Crítica: Meu Malvado Favorito

Ficha Técnica

Direção: Pierre Coffin, Chris Renaud
Roteiro: Ken Daurio e Cinco Paul
Vozes: Jason Segel,Steve Carell, Miranda Cosgrove, Will Arnett, Kristen Wiig
Dublagem: Leandro Hassum e Marcius Melhem
Direção de arte:Eric Guillon
Música: Pharrell Williams, Hans Zimmer
Edição: Pamela Ziegenhagen-Shefland, Gregory Perler
Efeitos especiais: Mac Guff Ligne
Produção: John Cohen, Janet Healy e Christopher Meledandri
Estúdio: Illumination Entertainment
Distribuidora: Universal Pictures
Duração: 95 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: MUITO BOM

A opinião

Os indíviduos buscam a aceitação do próximo. Eles precisam ser amados por suas boas ações ou sendo malvados. Isso gera a admiração que gera a competição para ser sempre o melhor. É uma bola de neve. Os atos são realizados visando a satisfação do outro, que pode ser uma mãe e ou um amigo. Para que esse estágio tenha um resultado positivo, vale tudo, até transformar o intrínseco que cada um guarda em si. Neste caso, um falso vilão. Uma hipocrisia às avessas.

Gru (Steve Carell, Leandro Hassum) é o maior vilão do momento, mas tem seu posto abalado pelo novato Vetor (Jason Segel, Marcius Melhem). Para recuperar o topo, ele planeja roubar a Lua, auxiliado pelas criaturas Minion. O problema é que três meninas órfãs veem nele a figura de um pai. Diante disso, Gru fica dividido entre roubar a Lua e abandonar as pequenas ou ficar com elas e desistir dos seus planos.

O longa animado utiliza o humor sarcástico, extremamente negro, para contar a história. Há a cena em que uma mãe coloca uma coleira no filho bagunceiro e agitado, comparando o garoto a um animal. A trama aborda trabalho infantil, sentimentos de rejeição, carência excessiva, filhos perdidos em um mundo sem limites. O ‘suposto’ malvado usa e abusa do sadismo a fim de continuar acreditando do que é no momento. Entre prêmios de Vilão do Ano, ele mantém o seu lugar. Porém, um jovem mais maldoso e mais inteligente ‘rouba’ a sua colocação de número um.

Ele se sente ameaçado, por ter o status de pop star, com o símbolo da televisão americana NBC. Então resolve roubar a Lua, para recuperar o posto de maior vilão de todos os tempos. Com seus ‘funcionários’ fabricados, que o aplaudem com excitação exacerbada, ele diz “Essa animação é que me deixa motivado”.

Os diálogos cruéis, incluindo caixas de vergonha, direcionam o espectador em um universo politicamente incorreto do que não ser. Aos poucos, observa-se que o carinho e o orgulho de um ente querido embasa o radicalismo das escolhas. A mãe o trata como um macaco na infância. Infere-se uma crítica acirrada ao papel dos pais na formação dos filhos. Gru precisa recorrer ao banco do mal, acompanhado por uma trilha sonora que inclui “Garota de Ipanema”, “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça”.

Os sonhos são diferentes de pessoa a pessoa. Alguns simples (como as de três meninas de um orfanato), outros surreais. Uma criança inteligente, visando o mal, mas não descartando a brincadeira com videogames, refrigerantes e biscoitos de nozes. Essas meninas imaginam um futuro, uma família que as forneça carinho e respeito. “Minha lagarta nunca vai virar borboleta”, diz a menor de todas. A maior responde “Isso é um biscoito cheetos”. Há a sinceridade do querer de uma felicidade pura e apressada. Elas aceitam qualquer um que tenha o mínimo. Quando Gru as adota para um plano, as meninas percebem nele um pai. “Ele é tudo que elas tem agora”, diz-se.

O ‘malvado’ transforma-se. Antes, crianças eram vistas como cães, não podendo fazer sons irritantes. Ele aprendeu a dizer o que pensava. O filme é sensível e humano. Há graça natural desse estilo animado, como a missão impossível de se roubar um raio ‘encolhedor’, biscoitos robôs. Gru rende-se ao que realmente é. Uma pessoa que sente pena com o olho pidão de uma das meninas.

Ele gosta da diversão. Volta a ser criança. O filme intercala imagens de digressão de sua infância quando era visto como bobo quando expressava seus sonhos e tentando a todo custo agradar a sua mãe. Em certo momento, ele assume o seu lado bom, abrindo a mão dos sonhos massificados para poder vivenciar o novo estágio de vida que o faz tão bem. Há discoteca ao som de Bee-Gees.

A brincadeira metalinguística com a tecnologia 3D fornece um plus ao filme que não precisava ser em terceira dimensão. Vale muito a pena ser visto. E emociona no final. As exibições serão somente em cópias dubladas por Leandro Hassum e Marcius Melhem. Os adultos recuperam os dissabores e crueldades da infância, mas a transformação épica de aceitação da própria inerência já vale o ingresso. Recomendo. O filme foi baseado na história de Sergio Pablos.

Os Diretores

O produtor Christopher Meledandri. Chris Renaud (“No time for nuts”) volta-se para o storyboard. Já Pierre Coffin realiza a animação.

4 Nota do Crítico 5 1

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