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Mémorable

Simplesmente Memorável

Por Jorge Cruz

Mémorable

A França conseguiu outro representante na lista de indicados ao Oscar 2020 com o curta-metragem de animação “Mémorable“, do diretor e roteirista Bruno Collet. Formado em artes plásticas, o realizador – com grande experiência em cenografia – se utilizar de técnica parecida com a utilizada em um bonito curta assistido pelo Vertentes do Cinema na Mostra Sesc de Cinema 2019 chamado “Poética de Barro“. O filme é uma produção da Vivement Lundi !, empresa pequena instalada em Rennes, que tem um dos canais na plataforma Vimeo obrigatórios para quem aprecia o cinema a partir da linguagem da animação, incluindo um pequeno clipe com o making of de “Mémorable”.

Collet consegue aliar a estética simplesmente memorável, como brincamos no título, com uma bonita história. Parte de um relacionamento entre Louis (André Wilms) e Michelle (Dominique Reymond), marcado pelos atritos comuns de uma jornada de longa duração, para tratar do delicado tema da demência senil. Em comparação com outros indicados, observa-se aqui uma tentativa mais madura de criar uma experiência. Porém, o realizador insiste em reciclar velhas referências, como A Noite Estrelada de Vincent Van Gogh. Um curioso caso de uma obra com pouca circulação por festivais e mostras ao redor do mundo. Sua campanha para chegar ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas apostou na âncora emocional em conjunto com uma representação inquietante – e deu certo, fazendo o curta-metragem furar a fila quando da apresentação dos indicados.

Essas recriações cansadas das artes visuais ainda funcionam, mas inserem a obra em um universo que lhe tira certa autonomia. Apesar de poucos trabalhos como diretor, Collet tem 55 anos e poderia embalar o pacote de sua história de maneira mais original, até que explorasse mais a condição de artista do próprio protagonista. Dito isso, no quesito emoção e na poesia imagética como proposta, “Mémorable” ainda vence com folga boa parte de seus oponentes. Mesmo desenvolvendo apenas uma premissa, baseando todo seu caminho na perda do real, na fantasia como recurso da mente, consegue ser tocante sem abusar da dramaticidade.

 

 

3 Nota do Crítico 5 1

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