Painel Setorial: A Crítica de Cinema


Painel Setorial: A Crítica de Cinema e os desafios dos novos formatos no universo digital

Transcrito por Fabricio Duque


O debate sobre crítica com os convidados Quentin Papapietro (da revista Cahiers do Cinèma), Camila Vieira (crítica do Ceará pelo site Multiplot – dois anos), Neusa Maria Barbosa (crítica pelo CineWeb), Paulo Henrique Silva ( Presidente Nacional da Abracinne – sair do papel para internet), Adriano Garret (editor de Cine Festivais, desde 2014) e mediado por Luiz Zanin.

Paulo Henrique: Compreender um pouco papel que as mídias sociais exercem na sociedade, como a principal fonte de informações de milhões de pessoas. Facebook é similar aos grandes jornais. Informadas e satisfeitas só com os postes que lêem. Internet é um meio que tem sua linguagem própria. Não pode pensar em uma transferência simples do meio físico à internet. Interatividade com o leitor. Uma mudança importante é o agente da informação. Pessoas comuns que passam a escrever críticas seguidos por milhares de pessoas. Um fato que vê hoje. Antes, o conceito de crítico era de uma pessoa que tinha um conhecimento amplo da história e das linhas teóricas. Referência ao filme argentino “Crítico”. Hoje tem mais facilidade que tinha antes. Ia a Cinemateca e ficava vendo filmes o dia todo. Pluralidade de ideias por não ser mais realizada por um pequeno número de pessoas. Quem é esse crítico de cinema hoje? Dicionário sobre a definição de Crítica. Uma bagagem, uma análise e de um cinema como um todo.Publicações voltadas na internet para um gênero especifico. Falando como presidente, levanta questões sobre este perfil a partir de análise dos pedidos de associação. Estatuto de tempo mínimo de dois anos de atividades ininterruptas. Será tempo suficiente para a maturidade deste profissional? Será discutido em uma Assembleia os juízos de valor de uma obra. Crítico é um pedagogo da sensibilidade e alarga seus horizontes.

Neusa Barbosa: Venho de uma geração que não tinha internet. Formei-me em imprensa escrita. Trabalhei como freelance em revistas, como a Ver Vídeo. Tudo fui ficando pelo caminho. A internet era um meio, uma possibilidade de escrever as coisas como acreditava e levou a experiência do texto escrito. No jornal, dominar a estética e estrutura do texto. Ser repórter antes foi uma experiência muito importante. Um crítico se torna muito melhor quando olha para a sociedade como um todo. E que não perca o pé com essa realidade que atravessa o cinema. Tivemos que descobrir na prática o que funciona ou não. No início para texto rápido. Site não conta. Acho que essa mentalidade ainda não acabou. Um preconceito de vala comum. Ao longo do caminho, buscando outras formas de se comunicar. Meu modelo veio do texto. Jornalisticamente, como crítica, é escrever o texto, o que mais me interessa. A internet permite que mais pessoas se expressem. Tem um maior número de vozes que não estão representadas na grande mídia social. Não ser uma mera expressão individualista que só traduz ela própria.

Camila Vieira: É de uma segunda geração da crítica. Chegou em um segundo momento. O auge do fim dos jornais. Primeiro ser jornalista e depois começar nos grandes veículos. Achei complicado diferenças de valorização e superficialidade das mídias. Havia um apagamento por parte de pessoas que faziam críticas. Entender melhor. Há uma pressa em credenciar pessoas destas grandes mídias. Critério de número de acessos, como o Adoro Cinema. Mas o Multiplot de dois anos tem uma maior dificuldade. As Assessorias de Imprensa estão aquém. Foram 50 jornalistas credenciados. Acesso de jornalistas por região. Mais do sudeste e do sul (35) e muitos poucos do nordeste (13). Supervalorização da grande mídia. Quesito cor nos credenciamentos do Festival. 14 mulheres de 50 jornalistas. Não tem nenhum Youtubers aqui, como o Arthur Tuoto. Análise qualitativa. E não por uma análise de número de acessos.

Adriano Garrett: Terceira geração. Crítica jornalística e não cinematográfica. Esse caminho vem sendo ampliado pela internet. Uma mudança de imaginário. A partir do advento da revista ContraCampo. Espaços de jornais mais reduzidos. A internet ganha mais profundidade. A internet trouxe é escolher sobre o que falar. Essa não valorização é sobre o que vou escrever. Não sobre as demandas que são impostas. Criei um site para fazer a cobertura de festivais. Um espaço ao cinema independente brasileiro. Atravessamento profundo entre a crítica, festivais e os realizadores. Foram surgindo outros espaços prementes de tipos de festivais. De que maneira a crítica teve outras possibilidades de caminho com a internet. Aumento de 408% nos curtas metragens inscritos no Festival de Brasília de 2017. O retorno pode ser realizado através de entrevistas como um trabalho crítico aos realizadores. Crítica pode abrir ou fechar portas com o leitor, que pode ser o próprio realizador dos filmes. Com quem estou dialogando? Para quem estou escrevendo?

Quentin: Um problema global, cita François Truffaut, um dos principais críticos junto com Godard. Crítica pode forjar opiniões, que permeia a vontade. A diferença vista pela crítica profissional e a de sites. Uma nova visão com uma participação da critica popular. Uma crítica é para difundir um crítico. Crítica é uma guerra, uma visão de você mesmo em observar.

Debate muito pertinente em 2017. Há uma nata neste creme de youtubers. Por uma mentalidade da assessoria de imprensa. Festival de Brasília ainda não se atentou com isso. Estamos no limbo maldito.

Há uma piada sobre Youtubers: “Quem são? O que querem? O que comem? Como vivem?”.

Neusa: ”Não é a linguagem que me incomodou, não é para mim isso. O festival tem que incorporar esse tipo. Eles olham os filmes por outro olhar que não é o meu”.

Paulo: “É uma coisa de quantidade. De valor x para divulgar. Acessos. É uma questão mercadológica. Financeira mesmo. ”

Camila: “Provar todo meu currículo com links para ganhar o credenciamento. É realmente pelo acesso”

Um “parênteses grosso” de Maria do Rosário, da Revista de Cinema. Provocação de Samantha Brasil do Coletiva Elviras, sobre Elvira Gama que escreveu sobre imagem e movimento. Perguntam ao crítico francês e ele disse que não sabe. O problema do feminismo é um problema também global. Não tem relação na França.

Zanin: “Crítica tradicional é um enfrentamento da palavra escrita, o texto, com o filme. Influenciador não é crítico”

Camila: “Youtubers ainda com o poder da palavra. Pensar a crítica com imagem. Vídeo-ensaio. Ancoramento da palavra.

Quentin: “Tradição literal da crítica. A crítica vem do diálogo, do cineclube. É uma emoção de mundo.

João Carlos Procópio, realizador brasiliense e coordenador do festival. Abordagem no youtube. Os caminheiros críticos. Quatro influenciadores contrados e youtubers contratados (é da Minha Brasília, um jornalista). E os senhores foram convidados. Estamos tentando consertar para acertar.

A questão é sobre a pouca participação de críticos mulheres e negros. Deixo uma elucubração. Será que não é porque os mesmos não aparecem. Não mostram mais a cara.

Daniel: “Formação do crítico é informal”.

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