Tudo Sobre Fest Aruanda do Audiovisual Internacional da Paraíba 2025

Fest Aruanda do Audiovisual Internacional da Paraíba 2025

Tudo Sobre Fest Aruanda do Audiovisual Internacional da Paraíba 2025

O evento cinematográfico já tradicional de João Pessoa traz uma programação intensa de 03 a 10 de dezembro para celebrar 20 anos de existência

Por Fabricio Duque

20 anos. O Fest Aruanda do Audiovisual Internacional da Paraíba completa duas décadas neste ano e acontece de 03 a 10 de dezembro, em João Pessoa, cidade costeira com clima tropical úmido, à leste do Brasil, conhecida como a “porta do Sol”, por estar estar localizada a Ponta do Seixas, que é o ponto mais oriental da América (“onde o sol nasce primeiro no continente americano”). Desde 2005, em que ocorreu sua primeira edição, idealizado pelo pelo jornalista, escritor e produtor Lúcio Vilar, o Fest Aruanda busca trazer ao público paraibano, em especial o pessoense, com programação gratuita, na Rede Cinépolis (Manaíra Shopping), uma seleção de obras cinematográficas que foram exibidas em outros festivais, mas também ampliar o debate sobre cinema, suas políticas públicas e seus modos de fazer e ver.

“A edição 2025 começou a ser concebida em janeiro último,  até porque uma efeméride desse porte (20 anos), precisava ser celebrada em alto estilo. A ideia de fundir cinema e música era antiga e eu já tinha oferecido a outros eventuais parceiros,  antes mesmo da pandemia. Entretanto,  só agora consegui costurar uma ampla articulação que envolveu a Secom e a Secult, além do próprio governador que abraçou a proposta do AruandaPraia. Creio que a edição de aniversário de duas décadas fará jus a história do festival. Significa ir mais longe na democratização do acesso do grande público ao festival, a céu aberto nas areias de Tambaú”, disse Lúcio Vilar ao Vertentes do Cinema.

Esta edição do Fest Aruanda tem um gostinho ainda mais especial, visto que comemoro aniversário no dia 10 de dezembro, no último dia do festival paraibano. Pois é, minha conexão foi imediata talvez porque nós somos sagitarianos. Tudo é ainda mais vívido, impulsivo e muito apaixonado. Então se você estiver em João Pessoa venha me encontrar e se estiver longe: aceito mensagens.

Pode-se dizer que o Fest Aruanda do Audiovisual Internacional da Paraíba, com chancela da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), é um receptáculo representativo de “abrir caminhos”. Um abrigo e um refúgio de nosso cinema brasileiro, especialmente pelo megafone dado à produção cinematográfica nordestina. Todo esse processo foi “uma caminhada de tantos registros”. Uma das máximas do Fest Aruanda é a democratização. Colocar em tela toda diversidade do cinema paraibano na cena cinematográfica nacional, muito porque a produção cultural do estado está se interiorizando, resgatando histórias desses atores naturais. A comissão de curadoria de curtas contou Amilton PinheiroRodrigo Fonseca e Vivi Pistache. E na de longas, Lúcio Villar e Amilton Pinheiro, dupla que também assina a Direção Artística do festival.

“Percebemos ao longo do processo da curadoria que havia um número considerável de produções da Paraíba em 2025, o que nos remeteu a primeira primavera do cinema paraibano que aconteceu na edição de 2018, quando cinco longas locais participaram da mostra competitiva Sob o Céu Nordestino, que contempla não somente filmes locais, mais produções da região nordeste, o que foi um fato extraordinário diante das dificuldades de editais e de valores destinados para a categoria naquela época e ainda hoje.

Fest Aruanda do Audiovisual Internacional da Paraíba 2025

O que era mais extraordinário na edição deste ano, é que tínhamos uma quantidade maior de longas, oito, para ser avaliados pela curadoria, que teve que se depara com um misto de alegria e de frustração, porque precisávamos descartar parte deles, três, pois este ano a quantidade de longas Sob o Céu Nordestino é de apenas quatro. Como é um ano comemorativo de 20 anos do festival, dois dias, quinta e sexta, serão realizados na praia de Tambaú com exibição de dois longas musicais fora de competição seguida de shows.

Então, selecionamos quatro longas exclusivamente da Paraíba, e o outro, o quinto, colocamos na mostra competitiva Nacional “Corpo da Paz”, de Torquato Joel. A seleção da Nacional se completou com outro filme que perpassa a ditadura militar no Brasil “Honestino”, misto de documentário e ficção, de Aurélio Michiles. Aqui uma observação, além desses dois filmes que tratam diretamente de um dos períodos mais nefastos da história brasileira, temos outro longa na mostra competitiva Sob o Céu Nordestino “O Nordeste Sob a Caravana Farkas”, de Arthur Lins e André Moura Lopes, concentra a história no período da ditadura militar no Brasil.

A mostra competitiva Nacional se completa com um filme que trata, entre outras coisas, da condição da mulher numa sociedade patriarcal “Cyclone”, de Flavia Castro, e outro de abordagem queer “Ato Noturno”, de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, que também permeia a história da dupla Batman e Robin em “Batguano Returns – Roben na Estrada”, de Frederico Benevides e Tavinho Teixeira e “Malaika”, de André Morais, ambos na mostra competitiva Sob o Céu Nordestino, que tem ainda “Outono em Gotham City”, que trata das frustações e redescobertas de um ator frustrado que precisa cuidar da mãe, de Tiago A. Neves”, disse o curador Amilton Pinheiro ao Vertentes do Cinema.

Uma das minhas curiosidades e que imprimo no Vertentes do Cinema, até porque nosso site hospeda a Mostra Um Curta Por Dia, é saber mais quais foram os critérios de escolha dos filmes. Eis que Amilton Pinheiro complementa:

“No começo é sempre uma incógnita, um “mar” de possibilidades com suas inúmeras incertezas. No sentido metafórico, é como fosse um quadro abstrato que vai criando formas mais concretas. O Fest Aruanda sempre primou pela diversidade do cinema brasileiro, com seus múltiplos olhares sobre temas e linguagens. Este sempre foi o fio condutor que norteou e norteia a seleção dos longas e curtas das duas mostras competitivas, a nacional e a Sob o Céu Nordestino. O cardápio de filmes brasileiros é cada vez maior, o que nos coloca um grande desafio ano a ano. Diante dessas premissas, fomos selecionando os filmes das mostras competitivas. Outros parâmetros que nos norteiam são gênero, geografias, etnias, etc, mas sempre o filme, forma e conteúdo, é a chave que determina e prevalece nas escolhas.”

Sobre os júris oficiais da edição de 2025, o Fest Aruanda do Audiovisual Internacional da Paraíba convidou para escolher os melhores filmes da Mostra Competitiva de Longas-Metragens: o jornalista e escritor Fernando Morais; a jornalista e repórter do Canal Brasil Simone Zuccolotto; e o ator e diretor Caco Ciocler. Já para a Mostra Sob o Céu Nordestino, os convocados foram: o jornalista paraibano Marco Túlio Lustosa de Alencar; a atriz pernambucana Hermilia Guedes; e a realizadora carioca Susanna Lira. E para o Júri da Crítica, da Abraccine (Associação Brasileiro de Críticos de Cinema), os convidados foram: Amanda Aouad (Presidente do Júri); Hipólito Lucena; e Renato Félix.

Para o júri da Mostra Competitiva Internacional – Estados Unidos, China, França, Alemanha, Portugal e União Europeia: o professor Sérgio Rodrigo Ferreira; a produtora Bruna Alves Lobo; e o artista visual João Lobo (Presidente do Júri). E para o júri da Mostra Universitária e Independente “Caleidoscópio Universitário da UFPB”, Videoclipes paraibanos, Curtas TCCs e TV Universitária, os convidados foram: o diretor, produtor e cineclubista Sérgio Silveira; a professora Clara Câmara (Presidente do Júri); e a realizadora Ana Dinniz.

Já é tradição no Fest Aruanda do Audiovisual Internacional da Paraíba 2025 prestar homenagens às personalidades admiradas. E para celebrar os vinte anos, que se buscasse significado no casamento então encontraria a  Bodas de Porcelana, que simbolizam a delicadeza e a força de uma união, nada melhor que celebrar vida e obra dos mestres e mestras: à parlamentar Jandira Feghali (PCdoB-RJ) – Troféu Aruanda pela Contribuição à Cultura pelos 5 Anos da Lei Aldir Blanc; Troféu Aruanda Missionária do Cinema Nacional para a jornalista Maria do Rosário Caetano; Troféu Aruanda para Rede Cinépolis pela Difusão do Cinema Brasileiro através do Fest Aruanda, a ser recebido pelo diretor de programação da Cinépolis Brasil, Eduardo Chang; Homenagem póstuma ao ensaísta e ator Jean-Claude Bernardet; Homenagem póstuma ao documentarista Silvio Tendler; e a Geraldo Vandré com o Troféu Aruanda Geraldo Vandré 90 Anos de Música e Poesia.

O Fest Aruanda do Audiovisual Internacional da Paraíba 2025 tem sua abertura amanhã, quarta-feira, 03 de dezembro, no Cinépolis do Manaíra Shopping com o documentário: “Ary, de André Weller, longa que passou pelo Festival É Tudo Verdade e Mostra de Cinema de Tiradentes. O filme apresenta a intensa vida do autor de “Aquarela do Brasil”, Ary Barroso, é narrada em primeira pessoa pelo ator Lima Duarte. Também será exibido o curta “Index”, do fotógrafo e artista visual João Lobo, atualmente radicado em Lisboa.

Raul - O Início, o Fim e o Meio

No dia seguinte, haverá um Tributo Raul Seixas – 80 anos, com exibição do filme de Walter Carvalho, “Raul – O Início, O Fim e O Meio, que conta a trajetória do conhecido cantor e compositor, polêmico, ícone e criador da “sociedade alternativa” ao lado parceiro inseparável, hoje escritor, Paulo Coelho. Após a exibição, às 21h terá um tributo musical com dez artistas paraibanos e às 22h, Paula Chalup e Vivi Seixas, filha de Raul Seixas, trazem pela primeira vez à Paraíba o ‘Rock das Aranhas Show Live’, com músicas revisitadas do eterno ‘maluco beleza’.

Já no dia 05 de dezembro, a programação conta com a exibição do filme documental de Joana Mariani, Me Chama Que Eu Vou, sobre a trajetória musical de Sidney Magal. Logo em seguida, é o próprio Sidney Magal que sobe ao palco Aruanda Praia com sua banda para um show com seus maiores sucessos de todos os tempos.

Sobre a Mostra Competitiva de Longas-Metragens, a lista buscou a diversidade “turbinada” e o propósito social com uma programação que promete reeditar 2018, ano em que se registrou a “primavera” do cinema paraibano com um número recorde de longas-metragens. Foram quatro filmes selecionados: o documentário “Honestino”, de Aurélio Michiles (Festival do Rio); e as ficções “Ato Noturno”, de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon (exibido no Festival de Berlim e no Festival do Rio); “Cyclone”, de Flavia Castro (Festival do Rio); e “Corpo da Paz”, de Torquato Joel (Festival de Brasília).

Para a Mostra Competitiva de Curtas-Metragens, os oito filmes foram: o documentário “A Nave Que Nunca Pousa”, de Ellen de Morais; a animação “Safo”, de Rosana Urbes; e as ficções: “A Arte de Morrer ou Marta Díptero Braquícero”, de Rodolpho de Barros; “Vulkan”, de Julia Zakia; “Samba Infinito”, de Leonardo Martinelli; “Vípuxovuko – Aldeia”, de Dannon Lacerda; “Gilson de Souza – Na Corda Bamba”, de Brunno Alexandre; e “Axé Meu Amor”, de Thiago Costa.

Ato Noturno

Antes de listar a seleção oficial da Mostra Sob o Céu Nordestino, é preciso dizer que o nome homônimo dado é referente ao primeiro longa-metragem paraibano, um documentário do cinema silencioso filmado entre 1924 e 1928, de Walfredo Rodrigues, apresentado em 1929, uma obra histórica que retrata a cultura e a economia do Nordeste da época.

Dito isso, foram quatro longas-metragens escolhidos para a Mostra Sob o Céu Nordestino 2025  foram: o documentário O Nordeste Sob a Caravana Farkas”, de Arthur Lins e André Moura Lopes; e as ficções “Outono em Gotham City”, de Tiago A. Neves; “Batguano Returns – Roben na Estrada”, de Frederico Benevides e Tavinho Teixeira; e “Malaika”, de André Morais.

Já os oito curtas-Metragens da Mostra Sob o Céu Nordestino 2025 foram: os documentários “Boi do Mato”, de Ana Calline; “Colmeia”, de Tatiane de Oliveira; “Teatro em Jampa Vive”, de Kelly Freire Moreira; e as ficções “Jacu”, de Ramon Batista; “Valéria di Roma”, de Carlos Mosca; “Cantilena”, de Dhiones do Congo; “No Compasso do Coração”, de Ary Régis Lima; e “Aláfia”, de Cecilia Fontenele.

Sim, o Fest Aruanda do Audiovisual Internacional da Paraíba 2025 não quis parar por aí, estendendo sua programação com sessões especiais, como as ficções: o longa “Jorge Quer Ser Repórter” de Lula Queiroga e Victor Germano; e o curta “Habeas Pinho”, de Aluízio Guimarães e Nathan Cirino; e os documentários: o longa “Lendo o Mundo”, de Catherine Murphy e Iris de Oliveira; e o média “A Pedra do Reino e o Sertão de Dom Pantero, de Manuel Dantas Vilar.

Para a Sessão Especial PBGÁS – Sessão Première Paris/Paraíba foram escolhidos: os documentários “Saint Germain, 40 graus”, de Bruno Soares da Costa Araujo; “A Alma do Onze”, de Caetano Moura Alves; “Paris Gaza”, de Mariana Inacio Silveira; “Para o corpo, a luta”, de Mayara Valentim Pereira; e “A receita da felicidade”, de Mikaëli Santos.

E para encerrar a programação, o Fest Aruanda do Audiovisual Internacional da Paraíba seleciona onze curtas-metragens para a Mostra Competitiva Caleidoscópio Universitário da UFPB: os documentários “Eletrônica Barbosa”, de Iasmim Barbosa; “18 Andares e Meio”, de Kirk Simpson; “O Futuro Veste Verde”, de Eduarda Galvão; “Uma História Caianense”, de Manoel Carneiro Feitosa; “Lugar de fala – Purple Yosh”, de Juscelino Batista; e “Tire a Mão”, de Carol Cavalcanti e Jhofelix; e as ficções “Meu Lugar, Existências Antropizadas Pelos Espaços Trópicos”, de José Lacerda; “Sem Efeito”, de Carol Cavalcanti; a animação “O Morcego”, de Gealyson José Soares; e os experimentais “C’est Une Belle”, de Will dos Santos; e “Para Não Esquecer”, de Águida Lays Vasques.

Especial Susanna Lira

Para completar os vinte anos, o Fest Aruanda do Audiovisual Internacional da Paraíba oferece também oficinas e masterclass.

Para o VI Laboratório Aruanda/Energisa de Narrativas Audiovisuais, atividade formativa que integra a programação do 20º Fest Aruanda, a ser realizado de 3 a 10 de dezembro de 2025, em João Pessoa-PB, anunciou os 12 projetos selecionados. Conduzido pela “multitarefa” cineasta Susanna Lira, o laboratório acontecerá presencialmente entre os dias 3 e 5 de dezembro, no Hotel Aram Beach & Convention, em Tambaú, reunindo roteiristas, cineastas iniciantes e criadores audiovisuais do Nordeste em uma imersão criativa voltada ao desenvolvimento de projetos de curta, média, longa-metragem e séries.

Após analisar as propostas inscritas, Susanna Lira celebrou a qualidade da edição: “A safra de projetos foi extremamente inspiradora. O recorde de inscrições e a alta qualidade dos temas e formatos só prova o quanto o audiovisual paraibano tem crescido e amadurecido”.

Os filmes selecionados são:

1. O Espelho de Dandara, de Renálide de Carvalho (Bayeux – PB)
2. A Cabeça de Medusa, de Danyelle Alves (Recife – PE)
3. Caroca, de Big Mark (Aracoiaba – CE)
4. Mãezinha, de Vanessa Passos (Fortaleza – CE)
5. Sombras do Mundo, de Julianna Holanda (João Pessoa – PB)
6. Caso Isolado, de Jamila Facury (João Pessoa – PB)
7. Vasto Mundo, de Jonas Gonzaga (João Pessoa – PB)
8. Nós Também, de Victor Felipe dos Santos (Mamanguape – PB)
9. Foguetes no Quilombo, de Bruno Xavier (Fortaleza – CE)
10. Eu Sei o que Eu Vivi, de Tatiana Learth e Luciana Vinagre (Recife – PE)
11. Homem de Bem, de Lucas Cavalcanti (João Pessoa – PB)
12. Pérola Negra, de Samuel Gonçalves (João Pessoa – PB)

As oficinas: ”A Montagem e o Trágico no Documentário” com o montador Renato Vallone. Uma reflexão teórica sobre o papel da montagem na forma como o documentário organiza e devolve ao espectador imagens do trágico; e “Cartografias do corpo negro na tela” com a diretora e pesquisadora Carine Fiúza, que propõe uma imersão crítica nas formas como pessoas negras foram representadas na história do cinema produzido na Paraíba. A partir da análise iconográfica e iconológica de Aruanda e do debate aberto pelo artigo “África e Sertão da Paraíba: Luanda, Aruanda”. Em diálogo com essas leituras, a oficina desloca o debate para as epistemologias do Cinema Negro Paraibano no feminino, destacando processos de memória, autorrepresentação e reelaboração política da imagem desenvolvidos por cineastas negras contemporâneas. E por último a masterclass “Do corte ao DCP”, com com Thiago Belconfine, Gerente técnico da Mistika Post.

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