Direção: Nicole Holofcener
Roteiro: Nicole Holofcener
Elenco: Catherine Keener, Amanda Peet, Oliver Platt, Rebecca Hall, Sarah Steele, Ann Guilbert
Fotografia: Yaron Orbach
Montagem: Robert Frazen
Música: Marcelo Zarvos
Duração: 91 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
A opinião
“Sentimento de Culpa”, traduzido do original “Please, give”, aborda a máxima do sentimento atual: a culpa pelas desigualdades sociais e para com o próximo, devido ao individualismo exacerbado, paradoxalmente massificado pela própria sociedade. Ser único, vivenciar o eu, experimentar a solidão de cada um, embarcando na viagem interna sem a importância dos outros, tendo a figura do si mesmo como a mais importante, tudo isso acarreta a insatisfação. Esta culpa pela existência, traduzindo as ideias abstratas de Jean-Paul Sartre, de que o inferno são os outros, em concretas e reais, apaga esperanças, reescrevendo com resignação melancólica e depressiva. A impaciência em suportar quem está ao lado é latente, gerando crueldade, frieza, prepotência, irritabilidade, perspicácia arrogante – e defensiva – nas conversas. Os diálogos afiados e diretos mascaram o medo da aceitação do outro quando se escolhe a forma de viver. Os personagens possuem a verdadeira noção sobre as percepções alheias e mitigam, cada vez mais, as hipocrisias sociais. Kate vive com a cabeça cheia. Ela e o marido têm uma muito bem sucedida loja de móveis exclusivos, mas sua margem de lucro é cada vez maior, o que lhe causa dilemas éticos. Ao mesmo tempo, deseja impedir que a filha adolescente reproduza seu impulso materialista. Seu próximo projeto com o marido, no entanto, só contribui para seu mal-estar em relação à ambição e concentração de riquezas: ampliar seu apartamento, anexando o da frente. Para isso, devem aguardar o falecimento da viúva que lá habita, com quem terminam por desenvolver uma relação de afeto. Festival de Berlim 2010. A sinceridade perpetua-se e rouba o lugar da educação. Diz-se o que pensa. Não há a preocupação em despertar magoas, em quem quer que seja. O respeito aos mais velhos desapareceu. A imposição do ser tornou-se vulgar e violenta.
Nasceu em 1960, em Nova York. Estudou Cinema na Universidade de Nova York e fez uma pos-graduação na Universidade de Columbia. Realizou três longas-metragens, todos exibidos em Sundance: Walking and Talking (1996), Lovely and Amazing (2001), e Friends with Money (2006). Também traballhou como Diretora de Televisão em algumas séries como Sex and the City, Leap of Faith e Gilmore Girls.