Tudo Sobre a Mostra Online Vertentes Paraibanas de Cinema
Seleção especial acontece gratuita no site Vertentes do Cinema acontece de 01 a 08 de dezembro de 2022 e exibe 8 curtas-metragens tipicamente nordestinos
Por Clarissa Kuschnir
No último mês do ano, acontece um dos mais tradicionais festivais de cinema do Brasil. Em sua 17ª edição, o Fest Aruanda se realizará de 01 a 07 de dezembro, na bela litorânea e acolhedora capital paraibana. E durante todos esses anos, o festival tem se destacado cada vez mais no cenário do audiovisual brasileiro, levando para seu público filmes de várias partes do Brasil e com uma curadoria muito singular. Além de convidados ilustres da nossa cultura, do nosso cinema e até da música como: Ruy Guerra, Lima Duarte, Antônio Pitanga, Othon Bastos, Júlio Bressane, Jean-Claude Bernardet, Paulo César Pereio, Paulo Caldas, Patrícia Pillar, Elba Ramalho, Ney Matogrosso, entre outros tantos.
Sem contar que o festival contempla a cada ano, importantes nomes da sua cinematografia local como as grandes e essenciais atrizes Zezita Matos e Marcélia Cartaxo, os irmãos cineastas e veteranos Walter e Vladimir Carvalho, Marcus Vilar, Vânia Perazzo e fotógrafo João Paulo Beltrão. Enfim, a lista é grande e além dos longas metragens nacionais, destacam-se as sessões dos filmes Sob O Céu Nordestino (uma mostra só com filmes do Nordeste), especialmente em sua programação os curtas-metragens. Dentro da Mostra Sob o Céu Nordestino (que a cada ano fica mais concorrida) há uma seleção de excelentes curtas paraibanos. Sim, a Paraíba tem se consolidado cada vez mais com criatividade, ótimos roteiros e muita resistência por parte de uma nova leva de realizadores. Sem contar que nesses últimos anos, o estado tem recebido (ainda que poucos) recursos de suas leis a exemplo do Edital Walfredo Rodrigues, em parceria com o FSA(SAV) da Agência Nacional do Cinema (Ancine). E para quem não sabe, foi na Paraíba que surgiu o curta “Aruanda”, um deflagrante do nosso Cinema Novo, realizado pelo cineasta Linduarte Noronha, em 1960.
Aproveitando essa boa safra de curtas, Clarissa Kuschnir, curadora de curtas-metragens do Vertentes do Cinema inventou mais moda junto com Fabricio Duque: uma seleção (escolhida à dedo e olhar plural) de 8 obras paraibanas que estarão em cartaz no site do Vertentes, durante o período do festival. São filmes que estiveram no festival presencial em 2017, 2018 e 2019, justamente nos anos, em que Clarissa fez parte da comissão de seleção de curtas nacionais, ao lado de Amilton Pinheiro (curador oficial do festival) e da jornalista e pesquisadora Suyene Correia Santos.
A curadoria de Clarissa Kuschnir, e organização de Fabricio Duque, buscou temas diversos, atuais e engajados que dialogassem com o público, como curtas que se destacaram tanto de público quanto do júri e da mídia especializada. Alguns deles, inclusive, foram vencedores em algumas categorias. Ou seja, além de concorrerem na categoria nacional, esses curtas também estiveram na Mostra de Curtas Sob o Céu Nordestino.
A Mostra Online Vertentes Paraibanas de Aruanda acontece paralela ao Fest Aruanda, de 01 a 08 de dezembro de 2022. Sempre um filme por dia, durante 24 horas.
Começamos com o filme de abertura “Brasil, Cuba”, dos cineastas Bertrand Lira e Arturo de La Garza. O curta doc fala sobre as diferenças entre um avô e um neto, na pequena cidade chamada Brasil, em Cuba. Com destaque para a bela fotografia, o curta recebeu prêmio na categoria tanto na Mostra Nacional, quanto na Mostra paraibana, na edição de 2019 do festival. O curta reuniu cineastas de dois países. Bertrand Lira (professor, pesquisador e realizador paraibano) e o mexicano Arturo de La Garza.
O segundo curta é “Quitéria” de Tiago A. Neves. Protagonizado pela atriz Arly Arnaud, a ficção rodada em Campina Grande é uma ficção sobre uma mulher que vive no sertão e que ao sofre uma perda, tenta se redescobrir e ver vida, mais colorida. Pelo papel Arly recebeu, o prêmio de melhor atriz e o filme se saiu consagrado como o melhor curta, da Mostra Sob o Céu Nordestino, na edição de 2019. Quitéria, faz parte de um movimento chamado Cinema Instantâneo que irei explicar melhor no texto, da próxima mostra do Vertentes.
O terceiro filme “Rasga Mortalha” é dirigido pela cineasta Pattrícia de Aquino. Da nova geração de talentosas cineastas paraibanas, Pattrícia em seu primeiro curta traz para as telas, a história de seu Arlindo (protagonizado por Buda Lira), que desconfia que uma coruja agourenta, possa ser responsável, pelas mortes na pequena cidade onde vive. Com o intuito de dar fim aos acontecimentos, ele decide caçar a coruja. A ficção é baseada na lenda da Rasga Mortalha, ave muito comum, no interior do Brasil. Rasga Mortalha rodou vários festivais pelo Brasil e Buda Lira, recebeu o prêmio de melhor ator, na categoria curtas nacionais, na edição do Fest Aruanda de 2019.
O quarto filme “O Grande Amor de Um Lobo”, apesar de não ter sido rodado na Paraíba merece destaque por ter sido aclamado durante várias de suas sessões, por festivais do Brasil. As razões: primeiro por ter sido um produto realizado em conjunto, durante uma oficina dada pelo cineasta paraibano Kennel Rógis, em São Miguel do Gostoso (durante o famoso festival de cinema, no litoral do Rio Grande do Norte). Kennel (que é natural de Coremas, alto sertão da Paraíba) dirige ao lado de Adrianderson Barbosa que protagoniza o próprio filme, contando sua vida e seus projetos para o futuro, ao mesmo tempo em que encena um filme de amor. Eis a segunda razão, é que o curta consegue dialogar com o público jovem, mostrando as dificuldades, do viver em sociedade. O curta recebeu prêmio de melhor roteiro, para os dois diretores e melhor júri popular, na Mostra de Curtas Nacionais. E melhor montagem e júri popular, na Mostra de Curtas Sob o Céu Nordestino, no ano de 2019.
O quinto e ousado curta “Atrito”, de Diego Lima retrata o dia a dia da difícil relação entre uma mãe extremamente religiosa e seu filho adolescente. Protagonizado por Suzy Lopes (Bacurau, Fim de Festa), e Felipe Espíndola o curta recebeu diversos prêmios na edição de 2017 nas categorias: melhor curta paraibano, Prêmio da Crítica-Abraccine, diretor, atriz e ator.
“De Vez quando, quando eu Morro, eu Choro”, de R. B Lima é o sexto filme da mostra. Com temática LGBTQI+ o drama também é um filme que percorreu diversos festivais pelo país e levou, os prêmios de melhor roteiro e curta paraibano, na edição de 2018.
O sétimo curta “Faixa de Gaza”, de Lúcio César Fernandes aborda a briga entre facções, na periferia de João Pessoa. O filme conta com a atuação de Marcélia Cartaxo e recebeu prêmios, de melhor direção e som (sim o som do filme é excelente, ainda mais em tela grande,) na mostra de curtas paraibanos.
E o último filme escolhido propositalmente é um extra: “No Oco do Tempo”, dirigido pelo paulista Antonio Fargoni. O filme foi rodado em Cabaceiras, interior da Paraíba com atuação do paraibano e faz tudo Hipólito Lucena, que atua como Pedro Jeremias que vive sozinho e tem como arma, um papel e uma caneta. É o segundo filme do movimento do Cinema Instantâneo e é inspirado em um livro. E o Cinema Instantâneo, será a próxima mostra do Vertentes.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
01/12 – QUINTA-FEIRA – ABERTURA
“Brasil, Cuba”, de Bertrand Lira e Arturo De la Garza (DOC, 2019, 12 min)
Início da sessão: meia-noite e um – LINK AQUI
02/12 – SEXTA-FEIRA
“Quitéria”, de Tiago A. Neves (FIC, 2019, 14 min)
Início da sessão: meia-noite e um – LINK AQUI
03/12 – SÁBADO
“Rasga Mortalha”, de Pattrícia de Aquino (FIC, 2019, 15 min)
Início da sessão: meia-noite e um – LINK AQUI
04/12 – DOMINGO
“O Grande Amor de um Lobo”, de Adrianderson Barbosa e Kennel Rógis (DOC, 2018, 12 min)
Início da sessão: meia-noite e um – LINK AQUI
05/12 – SEGUNDA-FEIRA
“Atrito”, de Diego Lima (FIC, 2017, 18 min)
Início da sessão: meia-noite e um – LINK AQUI
06/12 – TERÇA-FEIRA
“De Vez em quando, quando eu morro, eu choro”, de R.B Lima (FIC, 2017, 15 min)
Início da sessão: meia-noite e um – LINK AQUI
07/12 – QUARTA-FEIRA
“Faixa de Gaza”, de Lúcio Cesar Fernandes (FIC, 2019, 16 min)
Início da sessão: meia-noite e um – LINK AQUI
08/12 – QUINTA-FEIRA
“No Oco do Tempo”, de Antonio Fargoni (FIC, 2019, 10 min)
Início da sessão: meia-noite e um – LINK AQUI
SERVIÇO
Mostra Online Vertentes Paraibanas de Aruanda
De 01 a 08 de dezembro de 2022, sempre à meia-noite e um, por 24 horas – LINK AQUI
Online no site Vertentes do Cinema (vertentesdocinema.com). Sessões gratuitas.