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Minha Terra, África

A opinião

O novo longa da diretora (procure ’35 doses de Rum’ no arquivo setembro – lá possui a sua filmografia) é observador, descrevendo lugares e ações. A fotografia é quase sépia (alaranjada) natural das paisagens. A camera comporta-se como o olho que o espectador usa pelos personagens. Há os olhos diferentes da Isabelle Huppert (leia também aqui ‘Uma Barragem para o pacífico’, ‘Amor escondido’ e no arquivo setembro – uma homenagem). A visão de uma branca francesa contra os brancos “arrogantes e pretensiosos”, como diz. Comporta-se como negra. A cultura e cor que escolheu para fazer a sua revolução. “Na França sentiria-me confortável e não lutaria”, disse. É quase um documentário ficcional pela excelente interpretações de todos os atores. Ouve-se “estão isolados” durante a guerrilha, desesperada e ingênua, a francesa luta para não perder a colheita de café. “Estou muito velho para começar de novo”, outra frase. Há inversões de papéis todo o tempo. O roteiro joga com o certo e ou errado, em cima do muro. Quando a revolta de um alienado é acordada, então passionais ficam as ações. “Ele é cru, inacabado”, explica. A música rasga o sentimento cruel sem pudor numa batida de guitarra. Com isso a globalização hipócrita é mostrada, junto com a fanta laranja. Deus não abandona os brancos. “É só material de branco”, explica tudo. O filme é tenso do início ao fim, violento, sem esperança e passa a mensagem que quer, prendendo e domando o espectador. É muito bom. Recomendo.

Ficha Técnica

Direção:Claire Denis
Roteiro:Claire Denis e Marie N’Diaye
Elenco:Isabelle Huppert, Isaach De Bankolé, Nicolas Duvauchelle, William Nadylam, David Gozlan, Christopher Lambert
País:França
Ano:2009

A Sinopse

Maria, mulher branca de origem francesa, tem uma grande plantação de café em uma província na África. Quando a guerra civil se instaura, o país transforma-se em zona de risco e todos os brancos são ordenados a partir. Maria, no entanto, recusa-se a abandonar a vida e os negócios. André, ex-marido e pai de seu filho, procura a ajuda do prefeito, de quem crê ser amigo. O que ele não sabe, contudo, é que o prefeito está envolvido no conflito. E, além disso, ninguém suspeita que nas terras de Maria se esconda um velho rebelde procurado. Competição do Festival de Veneza 2009.

A Diretora

Nasceu em 1948, na França, sendo criada na África. Formou-se no Instituto de Altos Estudos Cinematográficos (IDHEC) em Paris. Após trabalhar como assistente para diretores como Wim Wenders e Jim Jarmusch, dirigiu seu primeiro longa-metragem, Chocolate, exibido em Competição no Festival de Cannes de 1988. Entre seus filmes, destacam-se também Bom Trabalho (2000) e O Intruso, em Competição no Festival de Veneza 2004.

4 Nota do Crítico 5 1

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