Direção: Eran Riklis
Roteiro: Noah Stollman, baseado na obra de Abraham B. Jehoshua
Elenco: Mark Ivanir, Gila Almagor, Reymond Amsalem, Noah Silver, Julian Negulesco, Rosina Kambus
Fotografia: Rainer Klausmann
Música: Cyril Morin
Direção de arte: Yoel Herzberg e Dan Toader (desenho de produção)
Figurino: Li Alembik e Adina Bucur
Edição: Tova Asher
Produção: Tudor Giurgiu, Thanassis Karathanos, Talia Kleinhendler, Haim Mecklberg, Elie Meirovitz, Estee Yacov-Mecklberg
Distribuidora: Imovison
Estúdio: 2-Team Productions | EZ Films | Pallas Film | Pie Films
Duração: 103 minutos
País: Israel/ França/ Alemanha
Ano: 2010
COTAÇÃO: MUITO BOM


A sessão aconteceu no Estação SESC Espaço, às 21 horas, num domingo. O filme participou duma première especial da Casa de Cultura Judaica. O produtor disse que a baixa temperatura do Rio de Janeiro não chegava aos pés do frio (menos 20 graus) que tinha sentido quando filmou na Romênia. Todos riram. Quanto a distribuição, é um sistema de intercâmbio. “A verba da Romênia ajudou”, ele disse. Quanto à escolha do ator, “Fizemos casting com 200 pessoas. O menino (Noah Silver) é francês, mas aprendeu o romeno em duas semanas. Considerado o novo Alain Delon”. E continua “Sentir culpa pode ajudar. O filme não é sobre a morte. É uma jornada mórbida que permite que o personagem volte à vida. A culpa o leva a vida novamente”.
A opinião
“A Missão do Gerente dos Recursos Humanos” baseia-se no livro “Uma Mulher em Jerusalém”, de Abraham B. Jehoshua. O tema aborda ética, capitalismo, devoção e profissionalismo. O ator Mark Ivanir interpreta o protagonista que se desdobra para que possa realizar uma missão no seu emprego, uma grande padaria em Israel. Os seus valores sociais (com o intuito de deitar a cabeça no travesseiro e conseguir dormir) transpassam a política (burocrata) da empresa e a de um jornalista (hipócrita) que deseja a todo custo conseguir uma exclusiva difamando essa padaria. A trama apresenta o ano de 2002. Uma fábrica grande, porém qualquer, comete um erro documental. Descobre-se que o “jeitinho” de outro ocasionou o problema. A “vítima” trabalhava na limpeza geral. “Ela limpava a merda que ninguém queria”, diz-se. Esse erro ingênuo e por amor é vazado à mídia, que ávida por qualquer informação (de preferência catastrófica e pessimista) aumenta toda a história.
Uma das melhores cenas do longa é sem dúvidas a do necrotério quando mostra o funcionário que se apega aos mortos. É um misto de suspense, susto, humor sem fazer graça. São unidos timing, perspicácia e nenhum clichê. O protagonista coloca na balança os seus próprios princípios. O roteiro transpassa sinestesia. O espectador enraivece-se com o repórter sensacionalista. Mas sente pena do mesmo ao perceber as fragilidades e defesas de sobrevivência. Uma das mensagens que são tratadas é que o individuo não vale um centavo. Todos têm falhas e todos são hipócritas. A figura de bode expiatório explica a necessidade de maiores explicações a fim de direcionar a investigação a outro canto. Uma das consequências desta profissão é a pressão diária que acarreta.
Esses absurdos da perda do controle sobre a totalidade, por incrível que pareça, gera a descoberta do Gerente sobre sua vida e sobre quem é de verdade. Fazer o certo. Mesmo que não se entenda. O tempo exato das ações, adicionado com a sinceridade e a cumplicidade dos diálogos, indica que ainda existem valores intrínsecos (sem a motivação da convenção social). O Gerente foi ao fim do mundo por trabalho levando alguém ao lugar que ele achava que ela pertencia. Lá chegando, descobriu que a transformação maior era ele. E assim retornou, com a certeza de que o lugar dela é da própria escolha. Concluindo, é um filme que busca as vertentes da identidade. Vale muito a pena assistir. Recomendo. Ganhou em 2010 os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor – Eran Riklis, Melhor Atriz Coadjuvante – Rosina Kambus, Melhor Roteiro, Melhor Som, Melhor Atriz Coadjuvante – Rosina Kambus na Academia de Cinema de Israel. No mesmo ano, foi indicado ao ASIA PACIFIC SCREEN AWARDS por Melhor Ator – Mark Ivanir.
Eran Riklis nasceu no dia 2 de outubro de 1954. É um cineasta israelense. Eran estudou cinema na Beaconsfield National Film School, na Inglaterra e tornou-se famoso pelos filmes “A Noiva Síria” e “Lemon Tree”. Em 1984, Riklis dirigiu seu primeiro filme “on a clear day you can see Damascus”, um thriller político baseado em fatos reais. Em 1991 filmou “Cup Final”, filme aclamado pela crítica internacional e selecionado para diversos festivais, dentre os quais o Festival de Berlin e o Festival de Veneza.Em 1993 filmou “Zohar”, com grande sucesso de publico em Israel. Em 1999 filmou “Vulcano Junction”, uma homenagem do diretor ao Rock n Roll. Em 2004, Riklis chamou a atenção da crítica internacional com seu “The Syrian Bride” ( A noiva Síria) e em 2008 filmou “Lemon Tree”.