Curta Paranagua 2024

Crítica: Tudo Por Um Popstar

Alguém nos ajude!

Por Vitor Velloso


No terceiro canto da Divina Comédia, uma frase é lida diretamente dos portões do Inferno: “…Deixai toda esperança, ó vós que entrais”. A citação deveria ser colocada nos créditos iniciais de “Tudo por um Popstar”, para que o espectador pudesse ter noção do que seus olhos irão presenciar, pois, acredite, o purgatório é mais agradável.

Dirigido (?), por Bruno Garotti, o longa conta a história de três garotas obcecadas, pela boyband Slavabody, tem o sonho de ir ao show da banda no Rio de Janeiro e estão destinadas a ir à qualquer custo. O nome das mini sociopatas são: Gabi (Maísa Silva), Manu (Klara Castanho) e Ritinha (Mel Maia). Uso esse adjetivo sem medo de soar hiperbólico, pois, qualquer relação de obsessão, é patológica, seja por uma pessoa ou uma ideia. E este fenômeno está cada vez mais comum no mundo contemporâneo, visto que, há os “influenciadores digitais”, pessoas que se dispõe a publicar vídeos na internet sobre assuntos prosaicos e pessoais, a fim de buscar seus seguidores. Curiosamente, a grande maioria cria personagens (o que é óbvio) para conseguir seu sucesso e compartilhamentos, porém, uma parcela considerável destes seguidores, acredita incondicionalmente que as personas que elas assistem, existem.

Essa construção temática que o roteiro tenta alavancar, é tenebrosa. Pois a superficialidade é um eufemismo para cada frame da obra. Tudo é dotado de artifícios preguiçosos e moldados automaticamente para emplacar em um sucesso momentâneo, angariando público através de sua proposta. Não é possível dizer se a ideia é funcional, mas com certeza não é original, muito menos decente. Afinal, o jogo iniciado no primeiro minuto de exibição está longe de ser saudável e justo, pois, seu público-alvo não está interessado em absolutamente nada, além de garotos bonitos, Maisa e ele…. Felipe Neto. O próprio termo de beleza que utilizei, é injusto, visto que os estereótipos mais desleixados de garotinho de 16 anos da zona sul e da barra, é o máximo que conseguiram idealizar. Maisa, fala por si. E Felipe Neto… ah…. ele é tóxico.

É difícil defini-lo. Um dos maiores sucessos da história da internet brasileira, iniciou sua carreira falando mal e xingando a todos, a ideia era particularmente nova, ao menos, no formato que havia sido proposto. Não irei me aprofundar em toda a história turbulenta da Paramaker e apêndices, mas o certo é que após um período na TV, os altos e baixos o fez retornar a internet, dessa vez com uma postura menos adolescente e tentando uma maturidade maior. Chegou a buscar um debate com Marco Feliciano, onde passou vergonha por não conseguir apresentar argumentos válidos, assim como o entrevistado, o show de horrores que os dois protagonizaram, bombou, mas manchou o currículo de Felipe. Decidiu retornar com uma ideia diferente, atingir crianças entre 5 e 13 anos (?), não sei dizer ao certo qual a faixa etária dos seus fãs, mas são crianças. O que provocou nele uma virada, passou a atuar de frente à câmera como se estivesse num programa de berçário. Aparentemente deu certo, rendeu uma mansão, franquia etc. Seu trabalho no filme é interpretar Billy Bold, um protótipo de Hugo Gloss, ele ou a produção compreendeu que realizar um influenciador digital homossexual é o mesmo que utilizar todos os estereótipos e tipos de trejeitos afetados possíveis. A caricatura, ainda que intencional, torna-se agressiva à medida que a narrativa avança, chegando a desafiar a inteligência do espectador para compreender se o que vê-se na tela é sério ou há alguma pegadinha, e não me refiro a comédia, pois nada funciona quanto a isso, todas as piadas são dotadas de um atraso temporal nocivo, parecem ter sido realizadas a cinco anos atrás.

Felipe Neto está pior que o papel necessitava, e acredite, o personagem é vergonhoso. As três possuem personagens igualmente horrendos, mas conseguem se encaixar na proposta que é dada. Além de um ritmo tedioso, a colcha de clichês, suportada por uma fotografia lavada e semi-inexistente “Tudo por um Popstar”, irá figurar em algumas listas de piores do ano, sem dúvida, será salvo pelas comédias globochanchadescas, Venom, Fantástica e outras aberrações cinematográficas.

1 Nota do Crítico 5 1

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