Diretor: Mariano Mucci
Roteiro: María Laura Gargarella
Elenco: Mariana Briski, Celeste Cid, Jorge Marrale, Esteban Meloni, Rodolfo Ranni, Irene Sexer
Fotografia: Andrés Mazzon
Produção: Daniel Botti, Daniel Burman, Diego Dubcovsky
Distribuidora: Panda Filmes
Duração: 90 minutos
País: Argentina
Ano: 2008
COTAÇÃO: BOM
A opinião
Apresenta-se como uma comédia romântica. O diretor conserva o humor e a picardia irônica, quase agressiva, dos tipos argentinos. É um filme de pessoas. Busca-se definir, retratar, mas não julgar. Respeita-se o individualismo, humanizando as manias, fraquezas e características. Há o comum para descrever a estranheza, o diferente e a solidão defensiva.
O início é ágil e caricato. Clichês óbvios pululam a narrativa. Aos poucos, os personagens vão sendo aprofundados. Ora corre-se com a história, ora os sentimentos são explicitados na tela e definidos como linguagem cinematográfica.
A protagonista é usa roupas coloridas e trabalha em um telemarketing. “Sorriam quando falam”, diz à chefe. Ele vende produtos. Deseja encontrar o namorado perfeito. “Eu desconfio de todos que se apaixonam por mim”, ela diz e complementa sobre os relacionamentos “Tudo depende da combinação dos ingredientes na comida. Depois de tantos sabores (ex-namorados), ainda busco a combinação perfeita”. Ela critica os tipos que conhece. “Ele se depila, estranho um cara que se depila”, diz. A fotografia ensolarada e clara aumenta o contraste com o drama existencial.
Há humor contido e sutil dentro do exagerado transpassado. “Deixa o destino decidir”. Como toda comédia romântica, há destino, há amor mal resolvido, há passados misteriosos e que precisam da própria omissão. A maneira com que um deseja mudar o outro desperta a raiva e o respeito da convivência dos dois. “Mudei o nome para me reiniciar”, ela diz. Eles tratam-se por nomes inventados. “Ele me faz rir”, ela diz à amiga, que responde “Se você quiser, posso apresentar meu primo, ele é palhaço”.
O cinema argentino consegue captar sem o sentimentalismo barato e superficial. O sol através de uma janela em um Café ajuda ao lirismo das cenas. “Quem pode saber o que lhe espera?”. O amor está nos detalhes, no ser cotidiano de cada um.
Mariano Mucci nasceu em 6 de agosto de 1962, em Buenos Aires, Argentina. Diretor de “El boquete” (O buraco, 2006), “Pernicioso vegetal” (2002) e “Rubro 11” (1985).