Festival Curta Campos do Jordao

Segredos Mágicos

Felicidade é chocolate quente com marshmallow

Por Fabricio Duque

Disney Plus

Segredos Mágicos

O que mais impressiona é que, mesmo após toda “evolução” dos tempos, em 2020, ainda há que se “defender” afirmativamente a existência de outras formas de amar, diferentes das tradicionais ditadas por uma sociedade conservadora, utilizando-se da hipocrisia e da religião para promover culpas, ódios e discordâncias e não aceitar a nascença LGBTQIA+ de cada um. A Pixar, em sua séries de curtas-metragens Spark Shorts, lança na plataforma digital Disney Plus “Segredos Mágicos”, sobre o “out” de “sair do armário”. O filme, que classifica o gênero como Tema Sensível, não só quer normalizar com organicidade a sexualidade, como servir de um veículo às diversidades subjetivas, plurais e únicas.

“Segredos Mágicos”, dirigido pelo estreante Steven Clay Hunter (que foi da equipe de animação de “Toy Story 4”), é também sobre a dificuldade de se assumir perante o mundo, e, principalmente, para a família. Aqui, o “segredo” ganha uma “ajuda” mágica do “vale do arco-íris”. Seus “anjos” (à moda do programa “RuPaul’s Drag Race” com música pop-eletrônica – não sabemos se uma crítica ou uma estereótipo colorido do mundo Gay), um cachorro e um gato, namorados tão improváveis e também possíveis, lançam um feitiço potente e “lacrador”, tudo para fazer Greg perder o medo e contar aos pais que é gay e que mora com o namorado e seu cachorro. E que se tiver amor, uma foto e um “chocolate quente com marshmallow”, não há o porquê de se preocupar.

A animação, de estética pintura-tinta-guache, também possui outras representatividades: a de mostrar às crianças que dois homens podem casar, ser felizes e se beijar na boca; e a de que se pode namorar-amar um latino de nome Manuel sem preconceitos geográficos e xenófobos. E que todas as mães sabem como se seus filhos nascem, por mais antigas e datadas. E que sofrem o peso das aparências e da famosa frase “O que os outros pensarão?”. A narrativa conduz o espectador pela sinestesia da espontaneidade da vida, criando a confusão-pastelão contra a iminência da verdade e a tão sonhada libertação e expondo neologismos de nunca performar o gênero e o comportamento, tudo para fugir do “enquadramento” social. De ser rotulado em caixas “erradas” que “destoam” do padrão comum (que até hoje não se foi descoberto qual é a sua base-essência, tampouco na Bíblia consegue-se encontrar tais contras).

“Segredos Mágicos” questiona na verdade o motivo de alguém ter que se mascarar para ser outro. E o outro, também. Qual o sentido de toda essa mentira intrínseca e enraizada através dos anos? A resposta é simples assim: Out.

4 Nota do Crítico 5 1

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