Direção: Marcos Paulo
Roteiro: Renê Belmonte
Elenco: Milhem Cortaz, Hermila Guedes, Lima Duarte, Giulia Gam, Eriberto Leão, Gero Camilo, Cássio Gabus Mendes, Milton Gonçalves, Tonico Pereira, Vinícius de Oliveira e Antônio Abujamra
Fotografia: José Roberto Eliezer
Música: André Moraes
Direção de arte: Alexandre Meyer
Figurino: Marília Carneiro e Antônio Araújo
Edição: Felipe Lacerda
Produção: Walkiria Barbosa, Vilma Lustosa, Marcos Didonet
Distribuidora: Fox Filmes do Brasil
Estúdio: Total Entertainment
Duração: 104 minutos
País: Brasil
Ano: 2010
COTAÇÃO: REGULAR


Já é fato o crescimento do cinema nacional, que apresenta diversidade de temas e públicos. O que o diferencia é a forma com que é empregada a narrativa – e parte técnica (leia-se camera, fotografia). Inúmeros filmes embrenham-se pela experimentação, inovando em ângulos e ritmo. Mas poucos conseguem audiência. Considerados filmes de autor, eles prezam pelo elitismo intelectual, com referências perspicazes envolvendo política e cultura. Por outro lado, muitos possuem medo de se aventurar, estabilizando-se na superfície e repetindo o senso comum do comodismo. São os filmes populares e populescos, feitos a fim de atender uma parcela da população que deseja diversão e uma extensão das novelas televisivas.
A opinião
“Assalto ao Banco Central” é o segundo tipo. O filme, que marca a estreia na direção do ator global Marcos Paulo, tenta repetir os elementos novelescos, diferenciando-se apenas pela técnica cinematográfica de 24 quadros por segundo e 35mm de exibição. A Rede Globo marca mais um exemplar de franquias que unifica televisão e cinema. Fez com “O Auto da Comparecida”, “A Mulher Invisível”, “Divã”, entre outros. Basicamente é um folhetim com o mesmo elenco de suas principais produções. Talvez quem destoe – comentário positivo – dentro de todas as interpretações – fique por conta dos atores independentes Juliano Cazarré (Décio), Milhem Cortaz (Barão) e Hermila Guedes (Carla). O elenco ainda conta com Eriberto Leão, Lima Duarte, Tonico Pereira, Gulia Gam, entre outros.
“Eu sempre ando na linha, não tenho culpa se às vezes ela fica torta”, diz-se e complementa “Prisão é castigo, mulher é pena de morte”. Tenta extrair o riso fácil de piadas óbvias. Os diálogos artificiais não convence,até porque a camera resolve não agir, apenas observar. Em alguns momentos, as cenas lembram os longas-metragens de Carlos Reichenbach. Não há equilíbrio definidor. O desejo de agradar gregos e troianos prejudica o contexto totalitário. As frases de efeitos, ações ingênuas, reações exageradas e infantis ajudam a construir o clichê. O roteiro intercala futuro e presente. O pós roubo e o planejamento. O que poderia ser um tiro no pé, acaba por dar certo. Quando se fornece o spoiler (o conhecimento prévio sobre o fim da ação) e depois explica (em digressão), a trama ganha dinamismo e um amadorismo positivo. Uma das cenas interessantes é quando a quadrilha está reunida e uma música estilo Tarantino toca.
A Igreja evangélica serve de caricatura em “Um pouquinho de pecado é pecado”, sobre o dinheiro. O filme não respeita a inteligência do espectador, apelando nas pistas e nos ditados populares. O que impressiona é que a preparadora de elenco é a famosa Fátima Toledo (de “Tropa de Elite”). Concluindo, uma novela com jeito de filme. Não recomendo. Foi rodado entre os dias 26 de abril e 3 de junho de 2010. Tem locações nos estados do Ceará e Rio de Janeiro, no Brasil. Com orçamento estimado em R$ 6.5 milhões, o longa teve 10% do montante financiado pelo governo do Ceará. Filme de encerramento do Festival de Paulínia 2011.
Marcos Paulo Simões é filho do também ator e diretor Vicente Sesso. Marcos desde criança teve contato com o meio televisivo. Começou fazendo teatro infantil e logo passou a atuar em adaptações de peças para TV. Fez a sua primeira novela, “O morro dos ventos uivantes”, em 1967 na TV Excelsior. Passou ainda pela TV Record e Bandeirantes, retornando para a Excelsior. Foi para a Rede Globo em 1970, onde atuou em dezenas de novelas como ator. Colecionou papéis de enorme destaque em sucessos, dentre eles “Gabriela”, “Tieta” e “Páginas da Vida”. Estreou como diretor televisivo assumindo junto com Dennis Carvalho e José Carlos Pieri a direção de “Dancin’Days” (1978). Dirigiu diversas novelas marcantes de autores renomados como Aguinaldo Silva, Gilberto Braga, Miguel Falabella e assinou a direção da antológica ˜Roque Santeiro˜, de Dias Gomes. Dirigiu também programas e séries da TV Globo, além de atuar em vários trabalhos no teatro e no cinema. Tornou-se diretor de núcleo, sendo responsável por tantos outros sucessos.