma personagem com nuances e uma personagem complexa e totalmente distante de todos os estereótipos, que ainda existem em torno de pessoas trans. E eu nem faço uma personagem trans neste filme, o que é glorioso e maravilhoso. Então, para não deixar de dizer, contratem pessoas trans no audiovisual. Precisamos fazer nosso filmes e precisamos também fazer parte deste bolo”, finalizou Noá Bonoba, ao receber o troféu de melhor atriz.
O divertido e ao mesmo tempo inteligente e instigante thriller “Papagaios” de Douglas Soares, com argumento de Humberto Carrão encerrou as Mostras Competitivas onde o diretor aborda sobre os chamados “Papagaios de Pirata “, que são aquelas pessoas que fazem de tudo para aparecerem junto ao repórteres de TV e de tanto acompanharem essas notícias, acabam ficando conhecidos. Em Papagaios, Gero Camilo é Tonico, essa figura central que há anos faz parte deste universo é que já acumula uma centena de notícias, por suas aparições em reportagens e velórios de famosos. O longa com um roteiro bem amarrado ainda traz o novato ator Ruan Aguiar interpretando o enigmático Beto, que se aproxima de Tonico, para seguir seus passos. O filme ainda conta com a participação sempre ótima do veterano Léo Jaime (como ele mesmo) e duas de suas músicas na trilha, como A Fórmula do Amor e Rock Estrela (tema do filme homônimo em que o cantor participou, em 1985). “Papagaios” também saiu vencedor com os troféus Ver ou Não Ver de melhor roteiro, ator para Gero Camilo, fotografia e montagem.
“Esse filme começou a ser escrito lá em 2015 a partir de um argumento meu e do Humberto Carrão. E este tempo todo passando por laboratórios, acreditando e apostando, que ele podia virar um filme. É um reconhecimento muito importante para mim. Eu acho que nunca ganhei um prêmio de melhor roteiro”, disse sob risadas do público Douglas Soares, que aproveitou para agradecer todos os produtores do filmes e consultores que acreditaram no filme.
Para Gero Camilo foi um presente e uma volta por cima ter esse papel e ser premiado (ele também foi premiado no último festival de Cinema de Gramado, como melhor ator.
“Uma honra. Quero agradecer muito ao festival e a Sergipe. É minha primeira vez aqui e já receber este destaque, me deixa muito feliz. Quero agradecer aos produtores e ao meu diretor maravilhoso, porque essa história saiu desta cabecinha e ele me deu um presente na minha vida. Vou repetir uma coisa que falei em Gramado. Não existe o melhor filme, nem o melhor ator é dentro de uma obra sermos destacados pelo nosso trabalho. Daqui a pouco o filme estará nas telonas e veremos isso com o público. O que também vai ser muito legal”, concluiu Gero.
Já na categoria dos Curtas Iberoamericanos, o troféu Ver ou Não Ver para o melhor curta-metragem Iberoamericano pelo júri oficial foi para Soledá, de Howi Àlvarez. O curta ainda levou prêmio de melhor direção. Já o escolhido como o melhor curta de ficção foi “Espelho da Memória”, de Felipe Travanca e Roberto Simão, onde o diretor traz um hibrido de um documentário com ficção, de sua história familiar; como melhor documentário foi escolhido o paraibano , “A Nave que Nunca Pousa”, de Ellen Moraes, que ainda levou os prêmios de melhor roteiro, e montagem; a melhor animação foi para “Yungay”, de Marisa Bedoya; os prêmios de atores foram para: Angela Rebello, de “Eu Não Sei se Vou Ter Que Falar Tudo de Novo”, em que a atriz vive o papel de uma mãe com Alzheimer, mostrando seu filho que toda vez que encontra com ela , repete que se relaciona com um outro homem e, para Heraldo de Deus que interpreta um pescador em Bijupirá , que recebeu também merecidamente, o prêmio de melhor fotografia; “A Fera do Mangue”, ficou com melhor direção de arte ; “Sapão” com o melhor som , Kabuki como melhor trilha sonora e ainda teve uma menção honrosa para a animação “Como Nasce Um Rio” de Luma Flores, que ainda foi o escolhido pelo júri popular como melhor curta.
Os curtas sergipanos escolhidos pelo júri oficial para o troféu Ver ou Não Ver foram: melhor curta oficial e popular (foi o meu predileto a sessão também) para “Beladonna”, de Antônio Rafael, que ainda levou melhor direção, roteiro e som; “Donas da Cultura Popular-Madá”, de Davi Cavalcanti foi escolhido pela melhor montagem; “Cancioneiras- Embarcações Poéticas” como melhor fotografia e “Coisa de Preto”, de Pâmela Peregrino, levou uma menção honrosa.
A cerimônia de encerramento ainda contou com as falas finais da diretora e idealizadora Rosângela Rocha que falou sobre a importância do investimento público e ou privado na Cultura com a volta da Petrobras, que foi essencial para a retomada do festival.
A produtora executiva Deyse Rocha agradeceu a todos o realizadores e produtores que inscreveram e acreditaram em mais uma edição do festival e na retomada.
Encontros de Mercado
Entre sessões e debates, o 24ª Curta-Se promoveu uma tarde de encontros com profissionais do audiovisual para falar sobre mercado, um dos temas que estão sendo cada vez mais discutidos pelos festivais.
O tema do primeiro encontro foi “Curadoria em Cinema e Perspectivas para Mostras e Festivais na Atualidade”. A mesa reuniu Josiane Ozório, presidente do Fórum dos Festivais e Mostras Audiovisuais no Brasil e Exterior; Kênia Freitas, curadora, realizadora e professora no Curso de Cinema da Universidade Federal de Sergipe (UFS); Izabel de Fátima Cruz Melo, curadora, pesquisadora e professora na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e Tetê Mattos, curadora, realizadora e professora do Departamento de Arte da Universidade Federal Fluminense (UFF).
A entidade do Fórum Nacional dos Festivais este ano completou 25 anos. Portanto é uma das entidades mais perenes. Neste escopo do audiovisual a exemplo de outras entidades, já é uma entidade que tem uma tradição e uma a experiência. O setor de Mostras e Festivais são excepcionalmente os que não têm uma política pública dedicada ao nosso segmento, que é uma calda longa, que é o ecossistema audiovisual. Recentemente por causa da pandemia tivemos uma série de subversões, de apoio, de linhas e editais que a gente configura como uma política a partir de uma marco regulatório de legislação, para o setor da produção. Então os festivais que são essa espécie de exibidores, e somos produtores de um impacto que vai trazer um público que não vai ao cinema, sobretudo pensando em infância. Temos uma atuação muito forte com escolas, que as salas de aula não têm. Pensando sempre em um público novo que vai chegar. Então todo festival tem como desejo interno que ele externaliza que é produzir o público, que não é só formar. Formar é quando a gente chega, faz uma oficina. Desde essa ação até a formação profissional a exemplo dos mercado, que boa parte dos festivais também fomentam. Trazer empresas que de alguma forma vão participar desta imensa cadeia, que os festivais fomentam. Neste momento o fórum representa hoje de festivais associados mais de 100, e estamos crescendo bastante, em relação ao número de festivais. São mais de 400 festivais a partir do último levantamento, que foi feito pelo Paulo Luz Corrêa, disse Josiane Ozório, ao abrir o encontro. Ela ainda enfatizou que o Fórum também tem esse papel político de atualização, formação e discussão. E ela ainda lembrou que 50% dos filmes produzidos no Brasil foram exibidos, graças ao setor de mostras e festivais, partindo desde uma cidade pequena com três mil habitantes, até a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, assim como no Curta-Se.
E o Fórum dos Festivais está em um momento de encontros em diversos festivais pelo Brasil promovendo este debate sobre curadoria, querendo valorizar o ingresso dos festivais para os distribuidores, produtores e realizadores, além de conversar com a Ancine para padronizar o ingresso dos festivais, inclusive em linha de políticas públicas, ou seja, o setor de “Mostras e Festivais”, exige uma política pública do setor.
E como foi citado pelas profissionais, suas formações de deram por festivais em suas respectivas cidades. Na mesa também foi apresentado o livro “Curadoria em Cinema: do Pensamento em Ação”, organizado por um grupo de mulheres que são: Ingá Patriota, Amaranta Cesar, Carla Maia, Carol Almeida, Kênia Freitas , Izabel de Fátima Cruz Melo e Janaína oliveira.
“Esse livro é uma tentativa de sete curadoras que atuam no campo, e ele reflete um pouco sobre esse exercício. É um marco importante de pensar no nosso encontro como curadoras mulheres e posicionalidade, de curadoria. Ou seja, quem são essas pessoas e que faz essa curadoria? Um dos pontos é que a proposta de curadoria começa a mudar quando a gente pensa em diversidade e de como ela é importante para a construção disto, além da formação técnica e de cinema. E eu fico pensando como se dá uma noção de cinefilia quando em algumas cidades, não temos acesso a todos os filmes? Como procurar filmes e referencias? E isso os festivais conseguem quebrar muito, fora do circuito comercial”, disse Kênia Freitas, que complementou que o Festival de Cinema de Vitória (sua terra natal), era o momento que ela conseguia assistir filmes, fora do circuito comercial.
E ouve o velho levantamento de que se a gente tem uma produção cada vez maior de filmes, como vamos fazer com que esses títulos sejam exibidos, sem ficar programando sempre os mesmo filmes? E para elas os festivais ajudam a aprender o que é o Brasil e o que é a América Latina.
“Os festivais são um ponto importante, pois a curadorias incidem na maneira como a gente vê essa história e vice e versa. É uma história de retroalimentação. Seja quem vem da comunicação, seja quem vem do cinema ou eu que venho de um outro lugar (historiadora como ela), mas quando a gente parte para a bibliografia ou análise do estudo, existe uma forma muito consolidada de pensar o que é o cinema brasileiro. E nessa forma consolidada a gente tem super visibilidades e relativos apagamentos”, afirmou Izabel de Fátima Cruz Melo, sobre seu processo de pensar curadoria em festivais, além de sua experiência com professora e pesquisadora, que ajudam de alguma maneira nesse trabalho.
“Para mim falar de festivais é tema muito caro e um tema de vida. A minha segunda formação é cinema (a primeira História,) e eu sempre ouvi falar pelos professores que o problema do cinema brasileiro é a distribuição e a preservação. Aí eu estudante de cinema resolvi fazer uma mostra que era a “Mostra Curta Adoidado’, que era a exibição de filmes em 16mm. Por conta desta mostra que acabei entrando para a UFF (Universidade Federal Fluminense), para dar aula no curso de Produção Cultural, porque quando abriu o concurso (97, 98), eu pensei que poderia pleitear este espaço. Depois acabei fazendo o “Araribóia Cine-Festival de Cinema de Niterói” (2002 a 2013), que era uma mostra voltada para filmes organizados tematicamente. A gente escolhia um tema, fazia uma hora de sessão e debatia filmes, de diversas épocas e estados. E isso foi muito poderoso na época, porque fazíamos o convite para um realizador que tinha feito um filme há 20 anos, e ele tinha passagem e hospedagem, para debater aquele filme que já estava engavetado. E, a gente dá uma ressignificada nisso. Então ali acho que começou um trabalho de um pouco mais de consistência em exibição de filmes e pensar curadoria. Ao mesmo tempo fui trabalhar em um Festival Grande, que é o” Amazonas Film Festival “(organizado pelo Governo do Amazonas e uma empresa Francesa que durou de 2001 a 2013), e era uma outra logica completamente diferente de curadoria, porque eu não era daquela cidade e eu tinha que prospectar o que o festival desejava e, um pouco do que eu acreditava, com aquelas obras. E muito por causas desse trabalho, eu acabei sendo convidada para fazer curadoria em outros festivais”, concluiu Tetê Mattos sobre sua experiência como curadora. E ela complementou que os festivais são um ambiente extremamente heterogêneos e complexos, porque quando se fala em festival de cinema veem a imagem do tapete vermelho, da premiação, dos artistas, do espaço de troca, mas está se falando de 505 festivais (segundo o levantamento pelo pesquisador Paulo Luz Corrêa) e que provavelmente até o ano acabar, serão muito mais. E o incomodo que Tetê tem é que toda vez que a estamos fazendo algum comentário sobre o festival, temos que saber como localizar as especificidades, que são muito grandes. Que fique aí então, um tema para se refletir.
A segunda mesa foi: “Mercado Audiovisual em Sergipe: Desafio e Perspectivas” onde se reuniu Marcelo Ikeda professor, pesquisador, crítico e autor do livro “Panorama do Mercado Audiovisual do Nordeste”, Lu Silva, produtora, pesquisadora e curadora de cinema e Beatriz Aranzana, produtora e pesquisadora responsável pelo capítulo Sergipe também no livro “Panorama do Mercado Audiovisual do Nordeste”.
“Este livro é organizado por mim e pelo Arthur Gadelha, um crítico de cinema do Ceará (O Povo). Tivemos recursos, da Secretaria de Cultura de Fortaleza, além de uma rede colaborativa. E é importante falar que temos poucas linhas para pesquisa e precisamos de mais recursos. O mercado audiovisual do Nordeste tem crescido e se diversificado muito, principalmente a partir dos anos 2000 por uma série de fatores, como: a mudança da película para o digital, que provocou uma abundância e crescimento, no número de filmes; a ampliação das políticas de formação e difusão com cursos de cinema universitários no Nordeste; e a descentralização de política de fomento dos editais. O ponto de partida foi uma ausência de mais números concretos, sobre o crescimento na região. Acho fundamental para o setor de políticas públicas termos dados para conhecermos o setor que operamos e trabalhamos, A pesquisas de formas independentes são fundamentais”, falou Marcelo Ikeda, sobre o processo de pesquisa que gerou o livro, que tem um capítulo para cada estado.
A pesquisa foi feita nas nove regiões do Nordeste, com a ideia de abranger muito além dos locais mais conhecidos, pelo público geral. E hoje toda a região está produzindo, para se pensar o Nordeste de forma mais ampliada. Segundo a pesquisa, o número de obras registradas na Ancine em 2015 era de 209, enquanto em 2024, mais do que o dobrou, ou seja, um crescimento de mais de 100%, no número de obras no Nordeste, enquanto a média nacional foi só de 10%. O que mostra que o cinema nordestino cresceu muito mais do que a média nacional. Mas o potencial pode ser muito maior. Porém, dentro da classificação das produtoras, as empresas nível 1 são 93% das empresas em nível nacional e 95% delas ficam, no Nordeste, enquanto só se tem 5% com nível 5, dentro na região. Concluindo que menos de 1% da empresas registradas no Brasil, são de nível 5, que concentram quase a metade, dos recursos do FSA gerenciados pela Ancine. Enquanto as empresas de nível 1 que são 95% ficam com cerca de 2% dos recursos do FSA. Então mostra como essa política acaba aprofundado a concentração em poucas empresas.
No capítulo do Mercado Audiovisual Sergipano, segundo Lu Silva foi um processo muito rico entre os pesquisadores, para se compreender esse processo.
Bia Aranzana apresentou os principais dados tirados do Oca (Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual) com 94 empresas registradas na Ancine em 2024, com 90 obras com CPB (Certificado de Produto Brasileiro) entre 2007 e 2024( sendo 48% documentais) e 879 agentes registrados através do mapa cultural, com peculiaridades encontradas de um grande crescimento de 944%, desde 2010 por causa também das leis emergenciais, que mudaram o cenário.
Ou seja, são assuntos de extrema relevância para o setor e as regiões, para se discutir.
Os dois livros no caso do de curadoria, para venda na Amazon e o de Panorama no Nordeste, na editora Sulina.
O Curta-Se 2025 ainda se estende para com mostras itinerantes e gratuitas exibidas em Sergipe, no município de Itabaiana no dia 12 e no município de Santa Luzia do Itanhy, no dia 19.
O Festival conta com patrocínio da Petrobras, Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet); apoio cultural do Cine Walmir Almeida, da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap) e do Governo do Estado de Sergipe, por meio da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), e do Memorial de Sergipe Prof. Jouberto Uchôa; além do apoio institucional do Ibero Fest, Avanca Film Festival, VIII Congresso das Coalizões pela Diversidade Cultural e do Fórum dos Festivais.
LISTA COMPLETA DOS VENCEDORES DO FESTIVAL CURTA-SE 2025

MELHOR VÍDEO DE BOLSO – JÚRI POPULAR
LAMPEJO CÓSMICO, DE NATALI BRASIL
MELHOR WEBSÉRIE – JÚRI OFICIAL
GUGU TECELÃ, DE DANNYEL LEITE
MELHOR VIDEOCLIPE – JÚRI OFICIAL
CANA QUEIMADA DE DESEJOS, DE RICARDO SÉKULA E SÁVIO SABIÁ
MELHOR TRAILER
NEVROSE, DE ANA DO CARMO
CURTA-METRAGEM IBEROAMERICANO
MELHOR TRILHA SONORA DE CURTA IBEROAMERICANO
MARI CASTILLO DE LIMA, RUBEN FEFFER E GUSTAVO KURLAT, DE “KABUKI”
MELHOR EDIÇÃO DE SOM DE CURTA IBEROAMERICANO
ÉRICO PAIVA “SAPÃO”, POR “A FERA DO MANGUE”
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE DE CURTA IBEROAMERICANO
THAÍS DE CAMPOS, POR “A FERA DO MANGUE”
MELHOR MONTAGEM DE CURTA IBEROAMERICANO
JAIME GUIMARÃES, POR “A NAVE QUE NUNCA POUSA”
MELHOR FOTOGRAFIA DE CURTA IBEROAMERICANO
RENAN BENEDITO, POR “BIJUPIRÁ”
MELHOR ROTEIRO DE CURTA IBEROAMERICANO
JAIME GUIMARÃES, POR “A NAVE QUE NUNCA POUSA”
MELHOR ATOR DE CURTA IBEROAMERICANO
HERALDO DE DEUS, DE “BIJUPIRÁ”
MELHOR ATRIZ DE CURTA IBEROAMERICANO
ANGELA REBELLO, DE “EU NÃO SEI SE VOU TER QUE FALAR TUDO DE NOVO”
MELHOR ANIMAÇÃO DE CURTA IBEROAMERICANO
YUNGAY, DE MARISA BEDOYA
MELHOR DOCUMENTÁRIO DE CURTA IBEROAMERICANO
A NAVE QUE NUNCA POUSA, DE ELLEN MORAIS
MELHOR FICÇÃO DE CURTA IBEROAMERICANO
ESPELHO DA MEMÓRIA, DE FELIPE TRAVANCA E ROBERTO SIMÃO
MELHOR DIREÇÃO DE CURTA IBEROAMERICANO
SOLEDÁ, DE HOWI ÁLVAREZ
MELHOR CURTA-METRAGEM IBEROAMERICANO – JÚRI OFICIAL
(PREMIAÇÃO FINANCEIRA, NO VALOR DE R$ 7 MIL REAIS):
SOLEDÁ, DE HOWI ÁLVAREZ
MENÇÃO HONROSA DE CURTA-METRAGEM
COMO NASCE UM RIO, DE LUMA FLORES
MELHOR CURTA-METRAGEM DE IBEROAMERICANO – JÚRI POPULAR
COMO NASCE UM RIO, DE LUMA FLÔRES
CURTA SERGIPANO
MELHOR SOM DE CURTA SERGIPANO
IGOR COUTINHO, POR “SONATA BELADONA”
MELHOR MONTAGEM DE CURTA SERGIPANO
JONTA OLIVEIRA, POR “DONAS DA CULTURA POPULAR- MADÁ”
MELHOR FOTOGRAFIA DE CURTA SERGIPANO
ANDERSON CRAVEIRO E DIEGO MARQUES,POR CANCIONEIRAS – EMBARCAÇÕES POÉTICAS
MELHOR ROTEIRO DE CURTA SERGIPANO
SONATA BELADONA, DE ANTÔNIO RAFAEL
MELHOR DIREÇÃO DE CURTA SERGIPANO
SONATA BELADONA, DE ANTÔNIO RAFAEL
MENÇÃO HONROSA – CURTA-METRAGEM SERGIPANO
COISA DE PRETO, DE PÂMELA PEREGRINO
MELHOR CURTA-METRAGEM SERGIPANO – JÚRI OFICIAL
(PREMIAÇÃO NO VALOR DE R$ 5 MIL REAIS EM LOCAÇÃO DE EQUIPAMENTOS NA IGLU LOCADORA DE EQUIPAMENTOS AUDIOVISUAIS):
SONATA BELADONA, DE ANTÔNIO RAFAEL
MELHOR CURTA-METRAGEM SERGIPANO – JÚRI POPULAR
(PREMIAÇÃO FINANCEIRA NO VALOR DE R$ 6.500 REAIS)
SONATA BELADONA, DE ANTÔNIO RAFAEL
LONGA-METRAGEM
MELHOR TRILHA SONORA DE LONGA-METRAGEM IBEROAMERICANO
PAULO GAMA, DE “MORTE E VIDA MADALENA”
MELHOR MONTAGEM DE LONGA-METRAGEM IBEROAMERICANO
ALLAN RIBEIRO, POR “PAPAGAIOS”
MELHOR SOM DE LONGA-METRAGEM IBEROAMERICANO
LUCAS COELHO, DE “MORTE E VIDA MADALENA”
MELHOR FOTOGRAFIA DE LONGA-METRAGEM IBEROAMERICANO
GUILHERME TOSTES, POR “PAPAGAIOS”
MELHOR ATOR DE LONGA-METRAGEM IBEROAMERICANO
GERO CAMILO DE “PAPAGAIOS”
MELHOR ATRIZ DE LONGA-METRAGEM IBEROAMERICANO
NOÁ BONOBA, DE “MORTE E VIDA MADALENA”
MELHOR ROTEIRO DE LONGA-METRAGEM IBEROAMERICANO
DOUGLAS SOARES, POR “PAPAGAIOS”
MELHOR DIREÇÃO DE LONGA-METRAGEM IBERO-AMERICANO
FÁBIO ROGÉRIO E WESLEY PEREIRA DE CASTRO, “UM MINUTO É UMA ETERNIDADE PARA QUEM ESTÁ SOFRENDO”
MELHOR LONGA-METRAGEM – JÚRI OFICIAL
“MORTE E VIDA MADALENA”, DE GUTO PARENTE
MELHOR LONGA-METRAGEM – JÚRI POPULAR
“MORTE E VIDA MADALENA”, DE GUTO PARENTE


