365 Dias
Tortura desvairada, o manifesto do abusador de 2020
Por Vitor Velloso
Netflix
Noites cinzas em 50 tons de taverna (A crítica a seguir foi redigida postumamente, o crítico sofreu).
Assistir “365 dias” foi um tormento, nada ali se encaixa, cada diálogo parece saltar pra fora da tela e dar um murro no toró de miolo do espectador. Quer sentido? Vira seta de carro. Patavinas de retumbância do nada pro agora de lugar algum, esse é o resumo da história de “365 dias”.
Temos uma mulher considerada bonita, temos um cara considerado bonito, temos toda a estrutura malvadinha que envolve sexo, violência, abuso, amor platônico-doentio-protohomicida-torturador e claro, uma história que não faz o menor sentido mas inclui todos os arquétipos tóxicos que se podem ter de pessoas isoladas socialmente.
Vale ressaltar que o filme em questão faz juz ao nome, por sua tortura eterna, formal e física, mas deve ser compreendido como um produto industrial mal resolvido de realizadores que devem ir urgentemente à todos os profissionais da mente. Tomasz Mandes e Barbara Bialowas deveriam responder às críticas feitas à película, que inclui a fetichização dessa dominação misógina que é posta na tela.
Menos de dez minutos temos uma cena de sexo oral, semi-explícita, a razão dela é incompreensível, assim como a necessidade de quase expôr o ato em si. E com o acúmulo de cenas e mais cenas de violência, temos enfim a primeira de sexo. Que acontece quando o homem recebe um sexo oral de uma mulher, a cena existe para que haja “ciúme” do corpo do mafioso. Tudo isso acompanhado por uma trilha sonora tirada de uma comédia adolescente. Erro 404. Tela Azul.
(A partir daqui, o documento original do texto se perdeu, apenas fragmentos foram recuperados, qualquer falta de lógica é fruta dessa desmemorização da história.)
A habilidade dos diretores de “365 Dias” em construir uma cena se equipara ao Wiseau e sua jornada cacofônica de encerrar uma cena na tomada de número incontável. A personagem que se liberta da forma aleatória do cárcere mais vagabundo da história do cinema, é um fruto de um processo degenerativo, viril e misógino, da mente do personagem, uma espécie de rima sônica que percorre toda a falta de lógica de um processo próximo a morte, onde se avista aquilo que possivelmente é sua futura esposa. Esse vislumbre da esquizofrenia é interpretado desta maneira lúdica, quando a atitude lógica nos leva a crer na necessidade de colocar o mafioso em uma camisa de força.
A mulher se sente intimidada pelo Bátima italiano, que surge e aparece à esmo, Nosferatu de Belford Roxo que intimida uma “pobre mulher indefesa” que está frustrada com seu casamento. Então, o que ele faz? O que qualquer criminoso faria, ele sequestra ela, mantém ela aprisionada e a obriga a conviver com o Brusse Uaine de traços latinos. Se cinema é luz e se compreende através da meta linguagem dos quadros e das cenas, “365 dias” é um breu, intelectual, formal, narrativo e legal, já que a apologia sexual e psicologicamente à atitudes notoriamente criminosas é vista como uma intensidade do libido do longa.
(Infelizmente o crítico perdeu a razão da escrita)
Compreende-se em termos epistemológicos que a consciência é a gangrena do processo de ação em meio social, ou seja, em sua ausência ela vira pura inércia fisiológica e psicológica, levando à versatilidade de neologismos visuais e uma câmera no quadril e uma ideia na pelve.
Ensaio antológico da topografia do corpo sexualizado do homem de braços longos que se ergue ao teto da cama em ausência melhor do que fazer exemplo tocar os negócios da máfia. As indas e vindas dos corpos se equipara à esquizofrenia de um louco ao ser canonizado como tal por um meio digital e virtual que irá preconizar o fim do esquecimento, o mesmo que cunha a falta de sentido, em referência à automobilismo, deve lembrar que o movimento corporal do sexo é contribuição sonora pra filmagem de Rodã, ou rolimã dependendo da tradução, e literatura de Chopphouse, o blá blá blá teórico etílico filosófico é pra explicitar que algumas obras não devem ser criticadas de maneira formal ou protocolar. Mas sim à altura do que representa.
Nota do Editor: Aqui farei um resumo de um trecho que acredito ser fundamental para entender o autor póstumo.
Brás Cubas chorou, em um túnel adentrou, de lá ninguém saiu, Platão em ligação com a família Corneone de Madureira, avisa o improvável, a polícia está no local. Mas como Arisfódeles disse um dia: Se não é arrego, eu arrego.
Um bom dia a quem chegou até aqui.