Luisa

A opinião

O primeiro longa deste diretor é divulgado como comovente e irônico. Não é propaganda enganosa, o filme é assim mesmo. Ele conseguiu humanizar a ingenuidade e a miséria. Esta da vida e ou da alma. “Eu encaro a minha miséria, não sento nela”, diz-se. A narrativa transforma-se. Ora metódica e perfeccionista. Ora esquecida. A camera copia o estilo. O detalhismo aprofunda o personagem e mociona até os mais céticos. A vergonha e o medo interno da exposição fazem com que o personagem perda-se no tempo. Quando a vida provoca a mudança, o conhecimento e retorno ao aprendizado necessitam aparecer, para sobreviver. Os oportunistas não tem moral. O desespero hibernado vem a tona. Precisam sempre da manipulação. Os fortes abusam dos fracos. E estes tem que dominar a nova técnica para continuar vivendo. Vencer o medo do novo e abrir-se, recomeçando uma nova etapa. As pessoas não vivem a vida, passam por ela. Cria-se o hábito, de manias e repetições de atos, embutido por anos. A sensibilidade do roteiro acontece com graça e com humor na medida certa. “O que a vida não nos dá, fica marcado na memória do destino”, outra frase. “Cada um com o seu”, repete-se e demonstra a individualidade exacerbada crescente do ser humano nos dias de hoje. Ou de ontem. Pode ser em qualquer época, já que é natural do outro. Vive-se mais uma trajetória comum dentro da normalidade dos necessitados. A fotografia acentuada para o seco dá o tom. A interpretação contundente e espetacular da atriz com o roteiro reitera o lugar do filme em numa posição digna da quase perfeição cinematográfica. Preste atenção ao nome da atriz: Leonor Manso. Recomendo muitissimo.

Ficha Técnica

Direção: Gonzalo Calzada
Roteiro: Rocio Azuaga
Elenco: Leonor Manso, Jean Pierre Reguerraz, Marcelo Serre, Carmen Vallejo
Fotografia: Abel Peñalba
Montagem: Alejandro Narvaez
Música: Supercharango
País: Argentina / Espanha
Ano: 2008

A Sinopse

Luisa vive sozinha em um apartamento com seu gato, Tino. Devido a um acontecimento traumático em seu passado, se relaciona com as pessoas e o mundo com certa dificuldade. Há 30 anos é funcionária do cemitério Descanso da Alma, além de trabalhar ocasionalmente para a Senhora González. No mesmo dia, Luisa perde o gato e os dois empregos. Mais solitária do que nunca, decide cremar Tino, mas falta-lhe dinheiro para isso. É quando ela descobre no metrô um mundo que até então lhe era desconhecido. Lá faz amigos e vê a chance de juntar o dinheiro que precisa.

O Diretor

Nasceu em 1967, na Argentina. Formou-se em Direção na Universidad del Cine em Buenos Aires, tendo assistido diversos seminários de roteiro e produção. Em seguida,realizou diversos curtas-metragens, dentre os quais se destacam La guerra de los vientos e La ciudad ancestral, parte do longa Mandinga (2004). Há mais de dez anos trabalha com produção e direção de publicidade e documentários. Este é seu primeiro longa de ficção.

A Atriz

Nasceu em 16 Abril de 1948 em Buenos Aires, Argentina. Membro do juri do Festival Internacional Mar del Plata International em 2005.

Fimografia

1977 – Las Locas
1983 – House of shadows
1986 – Made in Argentina
1990 – Flop
1992 – La Ultima Siembra
1995 – Patron
1998 – La Nube (Fernando E. Solanas)
2000 – Cerca De La Frontera
2001 – Contra luz
2003 – Ciudad del sol
2009 – Anita
2009 – Los condenados
2009 – El borde del tiempo (em finalização)

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