Vivi e o Quadro Mágico
Conhecimento que Empodera
Por Jorge Cruz
Mostra Sesc de Cinema 2019
A sociedade está sempre em movimento e conforme as demandas surgem, novos nomes precisam chegar à superfície e fazer valer ou chancelar determinadas vozes. É possível que Isabelle Santos, no meio de sua turma do curso de Publicidade na Federal do Paraná, tenha encontrado bem menos adeptos de sua forma de pensar quanto deveria. Escrever um livro que trata de feminismo direcionado ao público em fase de iniciação da leitura é uma corajosa forma de levantar a bandeira da luta por igualdade. Só que ela foi além e chega na 3ª Mostra Sesc de Cinema com sua obra “Vivi e o Quadro Mágico” adaptada para o audiovisual em um curta-metragem de animação bem fiel ao material original.
A trama é sobre uma menina que não se sente à vontade fora de sua casa. Seja por bullying ou por achar que não querem que ela ocupe determinados espaços. Fato é que sempre uma nuvem chuvosa paira sob a cabeça de Vivi. Seu irmão, na figura representativa do desconstruído, lê “Persépolis”, a graphic novel fundamental de Marjane Satrapi. Até que a protagonista descobre uma maneira de se comunicar com mulheres do passado que sentiram a mesma insegurança, o mesmo incômodo que ela – a começar por Frida Kahlo.
Nesse realismo fantástico de uma casa que lhe acolhe e lhe forma, “Vivi e o Quadro Mágico” lembra um pouco “Coraline e o Mundo Secreto” (2009). Porém, é provável que a força representativa desse curta supere com folga a adaptação de Neil Gaiman para os cinemas. Essa produção é tão eficiente em seu argumento e em sua execução que apenas adultos sonsos não admitirão o poder de sua mensagem.
Se a rua não lhe é permitida, a busca pelo conhecimento é a saída. Em uma parábola incrível sobre empoderamento, e com um equilíbrio perfeito de estética agradável com realismo fantástico na medida, será difícil não elencar Isabelle Santos nas listas de grandes contadoras de histórias do nosso cinema em um futuro breve.