Festival Curta Campos do Jordao

W.E. – O Romance do Século
Ficha Técnica
Direção: Madonna
Roteiro: Alek Keshishian, Madonna
Elenco: Abbie Cornish, Andrea Riseborough, Oscar Isaac, Natalie Dormer, Annabelle Wallis, James D’Arcy, Richard Coyle, Laurence Fox, James Fox, Natalie Gal
Fotografia: Hagen Bogdanski
Música: Abel Korzeniowski
Figurino: Arianne Phillips
Produção: Kris Thykier, Colin Vaines
Distribuidora: PlayArte
Estúdio: Semtex Films
Duração: 120 minutos
País: Inglaterra
Ano: 2011
COTAÇÃO: BOM
A opinião
Dizem por aí que reinvenção, criatividade e experimentação são elementos que conduzem a um futuro promissor. Não podemos negar que a pop star Madonna utilizou as três definições anteriores de forma competente, projetada e incisiva, conduzindo o sucesso por meio de polêmicas religiosas, escândalos e inúmeras inovações. A cantora, que já escreveu livro infantil, que já simulou um orgasmo em uma cama durante um show, que lançou o projeto chamado “Sex”, sempre acompanhou as transformações das épocas e gerações. Madonna foi “criada” nos anos oitenta. Tornou-se atriz aos poucos e quando viu protagonizava “Evita”, de Alan Parker, ao lado de Antonio Bandeiras. Não satisfeita, extremamente inquieta e sempre disposta a brigar por desafios, escolheu também ser diretora de cinema, principalmente pelo casamento com o cineasta inglês Guy Ritchie (de “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”, “Sherlock Holmes 1 e 2”) e pela nova moradia, Inglaterra. Seu primeiro longa-metragem é “Sujos e Sábios”, sobre um cigano ucraniano que sonha com a fama como astro do rock. O grupo punk de ciganos que aparece no filme existe realmente e se chama Gogol Bordello, que cedeu três músicas para a trilha sonora. A recém diretora disse que o roteiro referenciava o inicio da trajetória de sua fama. As criticas desastrosas, depreciativas e cruéis não fizeram com que Madonna desistisse de tentar mais uma vez. “W.E. – O Romance do Século”, o novo filme, apresenta um expressivo crescimento profissional em todos os aspectos, tanto de narrativa, música, interpretação, fotografia e câmera. Podemos defini-lo com sobriedade, elegância, requinte e experimentação visual, utilizando-se do silêncio como fio condutor de uma história que intercala épocas. O filme em questão aqui volta a ser parte da história da própria cantora-atriz-diretora. É explicitamente autobiográfico. Conta-se a história de duas frágeis, porém determinadas mulheres – Wally Winthrop e Wallis Simpson – separadas por mais de seis décadas. Em 1998, a solitária nova-iorquina Wally Winthrop (Abbie Cornish) é obcecada por aquela que acredita ser a mais perfeita história de amor: do Rei Edward VIII, que abdicou do trono britânico, por causa da mulher que amou, a divorciada americana Wallis Simpson.
Mas a pesquisa de Wally – incluindo várias visitas ao arquivo dos Windsor, na casa de leilões Sotheby’s – revela que a vida do casal não foi tão perfeita como ela imaginava. Traduzindo, Madonna, americana, casou-se com um inglês, abdicando de sua vida nos Estados Unidos para morar na Terra de Gales. “Essa trama me fascina desde a primeira vez em que eu a ouvi, no colégio, em uma aula de história. Mas só me aprofundei nos detalhes quando me casei e me mudei para a Inglaterra. Viver lá foi um choque, eu sentia desconforto, estava completamente perdida. Era uma estrangeira no dia a dia. Eu não pertencia àquele lugar, entende? Comecei a ler tudo sobre a história do Reino Unido. E cheguei de novo na parte que tinha me interessado nos tempos de colégio: Eduardo VIII, o cara que desistiu de ser rei por causa da mulher que amava. Aquilo que o Edward sacrificou foi monumental, mas também acho que ele não teve bem a noção disso quando abdicou do trono, que nunca mais seria autorizado a regressar ao país. Já me perguntaram muitas vezes se abdicaria de tudo por amor. Acho que é importante compreender que, no amor, e em todas as relações, temos que abdicar sempre de algo”, explica a diretora. É inevitável a referência ao filme “O Discurso do Rei”, vencedor do Oscar em 2011, que contava do ponto de vista do irmão de Eduardo, o futuro rei George 6º, que teve que superar a gagueira para fazer o pronunciamento à nação que levaria o país à guerra. Em “W.E”, a narrativa intercala as duas épocas, fragmentando as histórias, ora tendo uma influenciando na outra, como na cena fantasiosa a qual as duas mulheres se encontram. A fotografia estilizada imprime um glamour natural, em planos detalhes, com imagens intimistas, em certos momentos atingindo a interatividade pelo olhar de uma. Madonna, na maioria de seus clipes musicais, escolheu a dedo a textura da imagem e ângulos de câmera. Aqui não seria diferente. Lembra as investidas de “Vogue”, “Justify My Love”, principalmente nas cenas das festas, por utilizar atmosfera granulada de bastidores, ora amadora, ora vip, ora sexy, ora libertaria, ora proibida, ora observadora, ora participativa, ora com imagens factuais de arquivo, tentando mostrar a intimidade na mais pura essência.
A trilha sonora, de Abel Korzeniowski, é um espetáculo à parte. O compositor polonês, o mesmo de “O Direito de Amar”, de Tom Ford, adiciona emoção à trama, sem apelar ao clichê melodramático, despertando paixão, desejo, amor, educação, suavidade, virilidade, passionalidade controlada, exageros contidos, determinação, deslumbramento, hipnose, tudo por causa do violino que rasga a cena e conduz o espectador a um universo próprio, aludindo à trilha usada, de Shigeru Umebayashi, pelo diretor Wong Kar-Wai em “Amor à flor da Pele”. A narrativa digressiona e, respeitando a inteligência do espectador, não explica os porquês e as conexões logo nos primeiros momentos. As peças são montadas aos poucos por lembranças, cartas, flashbacks e sensações quase mediúnicas. Os diálogos transpassam perspicácia, cotidiano e são equilibrados. “Os homens são criaturas visuais”, divaga-se. Conduz-se como um livro. Na verdade, o filme é a leitura de um romance histórico. “Cannes? Que plebeu!”, alfineta-se. Há homenagens implícitas ao cinema francês e explicitas a Charles Chaplin. É um filme interessante, criativo, esteticamente agradável. O que o prejudica é a duração. É longo e arrastado, compreensível a uma diretora vislumbrada com o primeiro trabalho sério. Com trinta minutos a menos, receberia a cotação de muito bom. Mas completo como está ainda merece respeito e atenção. Vale à pena ser visto. Concluindo, esqueça o preconceito, não se influencia com o que já saiu a mídia internacional. Vá ao cinema e veja! Recomendado. Vencedor do Globo de Ouro 2012 de Melhor Canção (Masterpiece). Madonna colocou um agradecimento à diretora Leni Riefenstahl nos créditos do longa. Ela ficou conhecida com a “cineasta de Hitler” por realizar obras como Triunfo da Vontade. “Estive em alguns sets de filmagem em minha vida, fui casada com alguns diretores e também sou amiga de alguns diretores. Assisti de perto ao que Sean e Guy faziam.Com Sean, vi a importância do ensaio e de deixar tudo o que fosse possível pronto antes de entrar no set. Guy é um diretor mais visual, ele se arrisca mais quanto a movimentos de câmera e coisas assim. Aprendi muito com ele e o respeito muito.”, finaliza a rainha do pop.
Trailer
A Diretora
Madonna Louise Veronica Ciccone nasceu em 16 de agosto de 1958 em Rochester, Michigan, Estados Unidos. Seu primeiro single, “Everybody”, foi lançado em 06 de outubro de 1982, e se tornou um hit nas pistas de dança. Ela começou a desenvolver seu álbum de estréia, auto-intitulado, que foi primeiramente produzido por Reggie Lucas, um produtor da Warner Bros. Em 1985, Madonna entra na carreira cinematográfica, começando com uma breve aparição como cantora no filme Vision Quest, um drama romântico. A trilha sonora teve um single número um na Billboard Hot 100: Crazy For You. Ela também apareceu na comédia Procura-se Susan Desesperadamente (1985), um filme que introduziu a música “Into the Groove”, seu primeiro single número um no Reino Unido. Apesar de não ser a atriz principal do filme, seu perfil foi tal que o filme se tornou amplamente visto (e mercado) como um veículo de Madonna. O filme recebeu uma indicação para o prémio César de Melhor Filme Estrangeiro. O crítico de cinema do The New York Times Vicent Canby nomeou um dos dez melhores filmes de 1985. Enquanto filmavam o vídeo para a música do segundo single de Like a Virgin “Material Girl”, Madonna começou a namorar o ator Sean Penn e se casou com ele em seu aniversário, em 1985. o segundo filme estrelado por Madonna: Who’s That Girl. Ela contribuiu com quatro canções para a trilha sonora, incluindo a faixa título e “Causing a Commotion”. Em junho de 1987, ela embarcou na Who’s That Girl World Tour, que durou até setembro. Madonna protagoniza o filme Evita, no qual ela interpretou o papel título de Eva Perón. Por um longo tempo, Madonna tinha desejado interpretar Perón e até mesmo escreveu ao diretor Alan Parker, explicando como ela seria perfeita para o papel. Depois de garantir, ela passou por um treinamento vocal e aprendeu sobre a história da Argentina e de Perón. Durante as filmagens ela ficou doente, muitas vezes, comentando que “A intensidade das cenas que temos estado a filmar e a quantidade de trabalho emocional e a concentração necessária para passar o dia são tão mental e fisicamente desgastantes que eu tenho certeza que terei que ser internada quando acabar.”Evita era um drama de época e quase 6.000 trajes eram necessárias para as cenas. Madonna vestiu 370 figurinos diferentes, ganhando-lhe um recorde mundial de mais mudanças de roupa em um filme. Ela lançou três singles da trilha sonora do filme, incluindo “You Must Love Me” (que ganhou um Oscar de Melhor Canção Original em 1997) e “Don’t Cry for Me Argentina”. Em 2000, Madonna estrelou o filme The Next Best Thing.
Filmografia Diretora
2011 – W.E
2009 – Sujos e Sábios
Filmografia Atriz
2007 – Arthur e os Minimoys
2002 – Destino Insólito
2002 – 007 – Um Novo Dia Para Morrer
2000 – Sobrou Pra Você
1996 – Evita
1996 – Garota 6
1995 – Grande Hotel – Uma Comédia 5 Estrelas
1995 – Sem Fôlego
1993 – Olhos de Serpente
1993 – Corpo em Evidência
1992 – Neblinas e Sombras, de Woody Allen
1992 – Uma Equipe Muito Especial
1991 – Na Cama Com Madonna
1990 – Dick Tracy
1989 – Doce Inocência
1987 – Quem é Essa Garota?
1986 – Surpresa em Shanghai
1985 – Em Busca da Vitória
1985 – Procura-se Susan Desesperadamente
1979 – A Certain Sacrifice
Bastidores

Pix Vertentes do Cinema

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