Direção: Isabelle Mergault
Roteiro: Jean-Pierre Hasson, Isabelle Mergault
Elenco: Michèle Laroque, Jacques Gamblin, Wladimir Yordanoff, Tom Morton, Valérie Mairesse, Claire Nadeau, Eva Darlan, Caroline Raynaud
Fotografia: Philippe Pavans de Ceccatty
Trilha Sonora: Étienne Perruchon
Produção: Jean-Louis Livi
Estúdio: Canal+ / Gaumont
Distribuidora: Pandora Filmes
Duração: 93 minutos
País: França
Ano: 2007
COTAÇÃO: MUITO BOM
A opinião
Há uma nova onda do cinema francês. Um gênero de comédia rasgada, aproximando-se do cinema americano. Escolhe-se a substituição. Dramas franceses viram ironia afiada e sarcasmo exagerado. Dentro desta novidade, há filmes que se destacam. “Enfim Viúva” é um deles. Com humor sutil, ingênuo e direto, criando o contraste e a mitigação do que é um, do que é o outro.
Michèle Laroque interpreta Anne-Marie. As nuances de transpassar um sentimento a outro são dignos e extremamente competentes. O filme é dela. Ela é a personagem principal. É quase um monologo com coadjuvantes. Ela corre e canta mal uma música francesa de grande sucesso. Está feliz de forma passional. “Eu engordo só de olhar para um bolo”, diz-se com o deboche nervoso e embrutecido dos franceses.
Ela preocupa-se com a opinião dos outros. Precisa mascarar o que sente, inventando desculpas estapafúrdias, enroladas e surreais, criando um diálogo alienado. As confusões da traição vão humanizando seus personagens. Não se julga, mas retrata o que querem e não possuem coragem suficiente para viver os seus desejos. Apresenta-se como uma comédia da vida real e privada, conservando tradições já ultrapassadas dentro de um mundo moderno, mas novo para a total liberdade.
O cachorro da família desperta mais interesse do que o próprio ser humano falecido. “Não substituirá, mas é um conforto”, diz-se sobre o ser animal. “Não tenho nada para usar no funeral”, lamenta-se. “Eu sou médico”, ele diz. “Você está no terceiro ano. Já aprendeu algo?”, alfineta a tia com a sinceridade despreocupada de magoar ou não.
A esposa, feliz, mas precisando demonstrar tristeza, faz as unhas. “Para não pensar no ocorrido”, tenta enganar a percepção dos outros. São tipos, com definição já pronta e sem poder de mudança. Limita-se o ser ao que é. Mostra-se o lado sombrio, mas sem ser cruel. É a necropsia da inerência. Abre-se o que se precisa esconder. O espectador observa, recebendo a confissão de cada um dos personagens.
“Muito tempo você foi minha esposa durante a noite”, o amante diz querendo a mulher em tempo integral. “Você imagina coisas. Ridículo por acreditar”, assume-se o que já sabia. Eles aceitam a enganação e o estado de bobo. Mas possuem, a todo momento, o real entendimento sobre a verdade. “Você nunca prestou atenção a sua mãe”, diz-se com o melhor resumo sobre o longa.
Vale muito a pena ser visto. É leve, despretensioso, divertido, aprofundado, gera graça e momentos de introspecção. Além de possuir Michèle Laroque, que dá um banho de interpretação. Os coadjuvantes equilibram, não havendo excessos e rebarbas. Recomendo.
Mergault Isabella, nascida em 11 de maio 1958 em Paris , é uma atriz e cineasta francesa . Uma das suas características mais conhecidas é a ” assobiar “(defeito de fala no” ch “e” j”).
“You Are So Beautiful” (lançado em Janeiro de 2006), que teve público de 3,6 milhões de pessoas. O filme também foi lançado nos cinemas na Alemanha , na Bélgica e em Israel e no Líbano. Ele recebeu o César 2007 de melhor filme.
1 Comentário para "Enfim Viúva"
Michelle Laroque arrasa como sempre. Gosto muito de sua performance em Serial lover.