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O Maravilhoso Mágico de Oz

Tudo por causa de um sapato

Por Fabricio Duque

O Maravilhoso Mágico de Oz

É, há filmes que não conseguimos explicar os porquês de atravessarem décadas como obras icônicas sem perder força e não se tornarem datados. E sim, cada vez parece mais que a humanidade quer rememorar o passado. A do agora é a onda nostálgica que volta à estrada de tijolos amarelos de “O Mágico de Oz”, baseado no livro homônimo de 1900 pelo escritor inglês L. Frank Baum. Desde o lançamento do original (de 1939) inúmeras versões pipocaram nos cinema, inclusive uma do Pink Floyd, “The Dark Side of the Rainbow”, e até mesmo os Trapalhões com “O Mágico de Oróz”, até chegar a “Wicked”. E passando pela versão turca em 1971, dividida em quatro capítulos. 

Sobre a nova remodelação da trama, a do momento e em questão aqui, nós podemos dizer que é um tanto curiosa, não por ser da Rússia, produzido e falado em russo, mas por ser mais fiel às ideias do livro, com o tradicionalismo dos valores universais. Ainda que traga características do cinema russo de ser mais direto nos diálogos, mais bruto nas ações e menos suavizado na mensagem que se deseja passar, “O Maravilhoso Mágico de Oz”, que ainda imprime na narrativa um que (muito) de autoajuda, desenvolve sua mise-en-scène por um mundo de encantamento mais realista, e, quer, acima de tudo, metaforizar uma crítica sobre o mundo contemporâneo atual e sua dominação tecnológica às crianças. Aqui, é claro: tudo que a nova Dorothy (Elli agora) precisa vivenciar é fora da tela (entre técnicas de tirá-la do celular). É reacorda-la mostrando o mundo, ainda que na fantasia, talvez um ensaio. E precisa aprender que seus atos geram consequências. Se nos filmes hollywoodianos, a pequena seria poupada de emoções negativas (e embasada pelo passado), aqui não, a “pirralha” tem que lidar com o depois de suas duras decisões. 

Mas infelizmente não pude me aprofundar na questão geográfica e linguista, porque a sessão de imprensa de “O Maravilhoso Mágico de Oz” foi dublada, fazendo com que o filme fosse nivelado a qualquer um que passa na Sessão da Tarde da Rede Globo. Uma pena! Será que a assessoria de imprensa não pensaram que o grande trunfo de suas mãos era a diferenciação da língua? Só que curiosamente de novo o longa-metragem mostrou que funciona mesmo não sendo em seu áudio original. “O Maravilhoso Mágico de Oz” é assumidamente infanto-juvenil, com um humor russo carregado nas causas subjetivas, nos quereres fúteis-mimados e nos propósitos idiossincráticos. É, vocês vão entender que toda essa aventura à moda de um misto de “Game of Thrones” (dos países por cores) com “Senhor dos Anéis”, a la mórmons,  é sobre um simples sapato “roubado”. 

E sim, é nítido que o orçamento de “O Maravilhoso Mágico de Oz” foi limitado. Alguns efeitos visuais são bem amadores, e as interpretações mais forçadas (talvez por causa da dublagem em português), mas mesmo assim, a trama consegue nos prender, ainda que adentre numa versão coach de readequa-la a uma melhor existência. Assim, a edição ágil com cortes rápidos constrói a jornada de aventura, desde uma família que viaja de carro em mudança até o encontro com um Twister. Dirigido pelo russo Igor Voloshin, trazendo a personagem principal Elli, que tem o particular “jeitinho dela de fazer as coisas” e é “mestra na enganação”, “O Maravilhoso Mágico de Oz” é uma fábula mágica criada para que a pequena possa estender o tempo e reencontrar as pequenas felicidades. Quando digo que este filme é bem russo é porque há um humor mais seco, mais defensivo e intolerante ao outro. Uns respondem com alfinetadas certeiras, até mesmo o cachorro Tobias e/ou o “Hannibal”. “E sem Wi-Fi”, rebate-se. 

Esta é a primeira parte de “O Maravilhoso Mágico de Oz”, então, portanto, haverá uma continuação, e o filme não termina de fato. Mas quero retornar à questão da forma mais valorada. Sim, aqui o roteiro trabalha a ideia inicial do maniqueísmo, bem divido e estruturado entre o bem e o mal. Ainda que em certos momentos, Elli entre em contradição moral, num oportunismo individualizado e egoísta de se salvar, o longa-metragem segue mais a literalidade das definições comportamentais. O homem de lata só quer um coração. O Leão só quer coragem. O espantalho quer um cérebro. Elli então precisa pedir que o Mágico de Oz “devolva o que está faltando” em cada um. E então, todos partem neste caminho-destino cheio de armadilhas, provas, tentações, oportunidades para vencerem seus medos, seres ardilosos. E juntos, como amigos, “podem fazer muitas coisas” e ajudar com suas habilidades únicas. Será tudo um sonho? Um coma induzido? Aguardemos a segunda parte para descobrir. 

2 Nota do Crítico 5 1

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