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Estranhos Normais


Ficha Técnica

Direção: Gabriele Salvatores
Roteiro: Alessandro Genovesi, Gabriele Salvatores
Elenco: Fabrizio Bentivoglio, Margherita Buy, Valeria Bilello, Fabio De Luigi, Corinna Agustoni, Gianmaria Biancuzzi, Diego Abatantuono, Carla Signoris
Fotografia: Italo Petriccione
Música: Louis Siciliano
Direção de arte: Monica Sironi
Figurino: Patrizia Chericoni
Edição: Massimo Fiocchi
Produção: Maurizio Totti
Distribuidora: Pandora
Estúdio: Colorado Film Production
Duração: 90 minutos
País: Itália
Ano: 2010
COTAÇÃO: ENTRE O BOM E O MUITO BOM

A opinião

“Estranhos Normais” conta a história de um roteirista em processo de escrita. É o novo filme do diretor Gabriele Salvatores, que já nos brindou com os excelentes filmes “Eu não tenho medo” e “Mediterrâneo” (este último ganhando o Oscar de 1991 por Melhor Filme Estrangeiro). Ele escolhe o elemento metalinguagem, que interage todo instante com o espectador e com os próprios personagens, que surgem ao longo da trama. São duas famílias que se aproximam quando dois jovens de 15 anos decidem se casar. Revela-se então um universo onde os pais são sábios, porém mais loucos que os adolescentes; as mães são neuróticas, mas corajosas; as avós são lunáticas; as filhas são belíssimas e os cães se apaixonam. O roteiro surpreende por contrariar o estilo escolhido, por incluir sensibilidade, humanismo, percepções que não julgam. É um olhar subjetivo de um personagem, que participa como fio condutor das reviravoltas que acontecerão. O que o protagonista não espera é a revolta dos ficcionais. O título brasileiro vem do original “Happy Family”, que sugere uma crítica de picardia ingênua. A tradução, porém, comporta-se com uma maior acidez e definição.

Todos são estranhos e normais, porque vivenciam particularidades (únicas a cada ser humano e canino). “Escrever é a coisa mais bela do mundo”, diz o narrador, logo no início, olhando para camera, automaticamente conversando com quem o está assistindo. A trilha sonora de Simon e Garfunkel fornece o tom nostálgico e resiliente. “É a única (trilha) que tenho”, completa-se com sarcasmo brincalhão. O existencialismo é recorrente. Quase tudo é analisado pelos olhos deste roteirista (da trama) Vincenzo (Fabrizio Bentivoglio). “Este filme (real) é dedicado aqueles que tem medo”, diz-se após divagações sobre os possíveis – e impossíveis – medos dos indivíduos sociais. As digressões acontecem rápidas e explicativas, intercalando futuro, passado e presente. Com edição ágil de Massimo Fiocchi, o filme prende a atenção por causa da auto-ironia e o humor negro, tendo o surrealismo (crível) assumindo o papel em inúmeros momentos. A narrativa comporta-se como um roteiro de cinema explicado. Um bairro chinês, a garota que fede, o garoto diferente, a mulher que não faz amor com o marido.

São caricaturas e singularidades que personifica os personagens presentes no roteiro do escritor fictício. É aceitável porque cada um vê o seu próximo pelas características que o define. “Filme de autor e não para dar risada”, diz-se com metafísica. Eles são exagerados, afetados, comuns e únicos. “O mar não pensa e é eterno. A gente pensa e morre”, filosofa-se. “Figurante não, faço uma ponta”, frase engraçada e perspicaz. Às vezes a realidade se faz presente, então a fotografia muda ao preto-e-branco. Esta técnica cinematográfica também funciona como necessária. É um primor e elegante. O final manipula o entendimento do espectador, e é assim que ganha a sua total especial. Concluindo, um filme inteligente, interativo, extremamente metalinguístico (talvez por causa desse excesso, perca-se em sua própria história, mas nada demasiado), que conta histórias, mesclando a realidade ficcional e a fantasia. Vale muito a pena assistir, porque une divertimento com experimentação estética e narrativa. Seu orçamento foi estimado em 5,5 milhões de euros. É um lançamento exclusivo do CineSesc.

O Diretor

Gabriele Salvatores nasceu em Nápoles, Itália no dia 30 de julho 1950.

Filmografia

1983 – Sonho de Uma Noite de Verão
1987 – Kamikazen noite passada em Milão
1989 – Marrakech Express
1990 – Turnê
1991 – Mediterrâneo
1992 – Puerto Escondido
1993 – Do Sul
1997 – Nirvana
2000 – Dentes
2001 – Amnésia
2003 – Eu não tenho medo
2005 – Quo Vadis, Baby?
2008 – Comandos como Deus
2010 – Estranhos Normais
2011 – Educação Siberian

Bastidores

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