Direção: Jean Becker
Roteiro: Jean Becker, Jean-Loup Dabadie
Elenco: Gérard Depardieu, Gisèle Casadesus, Maurane, Patrick Bouchitey, Jean-François Stévenin, François-Xavier Demaison, Claire Maurier, Sophie Guillemin
Fotografia: Arthur Cloquet
Música: Laurent Voulzy
Produção: Louis Becker
Distribuidora: Imovision
Estúdio: ICE3
Duração: 81 minutos
País: França
Ano: 2010
COTAÇÃO: MUITO BOM


“Minhas Tardes com Margueritte” busca as particularidades dos personagens. Cada um possui características próprias que os definem como são. Os outros olham e vêem o tipo físico antes de conhecer os gostos, manias e pensamentos. Neste filme, o diretor Jean Becker (de “Conversas com Meu Jardineiro”) humaniza a própria caricatura do ser humano sem o julgamento prévio. Ele retrata, não tento modificá-los. Baseado no livro de Marie-Sabine Roger, Jean imprime na tela similaridades com o seu filme anterior. Há ingenuidade projetada com aprofundamento existencial, ora poético cotidiano, ora bruto e vulgar, este último sem ofender, apenas o protagonista não possui a dimensão exata das consequências de suas colocações. É um longa-metragem que deseja consertar culpas, erros e amarguras. Uma história sobre os encontros inesperados da vida. Germain (Gérard Depardieu) é um iletrado e solitário homem.
Para preencher suas tardes, ele faz amizade com a senhora Margueritte (Gisèle Casadesus). Os personagens principais transmitem suavidade, simplicidade, infantilidade, percepções, sobre o que se encontra ao redor deles, de um lado cruas, de outro com inteligência resignada. Germain vive uma existência conturbada e confusa. Não se sente amado por sempre ouvir de sua mãe que a culpa era sua. Mesmo assim, ele cuida e dá atenção a ela. Os seus amores são passageiros, tendo as picardias dos amigos como complemento de sua vida. Os acontecimentos são exagerados, porém o espectador precisa que a lembrança de que o filme é francês seja refrescada em sua memória.
Ouvindo a história, o protagonista fecha os olhos e imagina. Na tela, cenas de ratos amontoados em preto-e-branco. Com divagações sociais e nostálgicas, o roteiro procura resgatar os princípios básicos do ser humano, não complicando o contexto de um vilarejo atemporal (metáfora para uma época atrasada nos dias de hoje). Entre Germain e Margueritte há cumplicidade e tolerância. Ele tem dificuldades de raciocínio e de leitura. Ela entende e respeita, porque sabe que também tem dificuldades por causa da velhice. Um ajuda o outro à simples felicidade de instantes e de momentos que dividem com troca de vivências. A história intercala tempos.
“Com o dicionário, viajamos de uma palavra a outra. É um labirinto”, aprende-se. Germain tenta se enquadrar no mundo o qual vive, mas a sua pureza o impede de ser integrado. A fim de suavizar a cegueira, prefere-se o “Ela está vendo o filme cada vez mais escuro”. O final fornece aos nossos personagens principais, a tranquilidade pela resolução de amarguras pendentes, trocando favores sentimentais. Aos espectadores, as lágrimas. É impossível sair ileso e cético da cadeira do cinema. O longa desperta o lado mais humano que há em nós, apenas usando a base das relações interpessoais. Concluindo, um excelente filme, que é direcionado com leveza, suavidade, emoção, graça, divertimento, nostalgia, lembrança e muito choro. Vale muito a pena assistir. Recomendo.
John Becker é um diretor, ator e escritor francês , nascido em 10 de Maio de 1933 em Paris . Começou sua carreira como estagiário no filme de seu pai, “Não toque Grisbi” em 1953 , um filme que ajudou a revitalizar a carreira de Jean Gabin . Ele permaneceu um assistente do diretor de filmes de Jacques Becker de Montparnasse.
2 Comentários para "Minhas Tardes com Margueritte"
ADORO o Gérard Depardieu!
Vou ver com certeza!!!
O blog está cada vez mais lindo e prático! PARABÉNS!
O filme é lindo. Escrevi sobre ele aqui:
http://pt.shvoong.com/entertainment/movies/2172580-minhas-tardes-com-margueritte/
Abraços