Festival Curta Campos do Jordao

Crítica: Voando Alto
Por Fabricio Duque

Talvez o filme “Voando Alto” tenha estimulado expectativas demasiadas pelo fato de ser dos produtores e do ator principal “aprendiz” de “Kingsman: Serviço Secreto”, Taron Egerton, que aqui vivencia-encarna uma versão inglesa de “Forrest Gump”, sobre a trajetória do atleta Eddie “The Eagle” Edwards, das olimpíadas de inverno, que nunca desiste de sua “projetada-acreditada vocação” (treinando o querer até conseguir ser – mesmo que não se saiba exatamente o que). A narrativa utiliza a facilidade da estrutura hollywoodiana de ser (tendo a música como protagonismo condutor – ambientando épocas – à moda de um “Tron” esperançoso-competitivo-nostálgico ou à moda de “Curtindo a Vida Adoidado” ou à moda de um “Bolero de Ravel” ou à representação máxima do clichê com “Jump” ou a música de efeito que manipula a emoção do discurso-redenção final), investindo no tema auto-ajuda adjetivada da superação, da insistência e da coragem, embalando o espectador em uma novela-aventura “sessão da tarde”, por causa dos clichês (como a caixa de medalhas para guardar óculos quebrados; o apoio incondicional da mãe; o realismo do pai) quase mitigados de conflitos reais e pululados de gatilhos de humor ingênuo, com direcionamentos à desnecessária caricatura-infantilizada. É um longa-metragem “parábola” que nos diz que o “impossível não existe”, que devemos seguir nossos sonhos com “novos planos”. Aqui, o protagonista (encenando caras e expressões), um “britânico idiota”, sempre “dá um jeito” (pois sempre tem o teor-desejo-sexual “Bo Derek” na “decolagem”), mesmo desacreditado por seu país (um “insulto”) e que corrobora que “o importante era estar sempre competindo”). É “despachado”, “determinado”, “ambicioso”, “destemido”, “imediatista”, “passional” e que não “sente” (pela câmera subjetiva) o perigo iminente do “paradoxo do salto” dos quinze, quarenta, setenta, ou até mesmo noventa metros, e de existir sendo a “asa do pássaro”, treinado pelo ator Hugh Jackman (uma vez “Wolverine sempre Wolverine” – mesmo bêbado e ogro vence os “Scotts da vida” – referência a “X-Men”). A sinopse nos conta que com o sonho de participar dos Jogos Olímpicos, Eddie contava com poucas chances e muitos problemas: não tinha ninguém que o financiasse e, principalmente, enfrentava um problema na visão que o obrigava a usar óculos de grau por baixo dos óculos de proteção. Além disto, passou boa parte da infância tendo que lidar com problemas no joelho. Ainda assim, a paixão pelas Olimpíadas fez com que ele tentasse todo tipo de esporte. Até que, após ser dispensado da equipe de esqui, percebeu que teria uma chance na categoria de salto sobre esqui, já que a Grã-Bretanha não possuía uma equipe no esporte há décadas. Para conseguir a tão sonhada vaga nos Jogos Olímpicos de 1988, ele conta com a ajuda de Bronson Peary, um ex-esportista que enfrentou problemas de disciplina em sua época de atleta. Em “Voando Alto”, o público chega a conclusão que qualquer um pode saltar em qualquer época, não precisando de anos e mais anos de treinamento, potencializando ao nível “universo” a máxima da música “Lua de Cristal”, da Xuxa, que diz que “Tudo pode ser, se quiser ser será, o sonho sempre vem para quem sonhar. Tudo que eu quiser, o cara lá de cima vai me dar, me dar toda coragem que eu puder e que não me faltem forças para lutar… Nós somos invencíveis pode crer”. Um filme com potencial de “ensinar” ao público sobre personalidades de um esporte pouco conhecido, mas que se desenvolve “ladeira abaixo” em um sentimentalismo tão açucarado, preguiçoso e dramatizado, que deveria vir com seringas de insulina no kit-ingresso. O longa-metragem, dirigido pelo britânico Dexter Fletcher (de “Wild Bill” e que já foi ator em vários filmes como “Kickass – Quebrando Tudo”), uma cinebiografia, é indicado para toda família, e que se baseia em apenas quinze por cento da vida do livro homônimo do homenageado-escritor Michael Edwards.

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