Festival de Cannes 2025 anuncia os filmes de sua seleção oficial

Festival de Cannes 2025

Festival de Cannes 2025 anuncia os filmes de sua seleção oficial

Confira todas as primeiras movimentações do evento francês mais importante do mundo e com o filme brasileiro “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, na competição a Palma de Ouro

Por Fabricio Duque

Em uma de nossas conversas, Ilda Santiago, uma das diretoras do Festival do Rio, disse, no dia da cerimônia de premiação e encerramento de 2024, que “já começaria a pensar a próxima edição no dia seguinte”. Sim, se dá trabalho arquitetar esse festival, imagine como não deve ser preparar o Festival de Cannes,  o segundo mais antigo do mundo, criado em 1939, atrás do de Veneza, em 1932. Assim, a equipe do Festival de Cannes, que inclui o Marché du Film, conta com cerca de trinta pessoas, além de uma comissão encarregada de exibir e selecionar os filmes. Essa equipe cresce gradualmente ao longo do ano, chegando a cerca de 700 pessoas durante o evento e cerca de 300 durante o Marché du Film.

No topo da pirâmide está Iris Knobloch, a presidente do Festival de Cannes. É a primeira mulher a ocupar o cargo. Ex-chefe da WarnerMedia França e Alemanha, Knobloch, com 62 anos, e advogada de formação, assumiu o cargo em julho de 2022, sucedendo Pierre Lescure, que ocupava o cargo desde 2014. Mas sem dúvidas a pessoa mais importante de Cannes é Thierry Frémaux, que assume a função de delegado geral das “celebridades”, além de ser o diretor do Instituto Lumière. Thierry, com 64 anos) é figurinha fácil (e onipresente) durante o festival – está em todos os lugares ao mesmo tempo. Os dois recebem a ajuda de Cristão Jeune, o diretor do Departamento de Cinema e Delegado Geral Adjunto (que também media várias coletivas de imprensa), assim como Marie-Caroline Billault, a assistente pessoal. E sem esquecer do “temido mais poderoso” Chefe dos Credenciamentos, Fabrice Allard, que define quem recebe qual cor do crachá de cobertura. 

Mas genuinamente Thierry Frémaux traz um traço bem característico francês: sua cinefilia. E assim como os “jovens turcos” da Nouvelle Vague, o delegado gosta de assistir filmes e venera seus ídolos. Dessa forma, Thierry consegue apreciar melhor o cinema do mundo. E sim, estou falando do Cinema Brasileiro. Toda vez que obras brasileiras são exibidas no Festival de Cannes, o francês sempre diz que “O cinema brasileiro é um futuro promissor”. E nesse pensamento, para a edição 78 em 2025, o cinéfilo foi além e colocou o Brasil como “país de honra” no do Marché du Film, o maior evento comercial da indústria cinematográfica, e se configura como o quarto país a receber o título, depois da Suíça em 2024, Espanha em 2023 e Índia em 2022. 

Mas o Brasil no Festival de Cannes não para por aí. A realizadora brasileira Marianna Brennand (de “Manas”) receberá o Prêmio Talento Revelação Women in Motion (uma bolsa de 50 mil euros para apoiar a criação de seu segundo longa-metragem), que foi escolhida pela diretora malaia Amanda Nell Eu, que recebeu o prêmio em 2024.  E mais, quem abre a Quinzena dos Cineastas do Festival de Cannes 2025 é o Ceará e está junto do diretor Karim Aïnouz, padrinho da edição deste ano do programa Director’s Factory, dentro do ano Brasil-França. A abertura conta com quatro curtas-metragens: “A Fera do Mangue”, de Wara (Ceará) e Sivan Noam Shimon (Israel); “A Vaqueira, a Dançarina e o Porco”, de Stella Carneiro (Alagoas) e Ary Zara (Portugal); “Ponto Cego”, de Luciana Vieira (Ceará) e Marcel Beltrán (Cuba); e “Como Ler o Vento”, de Bernardo Ale Abinader (Amazonas) e Sharon Hakim (França). Os filmes foram todas realizados em Fortaleza, envolvendo mais de cem profissionais cearenses do audiovisual.  Especial Kleber Mendonca Filho

A atriz francesa Juliette Binoche será a presidente do júri da competição principal do Festival de Cannes 2025. E o ator francês Laurent Lafitte será o anfitrião das cerimônias de abertura e encerramento. “Estou ansiosa para compartilhar essas experiências de vida com os membros do júri e o público. Em 1985, subi a Escadaria pela primeira vez com o entusiasmo e a incerteza de uma jovem atriz; jamais imaginei que retornaria 40 anos depois no cargo honorário de Presidente do Júri. Reconheço o privilégio, a responsabilidade e a absoluta necessidade de humildade”, Binoche deu um depoimento ao site do próprio festival. 

Se antes o Festival de Toronto era a vitrine antecipada de exibição dos filmes para o Oscar, agora parece que o Festival de Cannes “pegou” o lugar. “Anora”, “Emilia Pérez”, “A Semente do Fruto Sagrado”, “Flow”, “No Other Land”, “Anatomia de Uma Queda”, “Parasita”, entre muitos outros, e até mesmo “Farrapo Humano” (1945), “Marty” (1955). Nesta edição 78, o ator Robert De Niro receberá a Palma de Ouro Honorária (no ano passado que recebeu foi George Lucas). E o diretor Todd Haynes receberá o Carrosse d’Or. 

E hoje, às seis horas da manhã (horário do Brasil), e às onze horas (da França), cinco à frente de fuso horário, o Festival de Cannes 2025, que acontece de 13 a 24 de maio, anunciou, num evento em Paris, que durou uma hora, transmitido por live no Youtube do festival, sua seleção oficial, tendo sempre Thierry Frémaux e agora junto de Iris Knobloch, os dois, sentados, leem, bem old school, com papel na mão, quase num fluxo de pensamento verborrágico (bem tipicamente francês), a lista de cada um dos selecionados deste Festival de Cannes, “ainda audacioso, curioso e aberto a uma época num impacto cultural e imediato, 80 anos depois”. Para a competição oficial, até agora 19 filmes foram anunciados (visto que novos filmes podem ser incluídos ao longo da semana). E como esperado, o Brasil está presente, representado pelo “Bacurau” Kleber Mendonça Filho com “O Agente Secreto”. Vamos a lista completa!

CONFIRA A LISTA COMPLETA DOS FILMES SELECIONADOS DO FESTIVAL DE CANNES 2025

O Agente Secreto

COMPETIÇÃO OFICIAL A PALMA DE OURO (em ordem de anúncio)

“In Simple Accident”, de Jafar Panahi (Irã / França)

“Sentimental Value”, de Joachim Trier (Noruega, França, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Reino Unido)

“Romería”, de Carla Simón (Espanha, Alemanha)

“Sound of Falling”, de Mascha Schilinski (Alemanha) (“O médico diz que eu estará tudo bem, mas eu estou me sentindo azul”)

“The Eagles of the Republic”, de Tarik Saleh (Suécia, França, Dinamarca, Finlândia)

“The Mastermind”, de Kelly Reichardt (Estados Unidos)

“Dossier 137”, de Dominik Moll (França)

“O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho (Brasil, França)

“Fuori”, de Mario Martone (Itália, França)

“Two Prosecutors”, de Sergei Loznitsa (Letônia, França, Alemanha, Holanda, Romênia)

“Nouvelle Vague”, de Richard Linklater (França)

“Sirat”, de Oliver Laxe (Espanha, França)

“La petite dernière”, de Hafsia Herzi (França, Alemanha)

“The History of Sound”, de Oliver Hermanus (Reino Unido, Estados Unidos)

“Renoir”, de Chie Hayakawa (Japão, França, Singapura, Filipinas, Indonésia)

“Alpha”, de Julia Ducournau (França, Bélgica)

“Young Mothers”, de Jean-Pierre e Luc Dardenne (Bélgica)

“Eddington”, de Ari Aster (Estados Unidos)

“The Phoenician Scheme”, de Wes Anderson (Estados Unidos, Alemanha)

FILME DE ABERTURA

“Leave One Day”, de Amélie Bonin (França) (Primeiro filme)(Caméra d’Or)

UN CERTAIN REGARD

“Aisha Can’t Fly Away Away”, de Morad Mostafa (Tunísia, Qatar, Egito)(Primeiro filme)(Caméra d’Or)

“A Pale View of Hills”, de Kei Ishikawa (Japão)

“Eleanor the Great”, de Scarlett Johansson (Caméra d’Or)(Estados Unidos)

“Heads or Tails? Testa o croce?”, de Matteo Zoppis e Alessio Rigo de Righi (Itália, Estados Unidos)

“Homebound’, de Neeraj Ghaywan (Índia)

“L’inconnu de la Grande Arche”, de Stéphane Demoustier (França)

“Karavan”, de Zuzana Kirchnerova (Caméra d’Or) (República Tcheca)

“The Last One for the Road Le città di pianura”, de Francesco Sossai (Itália)

“Meteors Météors”, de Hubert Charuel (França)

“My Father’s Shadow”, de Akinola Davies Jr (Caméra d’Or) (Reino Unido, Irlanda, Nigéria)

“Once Upon a Time in Gaza”, de Tarzan Nasser e Arab Nasser (Palestina, França)

“The Mysterious Gaze of the Flamingo”, de Diego Céspedes (Caméra d’Or)(Chile)

“Pillion”, de Harry Lighton (Caméra d’Or)(Reino Unido)

“The Plague”, de Charlie Polinger (Caméra d’Or)

“Promised Sky”, de Erige Sehiri (Tunísia)

“Urchin”, de Harris Dickinson (Caméra d’Or)(Reino Unido)

FORA DE COMPETIÇÃO OFICIAL A PALMA DE OURO

“Mission: Impossible – The Final Reckoning”, de Christopher McQuarrie

“Vie privée”, de Rebecca Zlotowski

“The Richest Woman in the World”, de Thierry Klifa

“The Coming of the Future”, de Cédric Klapisch

CANNES PREMIÈRE

“Amrum”, de Fatih Akin

“Splitsville”, de Mike Corvino

“The Disappearance of Josef Mengele”, de Kirill Serebrennikov

“Orwell”, de Raoul Peck

“The Wave”, de Sebastián Lelio

“Connemara”, de Alex Lutz

SESSÕES ESPECIAIS

“The Magnificent Life of Marcel Pagnol”, de Sylvain Chomet (França)

“Bono: Stories of Surrender”, de Andrew Dominik (Austrália, Estados Unidos)

“Tell Her That I Love Her”, de Romane Bohringer (França)

SESSÕES DA MEIA-NOITE

“The Exit 8”, de Genki Kawamura (Japão)

“Dalloway”, de Yann Gozlan (França, Bélgica)

“Sons of the Neon Night”, de Juno Mak (Hong Kong, China)

Especial Sergei Loznitsa

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