Tudo o que aconteceu na Mostra CineBH 2022
Confira nosso balanço e a lista de vencedores da 16ª edição que aconteceu entre os dias 20 e 25 de setembro na capital mineira
Por Vitor Velloso
A 16ª edição da CineBH 2022 aconteceu entre os dias 20 e 25 de setembro na capital mineira, com programação gratuita em 11 espaços na cidade. Entre debates, sessões e exibições na praça, o evento “beneficiou mais de 15 mil pessoas, alcançou mais de 1,2 milhão de pessoas nas redes sociais, a plataforma do evento foi acessada por mais de 50 mil pessoas de 48 países”.
Ao longo da programação, a temática central desta edição, “Cinema Latino-Americano: quais as imagens da internacionalização?” foi debatida e buscou-se trabalhar parte dos conceitos expostos já no título da temática. E que, de algum modo, é um tema recorrente na história da CineBH, especialmente agora com a proposta de expansão da Mostra, para uma “américa-latinização da Mostra”, nas palavras de Cléber Eduardo. Outros debates foram promovidos visando uma ampla circulação desse debate, mas a variedade da programação obrigou o Vertentes do Cinema a fazer determinadas escolhas de cobertura, já que com o aumento de espaços na cidade que receberam o festival, a locomoção entre os eventos foi uma dificuldade a ser enfrentada.
Tudo sobre a Mostra CineBH 2022
Saiba tudo o que aconteceu na abertura da Mostra CineBH 2022
A nova face da CineBH 2022 trouxe uma série de mudanças importantes para a Mostra, especialmente uma maior amplitude ao longo da capital mineira, o que é de suma importância para a expansão a nível nacional e internacional.
Na 13º edição do Brasil CineMundi, o encerramento contou com o anúncio dos vencedores e com diversas homenagens, encontros de amigos e discursos dos envolvidos no evento. Vale destacar as falas de Sara Silveira sobre o atual momento cultural brasileiro e o desmonte da cultura nacional, um desafio que deve ser encarado pelos profissionais da cultura com bastante seriedade e responsabilidade. Entre abraços calorosos e votos de esperança pelos momentos vindouros, a 16ª CineBH 2022 contou com a projeção de diversas obras que não apenas debatiam a temática, como refletiram sobre a condição do cinema latino-americano ao longo de sua história.
Na Mostra Histórica, nosso destaque fica com “Como Dói Ser Povo”, de Hugo Roncal, seguido do debate de Pedro Butcher – curador da Mostra CineBH e colaborador do Brasil CineMundi – RJ e Sebastian Morales – professor, escritor, crítico de cinema, programador e pesquisador – Bolívia.
Na Mostra Cinemundi, “Anastácias”, de Thatiane Almeida, teve uma exibição de grande repercussão e fortes emoções, com amplas conversas na pós-sessão.
Já na Mostra Continente, nosso destaque é para o “O Grande Movimento”, de Kiro Russo, em uma sessão no aconchegante Una Cine Belas Artes, que permitiu os espectadores presentes, refletirem sobre as diferentes contradições das conjecturas políticas e metafísicas da condição do povo latino-americano.
OS VENCEDORES DA 13ª BRASIL CINEMUNDI
O projeto na categoria Em Desenvolvimento vencedor do prêmio dado pelo Júri Oficial, formado pelos produtores Dirk Manthey, Sara Silveira e Sophie Erbs, foi “A Onça” (MG), com direção de Emanuel Lavor e produção de Bruno Torres, da empresa produtora Fuskazul Filmes. O projeto levou o Troféu Horizonte e ganhou prêmios dos parceiros da 16a CineBH e do 13o Brasil CineMundi: DOT (R$ 15.000 em serviços de finalização), MISTIKA (R$ 15.000 em serviços de pós-produção), Parati Films (800 euros em tradução de roteiros para longa-metragem – português para francês) e Naymovie (R$ 15.000 em serviços de locação de equipamentos de iluminação, acessórios e maquinaria).
O júri justificou a escolha por “A Onça” pelo “olhar que lança o futuro, que abraça a terra, que coloca a diversidade no centro das atenções, que potencializa as mulheres em gerações esquecidas, que educa com a sua força interior sem depender do homem, que denuncia um bioma em confronto com denúncias de desmatamento, que abre horizontes internacionais com possibilidades de criar pontes e conexões, que traz a potência das histórias de um Brasil profundo”.
COOPERAÇÃO E INTERCÂMBIO
O mineiro “A Onça” ainda levou o Prêmio World Cinema Fund (Alemanha) por suas potenciais “camadas fílmicas e temáticas muito diferentes e que podem ser desenvolvidas em ambas as direções: estilísticas e de estratégia de público”, além do que “os temas contemporâneos do filme e a ressonância que eles podem encontrar em todo o mundo, bem como a abordagem de produção, contribuíram para essa decisão”, conforme justificativa do Fundo.
O projeto “Borda do Mundo” (RJ), com direção de Jô Serfaty e produção de Clarissa Guarilha, ganhou o Prêmio MAAF/Projeto Paradiso (vaga para produtor no Málaga Festival Fund & Co-production Event, na Espanha, em 2023, e R$ 6 mil do Paradiso), justificado por “se aproximar da conscientização global para o desenvolvimento sustentável e um desenho de produção viável”. O mesmo projeto levou ainda o Prêmio Torino Film Lab (vaga para produtor no TFL Meeting Event, na Itália, em 2022), por seu “tema muito contemporâneo, que precisa ser tratado com urgência”.
“Encontrando Norma” (SP), de Lívia Perez, com produção dela e de Alice Riff e Giovani Francischelli, venceu um dos prêmios do Forum RIDM (vaga para produtor de projeto de documentário da categoria Em Desenvolvimento), por “construir pontes entre o sul e o norte, entre o passado e o presente e sobretudo entre duas mulheres que buscam a afirmação de suas expressões artísticas”. O outro prêmio do Forum RIDM (vaga para diretor ou produtor de documentário na categoria WIP Work in Progress) foi para “Assexybilidade”, com direção de Daniel Gonçalves e produção de Roberto Berliner e Leo Ribeiro, por abordar “um tipo de apagamento histórico que ainda hoje permanece às margens das discussões sobre inclusão e diversidade”. Ambos estarão no RIDM – Rough Cut Lab na próxima edição do Festival Internacional de Documentário de Montreal (Canadá).
O Prêmio Nuevas Miradas (Cuba) foi para “Terra no Olho”, da categoria Foco Minas, com direção de Yasmin Guimarães e produção de Daniela Cambraia e Mariana de Melo. A justificativa é de que sua temática é “tão pertinente quanto necessária nos momentos em que vivemos, além da equipe de mulheres poderosas que estão iniciando suas carreiras profissionais”. “Walala” (MT), do diretor Perseu Azul e produção de Daniel Calil, levou o Prêmio Encuentros BioBioCine (Chile) pela “abordagem autoral e narrativa alegórica sobre a destruição contínua e progressiva sofrida pela natureza no Brasil”. O mineiro “A Onça” foi anunciado durante a cerimônia como um segundo projeto a ganhar o prêmio Encuentros BioBioCine.
No Prêmio DocSP (vaga para produtor de documentário da categoria Em Desenvolvimento nas rodadas de negócios na próxima edição do DocSP), “O Passe de Gil” (BA), direção de Isaac Donato e produção de Marília Cunha, foi escolhido pela forma como apresenta “a experiência da dança de um mestre do balé clássico e do candomblé em busca de um sucessor”. O mesmo projeto também ganhou o Prêmio Edina Fuji (pela “suspensão que procura encaixar os mistérios do ser humano”.
“Cavalaria Espacial” (DF), direção de Cássio Oliveira e produção de Camila Machado, na categoria DocBrasil Meeting, ficou com dois prêmios: o DocMontevideo (vaga para produtor de projeto de documentário da categoria Em Desenvolvimento nos meetings e workshop na próxima edição do DocMontevideo, no Uruguai), pelo “potencial de ressaltar com drama e humor os absurdos da nossa experiência na planície da terra e agora com o terraplanismo”; e o Conecta (vaga para produtor de documentário da categoria Em Desenvolvimento no Conecta – International Documentary Industry Meeting, no Chile), “por revelar uma história tão inesperada e improvável quanto necessária para tornar o mundo visível”.
No Prêmio CTAv, dado a um projeto na categoria Foco Minas, o escolhido foi “Orquestra Vazia”, direção de Maria Leite e produção de Marcella Jacques, pelo “gesto ambicioso de imaginar um cinema e uma animação ancorados nas suas origens mais artesanais e fantásticas”. E o Prêmio O2 Play (encoding para filme finalizado) escolheu “Quando eu me Encontrar”, direção de Amanda Pontes e Michelline Helena e produção de Caroline Louise, por sua “narrativa regional e universal pautada por relações afetivas familiares”
O texto foi divulgado pela Universo Produção, em seu site oficial e pode ser lido aqui.
Prêmio O2 Play (Brasil)
QUANDO EU ME ENCONTRAR, dirigido por Amanda Pontes e Michelline Helena e produzido por Caroline Louise.
Prêmio Forum RIDM – Rough Cut Lab (Canadá)
ASSEXYBILIDADE, direção de Daniel Gonçalves, produção de Roberto Berliner e Leo Ribeiro.
Prêmio CTAv (Brasil)
ORQUESTRA VAZIA, direção de Maria Leite, produção de Marcella Jacques
Prêmio Edina Fujii – Naymovie (Brasil)
O PASSE DE GIL, direção de Isaac Donato e produção de Marília Cunha
Prêmio Conecta (Chile)
CAVALARIA ESPACIAL, de Cassio Oliveira y Camila Machado.
Prêmio DocMontevideo (Uruguai) – Luis González
CAVALARIA ESPACIAL, dirigido por Cássio Oliveira e produzido por Camila Machado.
Prêmio DocSP (Brasil)
O PASSE DE GIL, dirigido por Isaac Donato e produzido por Marília Cunha.
Prêmio Encuentros BioBioCine (Chile)
WALALA do diretor Perseu Azul e do produtor Daniel Calil
Prêmio para participação presencial – Prêmio Encuentros BioBioCine (Chile)
A ONÇA do diretor Emanuel Lavor e os produtores Bruno Torres e Daniel Jaber.
Prêmio Nuevas Miradas (Cuba)
TERRA NO OLHO, direção de Yasmin Guimarães e produção de Daniela Cambraia e Mariana de Melo.
Prêmio Fórum RIDM – One-on-one Pitches (Canadá)
ENCONTRANDO NORMA direção de Lívia Perez, produção de Alice Riff, Giovanni Francischelli e Lívia Perez.
Prêmio Torino Film Lab (Itália)
BORDA DO MUNDO, direção de Jô Serfaty, produção de Clarissa Guarilha
Prêmio World Cinema Fund – Audience Design (Alemanha)
A ONÇA, direção de Emanuel Lavor, produção de Bruno Torres e Daniel Jaber.
Prêmio MAFF – Festival de Málaga (Espanha)/Projeto Paradiso
BORDA DO MUNDO, direção de Jô Serfaty, produção de Clarissa Guarilha.
Prêmio Júri Oficial – Troféu Horizonte
A ONÇA, do diretor Emanuel Lavor e os produtores Bruno Torres e Daniel Jaber.