Tudo Sobre a Quinzena dos Cineastas do Festival de Cannes 2025

Quinzaine des Cinéastes 2025

Tudo Sobre a Quinzena dos Cineastas do Festival de Cannes 2025

A mostra paralela e independente chega a sua 57ª edição, de 14 a 24 de maio, trazendo o mais “singular da escrita cinematográfica contemporânea”

Por Fabricio Duque

Ainda que a Quinzena dos Cineastas, que antes era Quinzena dos Realizadores, seja considerada uma mostra paralela e independente do Festival de Cannes 2025, suas edições mostram que praticamente estão em pé de igualdade com a Un Certain Regard e até mesmo com a competição oficial a Palma de Ouro. Em 2025, a Quinzaine des Cinéastes (em seu nome original) chega a sua 57ª edição e acontece de 14 a 24 de maio, “apresentando o que há de mais singular na escrita cinematográfica contemporânea”.

Com direção artística de Julien Rejl (que já foi ator no curta “Kanani”, de Maïa Difallah), a Quinzaine des Cinéastes 2025 homenageou o Brasil com A Fábrica, que “visa o surgimento de novos talentos no cenário internacional, permitindo que jovens locais e casais de cineastas internacionais se encontrem e criem juntos. Para sua 10ª edição, a Fábrica dos Cineastas traz o Brasil com força total como uma celebração da sua essência e do poder da criação coletiva”. E não só o Brasil, mas especificamente o Ceará de Karim Aïnouz. Depois de Taiwan, Dinamarca e Finlândia, o Chile, África do Sul, Líbano, Tunísia, Sarajevo, Norte de Portugal e Filipinas, a Quinzena dos Realizadores, Janaina Bernardes (Cinema Inflamável) e Dominique Welinski (DW) juntam forças para continuar a aventura com os Diretores Fábrica Ceará Brasil. 

Para esta edição marcante no contexto da Cooperação Cultural Brasil-França, pelo padrinho Karim Aïnouz, esta Fábrica, inteiramente filmada e finalizada em Fortaleza, conta com o apoio do Governo do Ceará por meio da Secretaria de Cultura, representado pelo Instituto Mirante e Instituto Dragão do Mar, em parceria com Projeto Paradiso e no parceiro francês Titrafilm. “Temos orgulho em apresentar, no âmbito da Quinzena dos Realizadores, fruto destes trocas: quatro curtas-metragens co-escritos e co-dirigido por quatro duplas de jovens cineastas do Norte e Nordeste do Brasil, Cuba, Portugal, Israel e França. Os filmes serão exibido no Théâtre Croisette na quarta-feira, 14 de maio, dia de abertura da 57ª edição da Quinzena dos Realizadores”, texto do catálogo oficial.

A abertura conta com quatro curtas-metragens: “A Fera do Mangue”, de Wara (Ceará) e Sivan Noam Shimon (Israel); “A Vaqueira, a Dançarina e o Porco”, de Stella Carneiro (Alagoas) e Ary Zara (Portugal); “Ponto Cego”, de Luciana Vieira (Ceará) e Marcel Beltrán (Cuba); e “Como Ler o Vento”, de Bernardo Ale Abinader (Amazonas) e Sharon Hakim (França). Os filmes geraram mais de cem profissionais cearenses do audiovisual.

“A 57ª edição da Quinzena é diversa, mista e rica em descobertas. Ele celebra uma vivacidade cinematográfica inestimável que é mais crucial do que nunca, mesmo que cineastas e produtores achem cada vez mais difícil financiar seus projetos. Ela está ao lado de diretores do mundo todo na luta contra a padronização, a comercialização e, portanto, a neutralização do cinema. Temos o prazer de compartilhar com vocês uma seleção que celebra a arte de encenar, bem como o desejo e a generosidade dos autores”, escreve a diretora artística no catálogo original.

A Quinzena 2025 também traz como “um absurdo convidado de honra”, o diretor, ator, produtor e “rei da elegância cômica” Alain Chabat, “numa forma de autor de cinema convencional, onde o absurdo e o humor escolar convivem com irreverentes e encantados mundos adequados para crianças maiores”. Também em 2025, a SRF, Sociedade de Mulheres Diretoras e diretores de cinema (Société des Réalisatrices et Réalisateurs de Films), presta tributo ao cineasta americano Todd Haynes, “nascido no coração da contracultura americana e que questiona os padrões, sejam social, sexual ou artístico, que receberá o Carrosse d’Or deste ano, exibirá seu “I’m Not There”, filme cinebiografia que atravessa os anos da vida de Bob Dylan, e conversará com o público sobre sua carreira.

As outras edições celebraram: Andrea Arnold (2024); Souleymane Cissé (2023); Kelly Reichardt (2022); Frederick Wiseman (2021); John Carpenter (2019); Martin Scorsese (2018); Werner Herzog (2017); Aki Kaurismäki (2016); Jia Zhangke (2015); Alain Resnais (2014); Jane Campion (2013); Nuri Bilge Ceylan (2012); Jafar Panahi (2011); Agnès Varda (2010); Naomi Kawase (2009); Jim Jarmusch (2008); Alain Cavalier (2007); David Cronenberg (2006); Ousmane Sembène (2005); Nanni Moretti (2004); Clint Eastwood  (2003); e Jacques Rozier (2002). 

Também no campo dos prêmios honorários, o diretor e roteirista francês Thomas Cailley é o primeiro vencedor do Prêmio Alpino que lhe será concedido em 22 de maio de 2025, durante a cerimônia de encerramento da Quinzena dos Cineastas. O prêmio “visa recompensar cineastas que têm a audácia de quebrar o códigos e definir novos caminhos para o cinema francês e internacional”.

Desde 1969, a Quinzena dos Cineastas abre suas portas para amantes do cinema do mundo todo. Mas em 2024, foi instaurado o Audience Choice (Prêmio do Público), que é a primeira vez na história do Festival de Cinema de Cannes que um espectador é jurado e vota no filme favorito. O Prêmio Escolha do Público foi criado como um selo que “visa incentivar um trabalho único e diferente de um cineasta, cuja escrita encena surpresas e deleites”. Como parceira privilegiada do Prêmio Escolha do Público, a Fundação Chantal Akerman concede um prêmio de 7.500 euros ao cineasta vencedor. 

Sobre a arte da Quinzaine des Cinéastes 2025, o poster “evoca” “um dos principais encrenqueiros do cinema independente americano (“Spring Breakers”)”, Harmony Korine, que “subverte a cultura pop e seus clichês há 30 anos em uma obra híbrida na encruzilhada do cinema, da pintura e da multimídia. Promotor de uma arte do erro, a “Arte Mistakista”, ele privilegia a imperfeição técnica, os acidentes e as quebras de tom para mergulhar o espectador num universo hipnótico e decadente”. Os personagens da pintura são chamados de Twitchys (um objeto pop que faz uma alusão à estética dos jogos e sua profusão de formas e cores digitais).

A comissão de seleção, composto por Àlvaro Arroba, Hervé Aubron, Caroline Maleville, Emilie Poirier, Gabriela Trujillo e Muyan Wang, escolheu 19 longas-metragens e 10 curtas-metragens. Da lista, cineastas que causaram comoção por não estarem na competição oficial, como o novo filme de Christian Petzold com “Mirrors No. 3”; Nadav Lapid com “Yes”; e o filme de abertura “Enzo”, que foi realizado e finalizado por Robin Campillo após a morte súbita de Laurent Cantet. O filme de encerramento será “Sorry, Baby”, da cineasta Eva Victor, estreante na direção de um longa-metragem.

CONFIRA A LISTA COMPLETA DOS FILMES SELECIONADOS PELA QUINZENA DOS CINEASTAS 2025

Enzo

OS LONGAS-METRAGENS

ENZO de Laurent Cantet, réalisé par Robin Campillo – film d’ouverture

AMOUR APOCALYPSE (Peak Everything) de Anne Émond

BRAND NEW LANDSCAPE (見はらし世代) de Yuiga Danzuka – premier long métrage

CLASSE MOYENNE (The Party’s Over!) de Antony Cordier

DANGEROUS ANIMALS de Sean Byrne

LA DANSE DES RENARDS (Wild Foxes) de Valéry Carnoy – premier long métrage

L’ENGLOUTIE (The Girl in the Snow) de Louise Hémon – premier long métrage

LES FILLES DÉSIR (The Girls We Want) de Prïncia Car – premier long métrage

GIRL ON EDGE (Hua yang shao nv sha ren shi jian) de Jinghao Zhou – premier long métrage

INDOMPTABLES de Thomas Ngijol

KOKUHO de Lee Sang-il

LUCKY LU de Lloyd Lee Choi – premier long métrage

MILITANTROPOS de Yelizaveta Smith, Alina Gorlova & Simon Mozgovyi

MIROIRS No. 3 (Mirrors No. 3 ) de Christian Petzold

LA MORT N’EXISTE PAS (Death Does Not Exist) de Félix Dufour-Laperrière

THE PRESIDENT’S CAKE (Mamlaket al-Qasab) de Hasan Hadi – premier long métrage

QUE MA VOLONTÉ SOIT FAITE (Her Will Be Done) de Julia Kowalski

YES de Nadav Lapid

SORRY, BABY de Eva Victor – premier long métrage – film de clôture

OS CURTAS-METRAGENS

+10K de Gala Hernández López

BEFORE THE SEA FORGETS de Ngọc Duy Lê

THE BODY de Louris van de Geer

BREAD WILL WALK (Le pain se lève) de Alex Boya

CŒUR BLEU (Blue Heart) de Samuel Suffren

KARMASH (کرمش) de Aleem Bukhari

LOYNES de Dorian Jespers

LA MORT DU POISSON (Death of the Fish) de Eva Lusbaronian

NERVOUS ENERGY de Eve Liu

WHEN THE GEESE FLEW de Arthur Gay

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