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O Mensageiro

Ficha Técnica

Direção: Oren Moverman
Roteiro: Oren Moverman, Alessandro Camon
Elenco: Ben Foster, Woody Harrelson, Samantha Morton, Jena Malone, Steve Buscemi, Jahmir Duran-Abreau
Fotografia: Bobby Bukowski
Trilha Sonora: Nathan Larson
Produção: Steffen Aumueller, Shaun Redick, Glenn M. Stewart, Matthew Street, David Whealy, Bryan Zuriff
Distribuidora: Paris Filmes
Duração: 105 minutos
Ano: 2009
País: Estados Unidos
COTAÇÃO: BOM

A opinião

A contemplação da imagem conduz o ritmo do longa de estreia do diretor Oren Moverman. O excelente argumento complementa a trama. E aborda a vida do soldado americano Will (Ben Foster), que é mandado para casa após ferir-se no Iraque. Ele tem ainda três meses de serviço, e é remanejado para a divisão de notificação de falecimento de militares no front a familiares. Para enfrentar este trabalho doloroso, ele conta com um parceiro mais velho e mais experiente, Tony (Woody Harrelson), com quem acaba desenvolvendo uma grande amizade. Contudo, um dia Will quebra o código de conduta e se apaixona por uma das viúvas que encontra em serviço, Olívia (Samantha Norton), e a paixão o coloca em um terrível dilema moral.

A manipulação inicial do filme demonstra o tom de ‘politicamente correto’ que não será seguido. Uma traição é tratada normal e sem pudores, com cenas reais e realistas, apenas observando os próprios quereres individuais de cada um. Como em toda história com essa temática: a mulher mente ao marido. “É como voltar de um outro planeta”, diz o soldado. O filme mostra uma nova visão das perdas causada pela guerra.

A camera escolhe o óbvio competente, sem experimentações, porém em alguns momentos recorre ao bom e velho plano longo. Os monólogos são introduzidos sem cortes e aprofundados aos poucos, respeitando o tempo, já que o filme é internalizado. Comporta-se de dentro para fora. Transforma o sentimento em concreto, palpável, para poder humanizá-lo. O psicológico devasta-se sem sensacionalismo e sentimentalismos. Porém há momentos clichês, é até permitido neste gênero de filme.

O novo trabalho do soldado resume-se em notificar, formalmente, imparcialmente, direta, seca, fria e sem toques corporais, a família da vítima sobre a morte dos combatentes de guerra. “Este trabalho é sobre caráter. Tem que ser frio e impessoal”, diz-se. É um filme sobre os efeitos de consequências durante uma batalha. Já é de conhecimento que para alguém vencer, alguém tem que perder. Perde-se a vida, a utopia, a esperança e o desejo de um mundo melhor, preferindo a resignação alienada para que o sofrer não intensifique-se. As revelações banais lutam com o verdadeiro desabafar da alma a uma outra pessoa que escuta com a indiferença do real envolvimento. A defesa protege e não cria problemas complementares. Mas há um desespero interno gerando a agressividade que necessita ser amansado. A solidão de um tentando quebrar a dureza do outro. “Poderia ser pior, poderia ser Natal”, resigna-se.O Governo busca avisar aos familiares antes da televisão ou da internet. “Não me diga frases feitas”, desespera-se.

O questionamento dos mensageiros é inevitável. “Entramos na vida dessas pessoas e não sabemos nada”, “Acredite, é melhor não saber”, reflete-se. Há a tentativa de impedir o aliciamento de novos jovens à guerra, há o auto-flagelo, há a busca pela existência, há a degradação, há a falta de controle, há a culpa por avisar, há a pena por colocar-se no lugar do outro e há a necessidade de envolver-se para proteger e cuidar de um solitário por outro. “Que procedimento? São seres humanos”, diz-se. Expõe-se a fragilidade e a infantilidade humana. Mostra-se também a catarse momentânea de briga contra a própria depressão a fim delibertar a alma nem que seja retornando a um vício já esquecido.

As divagações tornam-se presentes e cansativas. Há digressão sobre sexo, religião, prostitutas e tipos de guerra. “O mundo é o meu parque”, diz-se. “Somos nossos próprios dublês”, complementa-se.

“Ame a guerra ou odeie-a. Nós a apoiamos até o fim”, critica-se ferozmente o estágio atual de um mundo envolvido no terror subjetivo.

Vale a pena ser visto por retratar a guerra de uma outra forma. Porém é mais um filme sobre a dominação do terror por homens com poder. O outro filme sobre a guerra ‘Entre irmãos’ aborda o tema também e faz daquele uma referência para este. É como um complemento. Dos mesmos produtores de O Resgate do Soldado Ryan e O Dia Depois de Amanhã. Foi indicado ao Oscar 2010 nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Woody Harrelson) e Melhor Roteiro Original. Prêmio da Paz e indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim em 2009 de Melhor Roteiro.

O Diretor

Oren Moverman, nasceu em 1966, é um roteirista e jornalista israelense que vive na cidade de Nova York e já assinou diversos trabalhos. Curiosamente, sua primeira experiência com o cinema foi no drama “Tio Vanya em Nova York”, mas numa ponta não creditada como ator. Sua estréia como roteirista se deu com “O Filho de Jesus” (Jesus’ Son), de Allison McLean. Em seguida escreveu o roteiro de “Face”, em 2002, dividindo o créditos com Bertha Bay-Sa Pan.

Ainda que não tenha sido creditado, ele deu sua colaboração no documentário “Mondovino”, do diretor Jonathan Nossiter. Seu trabalho de maior repercussão foi “Não Estou Lá”, roteiro que escreveu a quatro mãos – na companhia do também diretor Todd Haynes. Está preparando seu próprio filme ‘This Side of the Looking Glass’ (2010).

O Ator

Ben Foster (29 de outubro de 1980) é um ator americano, premiado com o Screen Actors Guild Awards e o Daytime Emmy Award.

Fimografia

30 Dias de Noite
3:10 Para Yuma
Alpha Dog
X-Men – O Confronto Final
Refém
O Justiceiro
Maldito Coração
Grande Problema
Por Um Fio
Bang Bang – Você Morreu
Volta Por Cima
Ruas De Liberdade
Meu Amigo Einstein
Eu Ainda Estou Esperando Por Você
Pandorum
The Messenger

Leia também o artigo: A Guerra de Cada Um

Leia Também a opinião sobre o filme: Entre Irmãos

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