Primeiras Impressões
Por Fabricio Duque
(de Cannes)
(de Cannes)
Confesso que antes de chegar aqui, eu estava nervoso e apreensivo, já que meu estômago não parava de doer (sintoma clássico). Achei que quando entrasse no avião, tudo fosse melhorar e que era apenas uma ansiedade passageira. Pois é, ledo engano. Agora, eu entendi perfeitamente o frio na barriga em um “marinheiro de primeiro viagem”. Vou tentar explicar por partes. O Festival de Cannes começa já no aeroporto ao encontrar “figuras conhecidas” do mundo jornalístico do Brasil. Às 16 horas e 35 minutos, o avião decolou. Tempo mais que necessário de rever “Detona Ralph” e “Pulp Fiction”. Então, a minha chegada a Paris foi 7:40 da manhã, mudando de conexão para Nice e depois para Cannes por trem. É indescritível a primeira sensação quando se vê pela primeira vez às quatorze horas da tarde (dezenove horas no Brasil). Um misto de adrenalina com medo. Os olhos não param observando tudo e todos. E o que aconteceu? Meu estômago começou a doer de novo. Meu amigo do Adoro Cinema, Francisco Russo, havia me alertado que somente no terceiro dia, começamos a nos acostumar. Ele está certíssimo. Escrevo esta primeira postagem após os dois dias de absorção total e verborrágica. Tudo aqui é grande, magnífico, com regras que funcionam, com atendimento cem por cento à imprensa. Já estou em casa, sentindo-me que realmente faço parte disto. Ok, vamos tentar traduzir. Aqui, filmes são mostrados, conhecemos produtoras de todos os lugares do mundo, esbarramos em celebridades, ficamos na fila quase uma hora e meia para conseguir assistir às projeções, comemos caro (não menos de vinte euros), fazemos amigos de todos os lugares do mundo (Nova Zelândia, Holanda, Colômbia, Dinamarca, Inglaterra, Índia, e por aí vai), corremos para pegar o último trem, somos revistados e nossa credencial catalogada toda vez que entramos no Palácio do Festival, toda vez que assistimos aos filmes, toda vez que entramos na Press Room. Ufa! É assim mesmo. E vale à pena. Cada tempo perdido. Cada decepcionada. Por exemplo, perdi o filme “The Bling Ring”, de Sofia Coppola, de exibição imprensa da manhã, mas devido ao acaso de Cannes, consegui a entrada vip a Cerimônia de Abertura de Un Certain Regard, conhecendo Thomas Vinterberg (Presidente do Juri, de “A Caça”, “Festa de Família”) e a própria diretora em questão. Viu? Até a Ilda Santiago (do Festival do Rio) participa como jurada (veja o vídeo abaixo da entrevista durante a mostra carioca). O Festival ajuda, talvez também seja brasileiro. Toda cerimônia foi gravada e será postada (aguarde!). Outro fator importante: frio e chuva. Há um levantamento que sempre choveu neste período, menos no ano em que o Festival de Cannes não foi exibido em 1968. Talvez seja sobrenatural. Então, estou aqui há três dias, e ainda descubro portas “secretas”. É tudo muito grandioso, “huge”. Ah, a língua não é um problema. Os franceses não falam tão bem o inglês, “mas dá para o gasto”. Ainda estou ansioso, mas é diferente. Agora é hora de “sugar” tudo que o Festival de Cannes pode oferecer. Fiquem com Vertentes do Cinema! Uma cobertura diferente (e mais sentimental – conjugando profissionalismo informativo e excitação emocional). Bon Voyage, mon amies!