Direção: Matías Bize
Roteiro: Julio Rojas, Matías Bize
Elenco: Santiago Cabrera, Blanca Lewin, Antonia Zegers, Víctor Montero
Fotografia: Barbara Alvarez
Montagem: Javier Estevez
Música: Diego Fontecilla
País: Chile
Ano: 2010
Duração: 83min
A opinião
“A vida dos peixes” é o novo filme do diretor chileno Mathias Bize, que já realizou “Na cama”. A característica principal de seu trabalho é a sinceridade natural dos diálogos de seus personagens sem o sentimentalismo clichê. Eles conversam sobre tudo, com o mesmo grau de convencimento. A camera contemplativa, que busca a ação realista e intimista – que está sempre próxima observando e participando como um “convidado” invisível, complementa a experiência hipnótica ao espectador, que não consegue piscar os olhos. O protagonista, que trabalha escrevendo roteiros turísticos, conversa com amigos, depois de dez anos sem retornar a convivência deles, apresentando uma atmosfera nostálgica que lembra a sensação de se voltar ao passado depois de algum tempo. Expressam-se a necessidade suavizada da superficialidade. Há um limite tênue, extremamente equilibrado, entre o aprofundamento dos personagens e o tempo que se precisa prolongar a ação. “A amizade é a mais importante”, diz-se. “Desconhecidos falando do passado, sempre do passado”, cria-se a definição do que se objetiva. O sentimento, da saudade e do reencontro, é diretriz do roteiro, mostrando os medos e defesas reais que cada um sente. Mas há o paradoxo. Ele volta, mas precisa retornar. É um misto de saudade e de despedida. “Adoraria viver nos hotéis”,diz-se. Revivem e relembram-se o passado e pessoas. A fotografia acrescenta a exposição da introspecção, quando a luz da festa está desfocada na própria imagem, dando coloração diferenciada. Entre “Sexo virtual não é fidelidade”, “Fazer com robô é trair” e “Ménage só com a minha esposa grávida”, dão um tom da banalidade natural. Há perspicácia simples, há leveza, sutileza direta e normalidade, estes elementos estão presentes na maneira que se conversa.
A Sinopse
Andrés vive na Alemanha há dez anos. Trabalhando numa revista de turismo, viaja constantemente e leva uma vida solitária, sem criar muitos laços. Antes de se instalar em Berlim em definitivo, ele decide fazer uma viagem ao Chile para resolver pendências do passado. Durante sua estadia, vai ao aniversário de um antigo amigo, e embora sinta que tem pouco em comum com o mundo que deixou para trás, o reencontro com amigos de infância e com Beatriz, seu grande amor que terminou mal resolvido, o faz confrontar e reavaliar sua vida. Selecionado para o Festival de Veneza.
Nasceu em Santiago do Chile, em 1979. Estudou na Escola de Cinema do Chile, onde dirigiu o longa-metragem Sábado (2003). Seu segundo filme, Na Cama (2005), foi exibido no Festival Internacional de Locarno e premiado com a Espiga de Ouro no Festival de Valladolid. Em 2007, dirigiu Bom de Chorar, exibido no Festival do Rio e ganhador do Prêmio Especial do Júri e da Crítica no Festival Internacional de Valdivia.