Festival Curta Campos do Jordao

Velório em Família

Ficha Técnica

Direção: Rosario Boyer e Edgar Romano (in memorian)
Roteiro: Rosario Boyer
Elenco: Cristiane Machado, Alex Teix, Leo Pinheiro, Cecília Lage, Sônia Cardoso, Bia Kleber, Sandra Rodrygues, Fernando Silva, Arthur Chimenti, Bernardo Guimarães, Camila Rodi, Marislova Carvalho, Mayze Campos, Guil Silveira, Luis Andrarreis, Ligia Kleber, Anita Terrana, Miguel Moreira, Hélcio Hime
Fotografia: Edgar Romano
Camera: Joaquim Paulo Delphim, Rafael Eiras
Áudio: Igor Trípoli, Marcelo
Edição: Rosario Boyer
Produção: Leo Pinheiro
Assistentes de Produção: Sandra Rodrigues, Carla Dantas, Rodrigo Franco
Assistente de Direção: Alexandra Giovanelli, Clara Nielsen, Mariana Katona
Duração: 90 minutos
País: Brasil
Ano: 2005
COTAÇÃO: BOM

Apresentação

A Mostra Audiovisual William Juvêncio apresenta mais uma edição com o filme “Velório de Família”, o primeiro Dogma 95 brasileiro. Realizado no Espaço Cinema Nosso (matéria completa –> AQUI), na Rua do Resende, Centro do Rio de Janeiro. “Quero agradecer a presença e a contribuição de cada um. Financeira e de trabalho. Foram cinco anos para fazer, com a maioria das cenas dentro do cemitério”, diz a diretora do filme Rosário Boyer, que já escreveu o roteiro pensando no Dogma, recebe flores da equipe e homenageia o co-diretor Edgar Romano, falecido nas filmagens. “Como todo gaúcho, ele deve estar tomando chimarrão aqui”, diz-se.

LEIA AS REGRAS DO MANIFESTO DOGMA 95 –> AQUI

A opinião

Com a certificação de ser o primeiro filme brasileiro com as especificações do manifesto Dogma 95, o longa inicia explicando, didaticamente, as regras deste movimento. Há planos e contraplanos em close em diálogos teatralizados. O roteiro cria conversas entre casais, utilizando uma outra conversa para completar o que estava sendo discutido.

É um filme de amigos. Percebe-se na tela e na forma como que foi realizado. A camera na mão é um dos votos de castidade do Dogma. O humor amador e ingênuo pulula a trama. “Meu secretário particular”, sobre o amante de uma senhora. Toda família possui segredos, rachaduras e hipocrisias. Em um velório não poderia ser diferente.

Dr. Eriberto, um poderoso industrial de 60 anos, morre vítima de um ataque cardíaco enquanto dorme. Durante o velório, sua viúva, D. Catarina, e seus três filhos; Camila, Bernardo e a caçula Carolina recebem familiares, amigos e a nata da sociedade. O que nenhum deles esperava é a imprevista chegada de Socorro, a babá dos filhos de Carolina, que chega chorando desconsoladamente e, aos berros, revela que o Dr. Eriberto não poderia tê-la abandonado justamente naquela hora.

Todos se entreolham, sem entender a atitude da moça, mas antes que alguém pudesse dizer uma palavra, Socorro desmaia e é levada às pressas ao hospital. Cresce então a suspeita entre a viúva e os filhos do empresário, de que a jovem empregada guarda um grande segredo sobre o falecido. O clima de tensão se agrava quando é descoberto que Socorro está grávida.

Tendo a suposição óbvia de que o filho que a babá espera tem o sangue de Dr. Eriberto, e que terá direito a uma fatia de sua imensa fortuna, os filhos e os genros tramam um plano para neutralizá-la. Na medida em que os acontecimentos se sucedem, a cobiça faz os envolvidos mudarem seu comportamento, deixando cair por terra seus valores, convicções e, é claro, suas máscaras, que ostentavam orgulhosamente. Morte, traição, AIDS, inveja, dinheiro, ingenuidade, amor, brigas familiares, tradição são alguns dos temas abordados no filme, que revela a incrível dificuldade que os seres humanos têm de se relacionar com suas próprias realidades.

Os clichês cotidianos são recorrentes e presentes. A mulher fatal que deseja ter um encontro com a morte, traições, a superioridade da matriarca, tudo envolto em referências verborrágicas de banhos de sol para osteoporose, dietas, comidas, futebol, sexo infiel, aborto. “O coração é traiçoeiro”, diz. “O desconhecido mais famoso de todos os tempos”, sobre Deus.

“Bichas são mulheres que partiram sem o desenho na mão”, diz-se e ensina-se que quando não se faz o desenho do morto, o mesmo pode ser diferente em sua “viagem” astral. A explicação, total, do roteiro é um elemento chato. Um exemplo é a esquizofrenia. Uma aula médica. Assim, o espectador não se sente respeitado intelectualmente.

Alguns atores não convencem, deixando o filme em um diálogo lido e pausado. Porém, há outros que intensificam a trama apresentada. O exemplo de uma excelente interpretação é do ator Alex Teix, que vive o aproveitador e mulherengo marido de uma das filhas do falecido. Portanto, há altos e baixos. Vale a pena assistir por causa de ser o primeiro dogma, de ter o Alex e das picardias irônicas no roteiro.

Os Diretores

Rosario Boyer, argentina, morando já há 25 anos no Brasil, formou-se em Cinema na Universidade Estácio de Sá, participando como Roteirista e Diretora em várias produções de curta-metragens, película e vídeo.

Edgar Romano é ator e professor de dramaturgia, também cursou a faculdade de Cinema da Universidade Estácio de Sá, participando na produção de diversos curta-metragens exercendo as funções de Diretor, Diretor de Fotografia e Produtor de Elenco.

Juntos fundaram a Produtora Internacional de Cinema e Vídeo, e realizaram o longa-metragem “O Vigia”, atualmente em fase de edição, e o curta-metragem “A República das Canetas Perdidas”, ambas produções independentes, atuando como diretores e produtores.

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