Direção: David Leaf, John Scheinfeld
Roteiro: David Leaf, John Scheinfeld
Elenco: Depoimentos de: Walter Cronkite, Mario Cuomo, Angela Davis, G. Gordon Liddy, George McGovern, Yoko Ono, Geraldo Rivera
Fotografia: James Mathers
Produção: Brad Abramson, Kevin L. Beggs
Distribuidora: Filmes da Mostra
Estúdio: Lionsgate Films
Duração: 99 minutos
País: EUA
Ano: 2006
COTAÇÃO: ENTRE O BOM E O MUITO BOM
A opinião
O grupo The Beatles foi um sucesso mundial, que arrebatou audiência, crítica e fãs por onde passou. O líder da banda, John Lennon, com a declaração de que eles eram maiores que Jesus, os discos foram destruídos, isso fez com que John enveredasse por outros caminhos. A declaração era uma crítica a Inglaterra, e desencadeou a uma revolução musical a favor da paz e contra a guerra, incluindo questões implícitas não discutidas e a literalidade da palavra.
O documentário inicia com efeitos de uma copiadora, retirando fotocópias de documentos sigilosos. Há fotos, imagens e inúmeras musicas dos artistas de Liverpool, que interagem com as cenas apresentadas. “A guerra está chegando ao fim”, expressa uma revolução pelos direitos humanos, contra o medo e o ódio. Os Estados Unidos percebem o poder que o ex-beatle possui, então as suas atividades, e de sua mulher Yoko Ono, são monitoradas. A narrativa comporta-se como um videoclipe ágil, com muitos efeitos e ruídos que interconectam uma cena a outra. A interatividade entre musica e imagem é ponto alto do filme.
A “política” adotada por Jon e Yoko é a comunicação total. Entrevistas em um saco, em uma cama. As soluções eram simples. Não fazer nada para que a guerra acabasse. O nome de John contribuiu para a causa e suas lutas ficaram recorrentes e presentes. O engajamento envolve Martin Luther King, Panteras Negras. Ele aumentava a consciência política e expressava o querer de mitigar para nada a alienação de um povo e seus problemas. “Ter olhos em uma época como essa”, dizia-se. O longa retrata a transformação de ex-Beatle e seu ativismo político. A musica “Revolution” demonstra um “revolucionário pacifico, artista e política”, definição do próprio John. “Ao invés de fazer guerra, vamos ficar tolerantes aqui na cama, como gênios criativos. Façam amor, não guerra”, diziam. “Dar chance a paz. É só declarar a paz”. Utopia? Ingenuidade? Preservar uma democracia que não existia? O mundo imaginário da musica War is Over, em 1969. A campanha para este projeto utópico foi bancada pelo próprio bolso de John. “Imagine”, outra musica é o pano de fundo para fotos jornalísticas de efeito. Ele definiu o próprio país para morar, Nutopia, perfeito, livre e em paz.
Vale a pena assistir. Mostra a transformação de um ícone pop inglês em um ativista político que lutou contra o sistema do principal país do nosso mundo. Deu voz as suas idéias, expressou o desejo pela liberdade de ser o que quiser ser, de fumar o que quiser, de compor a musica que se deseja, sem a necessidade de limites e censuras pelo politicamente correto. Recomendo.
David Leaf nasceu em New Rochelle, Nova York, e formou-se na Universidade George Washington. Dirigiu vários documentários para a TV, entre eles Beautiful Dreamer: Brian Wilson & The Story of Smile e A Tribute of Heroes. Durante cinco anos, foi diretor-produtor da Disney’s Salute to the American Teacher. Escreveu e dirigiu episódios para Christopher Reeve: A Celebration of Hope (1998). Foi responsável por programas sobre ícones do humor, como os irmãos Marx, Dean Martin e Jerry Lewis.
John Scheinfeld n asceu em Milwaukee, Estados Unidos. Escritor, diretor e produtor de documentários para a TV. Em 2006, escreveu e dirigiu Who Is Harry Nilsson (And Why Is Everybody Talking About Him)?. Também realizou programas sobre ícones como Frank Sinatra, Peter Sellers, Nat King Cole, Bob Hope, Bee Gees e Bette Midler.