Entrevista com Renato Silveira da Abraccine | Mostra de Tiradentes 2024
Presidente da Associação Brasileira de Críticos de Cinema conversou com o Vertentes sobre o lançamento do livro e o que vem por aí na Abraccine
Por Vitor Velloso
Durante a Mostra de Cinema de Tiradentes 2024 aconteceu no dia 21 de janeiro, no Cine-Teatro Aymoré, o lançamento do livro “Cinema Fantástico Brasileiro – 100 Filmes Essenciais”, da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, organizado por Gabriel Carneiro e Paulo Henrique Silva e editado pela Letramento Editorial. Infelizmente não pude estar presente, porque o credenciamento do Vertentes do Cinema para cobrir o festival começaria um dia depois, apenas no dia 22 de janeiro, quando se inicia a Mostra Competitiva Aurora.
“Cinema fantástico brasileiro: 100 filmes essenciais” nasce de um desejo de ampliar os estudos acerca desse gênero narrativo, com um recorte abrangente e introdutório, artigos de cunho histórico e abordagens críticas sobre esse universo. No livro, são apresentados cem filmes que questionam e expandem o limite do que se entende por realidade. Essa pauta é extremamente importante, porque nosso editor geral Fabricio Duque é membro da Abraccine.
Mas felizmente tive a oportunidade de conversar com Renato Silveira, presidente da Abraccine, sobre sua gestão, próximos passos da Associação e o lançamento do livro. Leia a seguir entrevista na íntegra!
A ENTREVISTA
Vitor Velloso: Olá Renato Silveira, tudo bem? Quero te perguntar sobre seu trabalho na presidência da Abraccine, sobre o lançamento do livro, os novos membros e os próximos passos da Associação.
Renato Silveira: Beleza, é um prazer estar aqui para falar um pouco sobre essa experiência e mais esse lançamento editorial da Abraccine, que já está trazendo bons resultados. As vendas aqui em Tiradentes foram muito boas, o público compareceu no lançamento e está sendo um dos livros mais procurados que a gente lançou recentemente.
Vitor Velloso: E como é que está sendo esse trabalho para você como presidente da Abraccine?
Renato Silveira: Cara, é um desafio. Eu nunca estive em um posto de dirigente, principalmente de presidente de uma associação do porte da Abraccine, que tem alcance nacional e também associação com a FIPRESCI, que é a Federação Internacional de Críticos. Então, no início eu fiquei com bastante receio de assumir essa responsabilidade, mas aí conversando com pessoas próximas da associação, formamos uma equipe muito legal, muito competente. A Flávia Guerra é a minha vice e é uma pessoa super experiente na área. E temos também a Yasmine Evaristo, a Carol Lucena, o João Paulo Barreto e a Bianca Zasso compondo a diretoria. Então, todos eles me deram o suporte que eu precisava para ter mais confiança, para assumir essas… são várias tarefas. Então, eu fiz questão de chamar pessoas que eu sabia que podia confiar para poder conseguir não tirar a Abraccine dos trilhos, vamos dizer assim.
Vitor Velloso: Já tem quanto tempo?
Renato Silveira: Eu estou na presidência tem… vai fazer seis meses. Pouquinho tempo, nosso mandato vai até 2025. E a gente assumiu depois do Marcelo Miranda, que era o presidente. Ele veio depois da Yvonnette Pinto. Antes da Yvonnette, tivemos o Paulo Henrique. Paulo Henrique Silva, que também é mineiro. E o Luiz Zanin. Então, assim, são gestões recorrentes de muitas conquistas. Pegar a Abraccine hoje como está é graças a essas pessoas que fizeram trabalhos incríveis e consolidaram as bases da Associação.
Vitor Velloso: E como está o processo com a chegada desses novos membros?
Renato Silveira: Cara, a gente abriu agora em janeiro nova janela de filiação. Em 2023 não teve. A janela, ela costuma ser anual. Mas assim é uma procura enorme. A gente já tem muitas pessoas inscritas, o que deixa a gente muito feliz de saber que as pessoas têm esse interesse. Principalmente quem está começando, mas não só quem está começando. Têm pessoas que ainda não são associadas e que estão procurando a Abraccine para poder se juntar a gente. Então, a gente fica muito feliz. E claro que, assim, a gente busca… isso é uma diretriz da nossa gestão, diversificar e trazer ainda mais representatividade nesse quadro de associados. Hoje temos 155 associadas e associados de várias partes do país. Então, a gente quer, em primeiro lugar, aumentar o número de mulheres, aumentar o número de pessoas negras e também o número de pessoas que são de regiões com pouca representatividade. Se você pegar, por exemplo, Sudeste e Sul são as regiões do Brasil que têm o maior número de associados. Então, há Estados do Nordeste que têm pouca gente. Do Norte é mais o Amazonas, que lá tem uma movimentação maior na área de cinema. Temos um número até bem bom de pessoas, mas queremos mais. Enfim, aumentar mesmo o número de pessoas que a gente sabe que tem no país todo. E a área do audiovisual está crescendo cada vez mais. Agora com o Ministério da Cultura voltando a investir, a gente espera que o setor fique ainda mais aquecido e a gente possa abrigar o máximo de pessoas possível. Não dá para entrar todo mundo, mas a gente com certeza vai tentar trazer um número bacana de pessoas e que cumpram com esses nossos objetivos.
Vitor Velloso: E os próximos projetos da Abraccine?
Renato Silveira: Olha, a gente tem algumas coisas em vista. Eu acho que, para agora, uma das principais metas da nossa gestão é oferecer cursos de formação para novos críticos. A Abraccine também tem esse papel. A gente tem as publicações, vários livros que já foram lançados, tem essa coleção de 100 Filmes Essenciais, temos a coleção de Pensadores do Cinema, que no ano passado teve o terceiro volume com o Inácio Araújo. A gente tem também sobre os festivais de cinema, temos o livro de Mulheres Diretoras. Então, isso está muito bem caminhado e tem outras duas publicações que estão a caminho, mas ainda estão em processo de escrita ou edição, mas não tem previsão ainda de lançamento. Então, em termos das publicações, a gente vai esperar essas se resolverem, até porque essa de cinema fantástico demorou um bocado. Tivemos alguns atrasos, até em função da pandemia, tudo atrasou na vida de todo mundo. Mas é isso em relação às publicações. E a gente está querendo ir para esse outro campo da formação. A Abraccine já deu alguns cursos, mas cursos mais independentes, não foram exatamente cursos regulares da Abraccine. A nossa ideia é oferecer cursos regulares, de introdução à crítica de cinema, questão do cinema feito por mulheres, cinema feito por pessoas negras. O cinema tem a temática LGBTQI+. Então, são caminhos que a gente quer percorrer agora, pelo menos nesse primeiro ano. É o objetivo principal que a gente tem.”
Vitor Velloso: Muito obrigado!
O livro também pode ser adquirido no site da editora (www.editoraletramento.com.br).