Eu Sou a Destruição
A indústria e o império
Por Vitor Velloso
Durante o CineBH 2020
“Eu Sou a Destruição” de Eduardo Camargo busca uma relação mais imediata entre o discurso nazista, plagiado, de Roberto Alvim e como as representações cinematográficas são construídas através de um modelo de produção imperialista. Mira um ensaio mediado pelas próprias imagens, onde a autoria se dissolve como o discurso do criminoso plagiador. Diferentemente das produções ocasionais, aqui não direcionamento imediato de falas mansas e um discurso eloquente que tente abarcar o grau conciso da atual situação cinematográfica, cultural e política do país. O filme redireciona seus esforços em compor um retrato de colagens e referências imediatas dentro de um processo cinéfilo que não restringe nem amplia.
Mas sem dúvida, secciona a ideologia ali composta, já que distorce a voz, acelera a montagem e expõe as vísceras de uma política que mira a morte de parte de seu próprio eleitorado. Uma mentalidade de suicídio publicitário. E “Eu Sou a Destruição” busca um tom comercializante dessa ideologia mercantilizada pelos neoliberais e incorporada por protofascista. Não há neologismos e linguagem que atravessa a tonalidade do formalismo tradicional, é uma formalização do pastiche industrial e tacanho do amadorismo contemporâneo que o Brasil está pagando preço por escolhas de classe. É o reacionarismo em gênese de antimaterialismo e conservadorismo de quinta promulgando à esmo as palavras de quem quer que seja. Quando as águas estão turvas, os Senhores soam diferentes…