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O Poder e a Lei


Ficha Técnica

Direção: Brad Furman
Roteiro: John Romano, baseado na obra de Michael Connelly
Elenco: Matthew McConaughey, Marisa Tomei, Josh Lucas, John Leguizamo, Ryan Phillippe, Michaela Conlin
Fotografia: Lukas Ettlin
Música: Cliff Martinez
Direção de arte: Charisse Cardenas (desenho de produção)
Figurino: Erin Benach
Edição: Jeff McEvoy
Produção: Sidney Kimmel, Gary Lucchesi, Tom Rosenberg, Scott Steindorff, Richard S. Wright
Distribuidora: Imagem Filmes
Estúdio: Lakeshore Entertainment, Sidney Kimmel Entertainment, Stone Village Pictures, Lionsgate Films
Duração: 110 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2011
COTAÇÃO: BOM

A opinião

“O Poder e a Lei” é um filme policial, que utiliza narrativa manipuladora a fim de confundir o espectador, montando aos poucos o quebra-cabeça. Complementado com fotografia saturada ao brilho, recorrendo ao tom escuro e amadeirado, que faz lembrar os anos setenta, principalmente pelos elementos que emprega e com uma edição ágil – cenas curtas e variados ângulos de camera, inferindo ao estilo videoclipe de ser, o segundo longa-metragem do diretor americano Brad Furman (de “Em busca de justiça – The Take”) escala Matthew McConaughey (de “Tempo de Matar”, “Amistad” – de Steven Spielberg, “EDTV”).

O roteiro tenta seguir os passos de John Grisham, escritor (sexto mais lido nos Estados Unidos, segundo a “Publishers Weekly”) e advogado americano, especializado em defesa criminal e processos por danos físicos. “O Dossiê pelicano”, “A firma” e “Tempo de matar” – este último sendo protagonizado pelo ator principal do filme em questão aqui – são alguns exemplos de seu trabalho. Quando digo tenta é por causa da diferença característica. Enquanto no trabalho de John o rebuscamento narrativo seja a grande arma, no roteiro de John Romano – baseado na obra de Michael Connelly (um escritor americano da Filadélfia que opta por romances policiais, sendo os mais famosos aqueles protagonizados pelo detetive do Departamento de Polícia de Los Angeles Hieronymus “Harry” Bosch) – a regra parece ser a pressa.

Pode ser percebido explicitamente no final, quando o desfecho apela à falta de criatividade. Mickey Haller (Matthew McConaughey) é um advogado criminal que usa o banco de trás de seu carro como escritório. A rotina de trabalho deste homem é atender a clientes e causas pequenas, sem importância. No entanto, sua carreira promete mudar quando é chamado para defender um caso de tentativa de estupro e assassinato em Beverly Hills. A questão ética – humanizada e atual, não utópica – é a grande mensagem do filme. Para que o sistema judicial funcione, é preciso entendê-lo. Inúmeros artifícios são realizados. Manter a boa convivência social, agradar, ser educado, perspicaz, enganador, jogar com as cartas que possui e manter a aura de corrupção.

Mickey é inteligente, arrogante, cafajeste e prepotente (quase pretensioso). Ele tem controle da situação e sabe de suas maestrias. Matthew está extremamente competente porque ele entrega-se ao personagem, o que faz com que o convencimento seja natural e fluido (que se percebe pelo domínio de seu olhar). Porém não tão resignado com a sua profissão. O seu pai, também advogado, dizia que não existem pessoas inocentes, que os julgados serão sempre culpados. Quando um caso o faz questionar essa máxima, ele começa a ter dúvidas sobre a própria vida que leva. A camera aproxima aos poucos, muito sutil, demonstrando a metalinguagem da observação despertada pelo espectador.

Quando a história é contada, a digressão explicativa funciona como a reconstituição do crime narrado. Há julgamento e investigação, colocando a quem assiste como um membro do júri, esperando novas provas. O ótimo recurso da elipse temporal tende a querer a mitigação do obvio e da explicação exagerada, mas se torna comum por causa da forma como é utilizada, soando mais como amadora, mas nem por isso ruim. Apenas repetitivo se referenciarmos os últimos filmes do gênero. “Como você pode dormir a noite defendendo toda essa escória?”, pergunta-se maniqueistamente. A ética é colocada a prova, já que o advogado precisa inocentar um cliente sabendo que é culpado.

Concluindo, um filme que busca o acaso para resolver as reviravoltas, com excelente parte técnica e interpretação incrível de Matthew, mas que apela, surtando no final. Enquadra-se bem no contexto do gênero pretendido: investigação-julgamento-policial. O ator Tommy Lee Jones estava escalado para dirigir e atuar no filme, mas em novembro de 2009 o ator saiu totalmente do projeto, alegando discordâncias com o roteiro escrito por John Romano (O Amor Custa Caro). A placa do carro de Mick lê-se um trocadilho – em inglês – com a expressão “Inocente” tão comum nos tribunais.

O Diretor

Brad Furman é americano. Seu filme anterior “Em busca de Justiça” ganhou o Emmy pela melhor atuação de John Leguizamo, que é um motorista de carro-forte que se esforça para manter a esposa Marina (Rosie Perez) e dois filhos no bairro Boyle Heights, na zona leste de Los Angeles. O seu próximo projeto é “Cry Macho” (2012), com o ator Arnold Schwarzenegger.

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