Diretor: Abdellatif Kechiche
Roteiro: Abdellatif Kechiche, Ghalia Lacroix
Elenco: Yahima Torres, Andre Jacobs, Olivier Gourmet, Elina Löwensohn, François Marthouret, Michel Gionti, Jean-Christophe Bouvet, Jonathan Pienaar
Fotografia: Lubomir Bakchev
Edição: Ghalia Lacroix, Albertine Lastera e Camille Toubkis
Figurino: Fábio Perrone
Produção: Charles Gillibert, Marin Karmitz, Nathanaël Karmitz
Distribuidora: Imovision
Estúdio: MK2 Productions
Duração: 164 minutos
País: França/ Itália/ Bélgica
Ano: 2010
COTAÇÃO: EXCELENTE


Este filme faz parte da crítica REAÇÃO DO PÚBLICO. O Vertentes do Cinema assiste junto com o público. A sessão escolhida foi Sábado, dia 18 de junho de 2011, às 18 horas, no Estação SESC Botafogo 1. Na plateia, 24 pessoas, principalmente de cinéfilos, como Pedro Butcher e Rosane Serro. Na sala de cinema, os sinais de obra ainda estão visíveis, como cadeiras amontoadas e escadas a mostra. Foram poucos trailers, dando enfoque em propagandas que passam diariamente na televisão (Fiat Uno, Vivo, Clear Anti caspa Masculino e Feminino, Spoleto). A sessão anterior vendeu 31 ingressos. E a última, de 21 horas, 40. Conversando com uma gerente, ela disse que era por causa da crítica negativa. Portanto, cinéfilos de plantão, corram e aproveitem este filme espetacular.
A opinião
“Vênus Negra” conta a história, de um fato real, da Vênus Hotentote, que pertencia ao povo khoisan, a mais antiga etnia humana estabelecida na parte meridional da África, que os primeiros invasores europeus chamaram de hotentotes ou bosquímanos. Foi serva da família Baartman, agricultores holandeses que moravam nas proximidades da Cidade do Cabo. Eles lhe deram o nome de Saartjie (“Pequena Sara”) Baartman. O irmão do seu patrão lhe propôs levá-la em turnê pela Europa, prometendo-lhe a metade do valor dos bilhetes que seriam pagos para vê-la. Esse preâmbulo funciona como explicação à trama apresentada. O roteiro levanta questões sociais e éticas sobre a fama e ou a sobrevivência do dia-a-dia. Os shows que foram propostos a ela na verdade eram de freak show, exibida como um fenômeno de circo, por causa das características físicos herdadas de sua tribo: nádegas enormes e elevadas (como traço de sua etnia, os bosquímanos acumulam gordura não sobre a barriga, mas sobre as nádegas) e os pequenos lábios vaginais muito desenvolvidos (aumentados de 8 a 10 cm a partir da virilha, para baixo), e chamados de “avental hotentote”. O longa-metragem, com quase três horas de duração, inicia-se com uma apresentação dos restos mortais dessa negra: um esqueleto e dois frascos de vidro – um contendo seu cérebro e o outro, seus órgãos sexuais, conservados em formol. Durante quase dois séculos esses restos ficaram expostos no Museu do Homem, em Paris, depois que, em dezembro de 1815, o médico Georges Cuvier fez a necropsia. Infere-se que esta abertura é o final, único caso de não linearidade. Quando a história, em tom digressional ao ano de 1810, em Londres, começa, a narrativa segue a linha clássica.
Nascido na Tunísia, Abdellatif Kechiche chegou a Nice com 6 anos e fez curso de teatro no Conservatório de Antibes. Em “A Culpa é de Voltaire” descreve o dia a dia de um imigrante ilegal, entre detenções e encontros amorosos, e revela seu talento de observador cuidadoso, mas também seu lado romântico e seu amor pelos atores (Sami Bouajila e Aure Atika). Suas qualidades lhe rendem o Leão de Ouro de Melhor Filme de Estreia em Veneza, em 2000. Em 2003, ele dirige “A Esquiva”, ensaio sobre as restrições e aberturas causadas pela linguagem, que derruba vários clichês sobre os conjuntos habitacionais. O filme é elogiado por uma crítica unânime antes de se revelar o grande ganhador do César, com 4 prêmios, dentre os quais o de melhor filme. Ele então começa a filmar “O segredo do grão”, que conta a luta de um velho imigrante argelino que quer abrir um restaurante em Sète e que é recebido triunfalmente no Festival de Veneza de 2007, além de receber quatro Césars, dentre os quais o de melhor diretor.
A Atriz