Reprise Mostra Campos do Jordao

Crítica: Larry Crowne – O Amor Está de Volta

Ficha Técnica

Direção: Tom Hanks
Roteiro: Tom Hanks, Nia Vardalos
Elenco: Tom Hanks, Nia Vardalos, Julia Roberts, Gugu Mbatha-Raw , Bryan Cranston, Wilmer Valderrama, Taraji P. Henson, Rami Malek, Pam Grier
Fotografia: Philippe Rousselot
Música: James Newton Howard
Direção de arte: Carlos Menéndez
Figurino: Albert Wolsky
Edição: Alan Cody
Produção: Gary Goetzman, Tom Hanks
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: Playtone Productions
Duração: 100 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2011
COTAÇÃO: BOM

A opinião

“Larry Crowne – O Amor Está de Volta” aborda o tema do recomeço de uma vida quando se quase perde tudo. Quando é demitido de seu trabalho por não possuir uma graduação acadêmica, Larry Crowne, interpretado por Tom Hanks, que também assina a direção, percebe que precisa mudar sua vida. Mesmo ganhando nove vezes como melhor funcionário (o que o faz ser competente e conhecedor do seu oficio), ele necessita de um diploma para ser considerado mais capacitado. Com dívidas e sem rumo, ele retorna à universidade e apaixona-se por sua professora de discursos, Mercedes Tainot, vivida por Julia Roberts. O cineasta apresenta o seu segundo filme. O anterior foi “The Wonders – O Sonho Não Acabou”, sobre um grupo de jovens que acreditaram nos seus sonhos de fazer parte de uma banda de sucesso. Se analisarmos a narrativa do filme em questão e compara-lo ao antecessor, perceberemos o tom sutil da auto-ajuda. É um filme leve, despretensioso, deixando-se fluir pelas reviravoltas da existência de seus personagens. A dobradinha diretor e atriz, Tom Hanks e Julia Roberts, já aconteceu em “Jogos de Poder”, de 2007. Quando se tem um ator extremamente talentoso como Hanks, a tendência é a criação de uma ansiosa expectativa. Como conclusão antecipada, posso informa-los que ele acerta no tom. Foi quase unânime, entre os críticos que assistiram ao filme na cabine de imprensa, a palavra “Fofo”.
O que é ser fofo então? Traduzindo filosoficamente, é algo agradável, que não cansa a vista, nem se olha ao relógio. Que possui um argumento de comédia romântica sem apelar a tantos clichês. Que conduz a trama, contando com a atenção total do espectador. É lógico que as falhas existem. Há vazios narrativos, há apelações a resolução das reviravoltas apresentadas, há o lado romântico propriamente dito. Mesmo com isso, a história cativa, talvez por ser uma fraqueza deste espaço (e consequentemente deste que lhes escreve) de apreciar filmes que transformem vidas fracassadas em vitoriosas. O que dizer dos atores? Tom Hanks sempre será Tom Hanks, meio “Forrest Gump”, meio “Mensagem para você”, meio “Naufrago”, meio “Prenda-me se for capaz”, meio “Filadélfia”, meio “Matadores de Velhinhas”. Ele é um ator visual, sua principal característica profissional. Cativa sem a necessidade de palavras. Quanto a Julia Roberts, confesso que tenha uma queda por ela. Assisto a todos os seus filmes, mesmo não gostando. Já vi “Notting Hill” muita vezes e nunca esqueço as cenas. Será isso a definição de um filme bom, mesmo sendo comercial ou popular? Enfim, a atriz interpreta da mesma forma. Sempre que precisa utiliza o seu recurso favorito e de encantamento: o sorriso (aberto, com todos os dentes, natural e manipulador). Ela será a eterna “Uma Linda Mulher”. Os coadjuvantes caminham no mesmo tom interpretativo. Há exageros sim, mas perdoáveis. Como já disse, o recomeçar (e ou a possibilidade de se permitir a mudança) é o mais importante.
Comporta-se como moralista, por causa das lições de vida, porém segue a cartilha do querer ser politicamente incorreto dentro do limite aceitável da auto-crítica americana. Não ultrapassa barreiras polêmicas. O protagonista perde o emprego; compra uma moto (scooter); entra para a faculdade; relaciona-se com uma professora – que não está satisfeita com o casamento (bebendo sucos com álcool como catarse e remédio) e que deseja ter sucesso (e público) em suas aulas. O roteiro mostra-se com simplicidade e desprendimento, estimulando os questionamentos existenciais de quem assiste ao filme. Percebemos que complicamos demais as nossas vidas e que cada vez nos prendemos a ações criadas por nós mesmos. Como não poderia deixar de acontecer, o final precisa ser amarrado e feliz. Concluindo, um filme que se conduz pela leveza e por não esperar nada de si. Deixa acontecer com naturalidade, imprimindo óbvios narrativos (inerente a projetos deste gênero), porém com perspicácia e humor negro nos diálogos, gerando uma satisfação do espectador, porque sente que a sua inteligência é respeitada na maioria do tempo. Portanto, fico com a palavra definidora. É fofo. Vale a pena assistir. Como observação, não se influencie pelo trailer promocional. Os responsáveis escolheram as partes mais clichês, com música clichê e reações clichês. Trocando em miúdos, o trailer é extremamente clichê.

O Diretor
Thomas “Tom” Jeffrey Hanks nasceu em Concord, Califónia, 9 de julho de 1956, nos Estados Unidos. Em agosto de 2009 foi eleito vice-presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, entidade responsável pela entrega do Oscar. Foi com “Splash”, uma comédia romântica, que Hanks ganhou mais popularidade. Ele aceitou o papel principal, que havia sido recusado por John Travolta, Bill Murray e Dudley Moore, no filme que contava a história de um empresário que se apaixona por uma sereia, interpretada por Daryl Hannah.
Hanks recebeu 70 mil dólares pelo trabalho, mas a maior recompensa foi ter sido o protagonista de um dos filmes de 1984 de maior sucesso. Esse sucesso garantiu a Hanks inúmeros papeis nos anos seguintes. Com “Quero ser grande”, teve a sua primeira indicação ao Oscar de melhor ator. Em “Filadélfia” ganhou o Oscar de Melhor Ator, vivendo um advogado com o vírus da Aids. “Forrest Gump” rendeu um novo Oscar.

Filmografia

1996 – The Wonders – O sonho não acabou
2001 – Crossroads, 5º episódio da minissérie Band of Brothers
2011 – Larry Crowne

Bastidores

Pix Vertentes do Cinema

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