Festival Curta Campos do Jordao

A Última Estação

Ficha Técnica

Direção: Michael Hoffman
Roteiro: Michael Hoffman, baseado na obra de Jay Parini
Elenco: James McAvoy, Helen Mirren, Christopher Plummer, Paul Giamatti
Fotografia: Sebastian Edschmid
Música: Sergei Yevtushenko
Direção de arte: Erwin Prib e Andreas Olshausen
Figurino: Monica Jacobs
Edição: Patricia Rommel
Produção: Bonnie Arnold, Chris Curling, Jens Meurer
Distribuidora: Sony Pictures
Duração: 112 minutos
País: Alemanha/ Rússia/ Inglaterra
Ano: 2009
COTAÇÃO: BOM

A opinião

“A Última Estação” aborda a vida de Liev (Léon) Tolstói e de sua esposa. O escritor russo, famoso por seus livros “Guerra e Paz”, que levou sete anos para ser concluído – sobre as campanhas de Napoleão, e “Anna Karenina”, nasceu em Yasnaya Polyana, 9 de setembro de 1828, falecendo, aos 82 anos, em Astapovo, 20 de novembro de 1910, de pneumonia, durante uma fuga de sua casa, buscando viver uma vida simples. A sua trajetória criou o movimento chamado Tolstoiano, cujos ideais são a proximidade com o anarquismo, a busca pelo natural, pacifismo, religiosidade sem dogmas, incluindo deixar de fumar e tornando-se vegetariano e celibatário, optando por viajar em vagões de terceira classe, onde havia frio e fumaça. “A felicidade é estar com a Natureza, ver a Natureza e conversar com ela”, escreveu em “Os Cossados”. O longa em questão foca no relacionamento conturbado, repleto de distúrbios e brigas, de Tolstói (Christopher Plummer, de “A Noviça Rebelde” e “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus” – indicado ao Oscar 2010 de Melhor Ator Coadjuvante) e Sofya Andreyevna Bers (Helen Mirren, de “A Rainha” e “Gosford Park”), com quem teve 13 filhos. Ela durante 15 anos, dedicou-se intensamente à vida familiar.

Seu melhor amigo, Vladimir Chertkov (Paul Giamatti) funda o movimento mundial tolstoiano, cujo quartel general fica em Moscou. Lá Chertkov entrevista Valentin Bulgakov (James McAvoy), que, apesar de ter 23 anos, ambiciona ser o secretário particular do escritor, que vive dividido entre sua doutrina da pobreza e da castidade e a realidade de sua enorme riqueza e uma vida de hedonismo. “Tudo que sei, sei somente porque amo”, a frase de Tolstói inicia o filme, direcionando o espectador ao gênero romântico. O ponto alto é a escalação de atores veteranos, a exceção do novato James McAvoy, que vive o secretário. Os mais antigos imprimem sutilezas de interpretação, como o olhar de Paul Giamatti (de “Sideways”). Por este papel, Helen, que conduz sua personagem de forma espetacular, foi indicada ao Oscar 2010 de Melhor Atriz (perdendo, pasmem!, para Sandra Bullock). Quando a música muda o tom, partindo do drama à comédia, a direção da narrativa é atingida. “Está um bonito dia”, “É pagamento por isso”, dizem com extremo pessimismo. Assim, propositalmente, o roteiro tenta ficar na superfície, não aprofundando, remetendo à obra de Dante por exemplo e sua comédia da vida privada.

Mas a estranheza é sentida, por caminhar, sem equilíbrio entre a comédia, o amor, o moderno e o antigo. Em certos momentos, o exagero participa negativamente, destoando do universo que se deseja transmitir. “Enfadonho, avesso à tecnologia”, define-se. A “justiça social” infere muito pouco à parte política e revolucionária. As ações e reações, ora ingênuas, ora hiperativas, ora puritanas, mostram a hipocrisia da falsa liberdade da religião. “Adulador e pervertido”, contrasta-se em outra definição. “Você não precisa de um marido, mas sim de um coro grego”, diz-se. No meio, quem assiste, percebe que a escolha foi o folhetim novelesco e seus conflitos resolvidos rapidamente, complementado por uma fotografia padrão, sem novidades, de retrato de uma época. Aos poucos, mais clichês são introduzidos. Não há escolha entre o comercial e o independente. O amor torna-se melodrama com citações óbvias. A trama aborda ainda “conspiração” sobre os lucros de suas obras. “Amor: eu for a sua obra e você a minha”, diz-se primeiro utópico, depois a confusão de manter o que se escolheu ser. O final mostra cenas de arquivos (não ficcionais) da vida do escritor. Concluindo, um filme que não mantem o equilíbrio, mas que merece ser visto pelas interpretações. Recomendo.

O Diretor

Michael Hoffman nasceu no Havaí, 30 de Novembro de 1956, mas cresceu em Payette, Idaho. Estudou na Boise State University, onde chegou a ser eleito presidente do corpo estudantil. Foi co-fundador do Idaho Shakespeare Festival (juntamente com Doug Copsey e Victoria Holloway) em 1977. Em 1979 ele foi para a Universidade de Oxford, na Inglaterra onde, três anos mais tarde, escreveu e dirigiu o filme Privileged, um longa-metragem estudantil sobre as infelicidades da juventude de classe alta, estrelado pelo colega estudante Hugh Grant.

Filmografia

2009 – A Última Estação
2005 – Desafiando o Perigo
2002 – Clube do Imperador
1998 – Sonho De Uma Noite De Verao
1996 – Um Dia Especial
1995 – O Outro Lado da Nobreza
1991 – Segredos de uma Novela
1988 – Terra Prometida

Pix Vertentes do Cinema

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