Direção: Richard J. Lewis
Roteiro: Michael Konyves, baseado no livro de Mordecai Richler
Elenco: Paul Giamatti, Rosamund Pike, Jake Hoffman, Minnie Driver, Scott Speedman, Dustin Hoffman
Fotografia: Guy Dufaux
Música: Pasquale Catalano
Direção de arte: Michele Laliberte
Figurino: Nicoletta Massone
Edição: Susan Shipton
Produção: Robert Lantos
Distribuidora: Califórnia Filmes
Estúdio: The Harold Greenberg Fund, Serendipity Point Films
Duração: 132 minutos
País: Canadá, Itália
Ano: 2010
COTAÇÃO: BOM
Paul Giamatti é um ator basicamente independente, escolhendo seus papéis não convencionais. Os seus filmes saem do senso comum da padronização hollywoodiana. Em seu currículo encontramos “Anti-herói americano” – teor autobiográfico dos quadrinhos originais de Harvey Pekar, “Sideways – Entre umas e outras”, “O Ilusionista” e “Almas à venda”. Fez pontas em “Vida de Solteiro”, “Donnie Brasco” e “Desconstruindo Harry”. Paul protagoniza “A Minha Versão do Amor”, filme baseado no livro de Mordecai Richler, ganhando o prêmio de Melhor Ator de Comédia no Globo de Ouro do ano passado.
O diretor responsável Richard J. Lewis (de “K-9”) tenta explicar dizendo “Eu amo a idéia de compreender a vida em duas horas. É uma passagem rápida para uma rápida experiência emocional. É o cinema falando a nós, perguntando: Como está sua vida?” e o espectador tenta entender as suas intenções. É um filme sobre amarguras, passados e resignações. O protagonista apresenta-se cético, rabugento, passional, sarcástico, seco. Barney Panofsky, um homem de 65 anos, reconta sua trajetória de vida: alcóolatra, fumante, impulsivo. O politicamente incorreto repassa por todas os sucessos e, principalmente, as gafes que são muitas. A ironia é constante. Ele trabalha como roteirista na produtora Totalmente Desnecessário, escrevendo capítulos para a trigésima temporada. As suas picardias definem a sua vida.
Tudo se explica a partir da cena que já relatei. A digressão acompanha o passado, presente e futuro de forma não linear. “Grande nos atos como nos pensamentos”, cita-se William Shakespeare. No passado, há hippies, loucos artistas e situações surreais. “Você realmente demonstra seus sentimentos. Esconda-os, é difícil de olhar. É humilhante”, alfineta-se. O ponto alto do filme é sem dúvida o que se diz. Os diálogos são desprovidos do politicamente correto. Há vulgaridade poética (principalmente nas cenas que envolvem Dustin Hoffman).
“O universo atua de maneira estranha e misteriosa”, diz-se. É um filme novela. Com exageros, melodramas sentimentais – e atuados, músicas – e frases – de efeito, exacerba as reações. Quase chegando ao final, o roteiro caminha em outra direção. Aborda o Alzheimer. Barney esquece das coisas. Um novo tom direciona o espectador. Agora, busca as lágrimas. A narrativa vai de um extremo a outro, injetando elementos demais. Concluindo, um filme que deseja mostrar quase todos os gêneros dentro de um mesmo longa. O resultado cansa e prejudica em muito o contexto. Mas mesmo com esses percalços, recomendo por causa dos diálogos e da sempre presença de Paul, que se entrega sem medo de voltar. “Nós geralmente temos uma ideia muito simplista e pedestre. Não há momentos isolados no tempo, que define a totalidade da pessoa. É uma coleção de incidentes e acidentes que levam nossos próprios internos”, disse o diretor Lewis. Indicado ao Oscar 2011 de Melhor Maquiagem.
Richard J. Lewis, nasceu em Toronto, Canada, é diretor de cinema e televisão. De 2002 a 2009, Lewis trabalhou na CBS na série criminal, “CSI: Crime Scene Investigation”.